quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Olá! Já sei porque fizeste o que fizeste

Olá! Já sei porque fizeste o que fizeste
E até to diria mas será o nosso segredo.
Não temas porque esta mensagem é um teste
Às aptidões daqueles que fogem do medo
Como eu fujo de certos lugares isolados.

Não tenho medo de ti agora que sei quem és.
Antes não tinha porque pensava te conhecer...
No dia em que finalmente me deste com os pés
Doeu-me todo o corpo de tanto estremecer
Pois deram-me arrepios gelados que adorei!

"Um dia não são dias" ouço tantas vezes dizer
A pessoas que vagueiam como as ondas do mar...
Idos os dias em que nos enchiamos de prazer
E aqueles em que continuávamos a tentar amar
Ficou aquela espuma sobre o teu moreno areal...

O sal da vida, o que nos define, são os momentos
Que nos distinguem daqueles que não questionam
O porquê de tudo o que nos rodeia... Tormentos
São esperanças dum Mundo melhor mas que me tornam
Apenas mais um alienado com a boca sequiosa...

15-09-2008
(in http://ansam518.files.wordpress.com/2011/03/the-number-27.jpg)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Tenho saudades dos campos de trigo

Tenho saudades dos campos de trigo
onde corria sem rumo mas contente,
em nada pensava e agora não consigo
deixar de pensar, descansar a mente...

Ir sempre em frente era o melhor caminho,
não havia espaço para quaisquer enganos,
mesmo estando não me sentia sozinho,
são as melhores memórias que guardo há anos...

Tão longe e tão perto,
sei que o mais certo
é não lá voltar;
dourado deserto,
um sonho aberto
que me dá bem-estar,
mas quando acordo
e disto me recordo
dá vontade de não despertar...

Tenho saudades dos vários insectos
que à minha volta se coleccionavam,
desde aí passei por vários aspectos
que por esses dias nem se equacionavam...

Sorriso fácil, tudo era aprazível,
amigos eram todos os que avistava,
a minha voz doce era sempre audível
e estava sempre bem onde sempre estava...

Tão longe e tão perto,
sei que o mais certo
é não lá voltar;
dourado deserto,
um sonho aberto
que me dá bem-estar,
mas quando acordo
e disto me recordo
dá vontade de não despertar...

Tenho saudades do cheiro da terra
que húmida se evaporava no ar,
e se é certo que toda a gente erra
erro eu em tardar a regressar...

Paz instalada, ouço bem a cigarra,
fresco numa pedra à sombra instalada,
desato a correr e ninguém me agarra,
liberdade tão boa no tempo estacionada...

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Silêncio.

Silêncio.







Silêncio.






Silêncio.





Silêncio.




Silêncio.



Mais... silêncio.



Mais...



Silêncio...



...



Posso ouvir tudo com clareza mas só ouço... silêncio.




Assim estivesse surdo e ouviria mais do que silêncio...


Pois que não haveria silêncio há minha volta, apenas na minha mente,
e contudo este silêncio que me abraça está em mim tão presente...


E silencia-me.


Podia falar mas para quê?!


A parede responderia, é verdade,
a cada vibração reflectida,
mas tenho aquela saudade
de ver uma ideia debatida
e a parede só me dá mais do mesmo,
só me dá a minha opinião...

E distorcida...

E quero outras...

E não as tenho...


Silêncio...


Onde me escondo...


Que me esonde...


Vou para onde?

Neste buraco...


Silêncio...

Melancolia.


Desespero.

E porquê?

Nada se passa,
que calmaria,
era só isto que eu tanto queria
e agora que o tenho, como me sinto?!

Silencioso e extinto!

Extingui-me, como uma luz que definha até desaparecer...

Como um lume que crepita até apagar...

Devagar....


Muito devagar...

Até que nada se vê,
nada se ouve,
nada aquece...
E a força dos homens desaparece...

Imenso, é este silêncio.

Gigante.

Intenso.

E até pensar faz barulho.

Pensei nisto.

E isto desfez a paz que me consome.

Tenho fome.

De silêncio.

Quero voltar
a estar
em silêncio.
Sem pensar.
Sem me alimentar
nem alimentar a esperança
de um dia voltar a ouvir
uma voz que seja
pois estou calado
quem me ouve
são os outros e nunca eu...

Quem os ouve sou eu
e não os ouço
e então o silêncio é extremo...

Deixem-me estar em silêncio...

Para sempre...

Sempre...

Sempre...

Sempre...




Às voltas com o tempo...

Chovem raios de sol,
nas paredes do meu quarto,
e acordo do sonho,
e afinal chove mesmo...
mas água! Claro!
Clara!
Cristalina!
Só que é ácida!
Azar, azar,
não a quis provar
e pareceu-me boa
para tomar
um banho
sem gastar a canalização!
E... tomei!
O banho!
Com a água da chuva!
E... gostei!
Apesar de estar fria!
Mas...
hey Pedro, manda sol!
Manda sol!
Só para mim!
Só hoje!
Vá lá...
Vá...
Eu desnudo-me para ti!
Vá lá...
Vá...
Não vou insistir,
não vais resistir
quando te disser
a razão de tal paz!
Paz! Paz! Paz!
E chove, chove,
chove mais...
E é Verão!
Verão!
Verão como é
o Inverno!
Gelado!
Ai não, aquecido!
Derretido!
E algures
no meio do caminho
as folhas caíam
mas era da chuva
ácida
e não do
Outono!
Camada de ozono!
Desfeita!
Flores! A ...
desabrochar!
Devagar...
Devagar...
Devagar...
Ui ui ui...
Já está,
já é Verão!
Não, Primavera!
Não, espera,
não sei!
40 graus
mas é Janeiro?!
São rosas, meu senhor,
serão...
Tudo pode ser agora...
Agora?
Quando?
Já?
Já já?
Já já já?
Não tenho tempo para isto...
Não...
Tempo.
Com tempo.
Tem tempo.
Há tempo.
Foi tempo.
Será tempo.
A tempo...
Tempo...

Alquimia sentimental

Alquimia sentimental, tendo uma pedra em vista,
não a filosofal, uma sentimental que não me resista;
como posso saber se há ouro no teu coração empedernido?
Será que é frio por ser de metal ou por já ter sofrido?
Eventualmente como o coração de muita gente
que sobreviveu à traição de um fogo quente
onde os humores se evaporam no ar, destilados,
onde os amores perdidos foram já encontrados...

Quero uma poção fundamental, não me vendam a banha da cobra,
um metal tão resistente que seja pau para toda a obra,
quero viver para sempre, ou até encontrar o que procuro,
então verei a razão e terei feito o destino que tanto auguro.
Onde está o remédio para tudo, minha deusa Panaceia,
se a luta é constante haverá uma Themis que a premeia?
Chorei lágrimas de prata sobre o meu cadinho de porcelana
onde macerei folhas da árvore-de-judas por quem me engana...

Já me cansam aqueles que brincam no fogo, os charlatães,
pensam que ignoro o seu jogo... Uns da areia são capitães,
perdidos num Mundo inconsequente, outros são da areia grãos,
inconsequentes pela sua pequenez mas somos todos irmãos,
dizem os crentes, pois os alquimistas dizem só liberdade!,
mas da prisão dos sentimentos escapará alguém com saudade?
E o fole incentiva a chama com que se encarvoa o caldeirão,
e os sentimentos que se complexam quão complexos serão?

Agradecimento especial à Filipa Mendonça, cuja alquimia sentimental continua em estudo...