conto, aos amigos, velhas e longas histórias,
sinto, sozinho, que o que vivi foi já distante
e rio, para mim, nesta nova vida desinteressante...
Abrigo-me, de mim, de ti, num mar profundo
onde o teu canto escutei e foi já de sereia,
deitada, sorridente, morena, na fina areia
que me envolvia e me deixava d'amor rotundo...
Construo castelos na areia por ti molhada,
sinto as tuas escamas perdidas tão suaves,
olho para o céu e vejo e escuto as aves
que me dizem que serás sempre recordada...
E o Verão que se aproxima de novo, quente,
é quem me lembra que não me é indiferente
estender a toalha e não ver a tua ao lado,
esticar os braços sem ter em ti tocado...
E a neblina que sopra causa desconforto
quando causou já alegria pelo significado:
seria um par romântico ao frio abraçado
ou um barco perdido a chegar a bom porto...
E os salpicos de mar, que na cara se intrometem,
são promessas de felicidade que se evaporam
rapidamente, são as memórias que devoram
o bom tempo, invisível, que me prometem...
E este mar salgado que me escorre pela testa
lembra-me, tão só, as tuas mãos experientes...
Que saudade! Eram doces, suaves, quentes...
O mar é áspero e frio mas é tudo o que me resta!