sábado, 31 de março de 2018

L7 came back to bitch!

Quem me conhece, sabe a importância que as L7, e outras bandas da mesma época, tiveram para mim. O regresso da banda aos palcos (2015) foi uma grande notícia, que me encontrou numa fase menos interessante da minha própria vida, mas o melhor ainda estava para vir: a nova música, que me soa às L7 que queria voltar a ouvir! E assim, com esta crítica, comentário, opinião ou o que lhe quiserem chamar, também regresso ao meu blogue!

Indo imediatamente ao cerne da questão, quem gostar de L7, quem gostar de grunge, punk, metal, música dos anos 90 ou o rótulo que vos agradar, pode e deve ouvir a nova música destas resistentes do movimento grunge (seja isso o que for): I came back to bitch (cliquem no nome da música que chegam ao youtube).


Esta música é poderosa! Obviamente que é parecida ao maior hit (?!) das L7, a Pretend We're Dead, até porque grande parte das notas são iguais, especialmente aquele riff inicial. Tendo semelhanças, contudo, coloca-a lado a lado com outras das grandes músicas da banda. O poder eléctrico está lá, a irreverência (não da juventude mas da experiência) está lá, as letras carregadas de ironia e atitude também: felizmente que ainda há quem regresse para agitar as águas porque o ar está mais estagnado que no início dos anos 90... A voz está desafinada, claro que sim, e não é que soa a algo real? A produção poderia ser melhor, claro que sim, mas não estamos todos um pouco cansado do excesso de maquilhagem dos nossos tempos!? Bem, eu definitivamente estou. Não é aborrecido observar os tempos plásticos e hipócritas que vivemos?! Felizmente que este pedaço de arte me vai dar algum oxigénio para sobreviver a esta nossa atmosfera rarefeita do início do terceiro milénio... O vídeo, que está ao alto nível da música e da história das L7, e que poderia ter sido feito há mais de 20 anos, tecnicamente falando, é o que qualquer amante da banda esperava! Perfeito! E felizmente poucos vão concordar comigo, mas também regressei para protestar!

Antes desta nova pérola, as L7 lançaram uma outra música, Dispatch from Mar-a-Lago, que não me entusiasmou tanto, musicalmente falando, embora a atitude esteja lá: Mar-a-Lago é um resort pertencente ao Presidente Donald Trump... Em 1992, no álbum "Bricks Are Heavy", produzido pelo guru Butch Vig (sim, o mesmo que produziu o Nevermind, dos Nirvana, entre outros míticos álbuns da época), facilmente considerado o melhor álbum da banda, podemos retirar estes versos deliciosos da primeira música, uma tal chamada "Wargasm": "body bags and dropping bombs / the pentagon knows how to turn us on / wargasm". E agora, 26 anos depois, não farão ainda mais sentido estas palavras, nomeadamente com as atitudes à Trump com que somos bombardeados quase diariamente?

Para acabar, e agradecendo imenso às L7, pois são parte do já bastante diminuto legado vivo do chamado grunge (onde a última grande perda se deu o ano passado com a morte do Chris Cornell), ouçam esta música, ouçam rock (que recentemente foi oficialmente ultrapassado pelo r'n'b em número de músicas, fenómeno este que daria um livro mas que não vou abordar agora), protestem o que têm a protestar, mexam-se e sejam vocês mesmos! Caminhamos, a meu ver, para tempos cada vez mais padronizados e perigosos, onde ser diferente começa a ser censurado, e todos sabemos onde isto pode chegar... Se tivermos de recrutar artistas de meia idade para recordar à juventude que deve ser irreverente, que assim seja!