quarta-feira, 30 de junho de 2010

POEMA 63

EFEITO LAMINADO

Trago sempre uma lâmina ao pescoço
Gosto do aspecto e do laminado efeito
E quando o desespero vem é perfeito
Porque consegue cortar até ao osso

Muitas vezes estive já num fosso
Onde a minha lâmina deu tanto jeito
Alimentei-me onde o golpe foi feito
E cobri com sal para não ficar insonso

Todos têm um dia aquilo que merecem
Eu tive-o para o de muitos regozijo
Mas eu vivo enquanto eles perecem

A terra que vos cobre calco e enrijo
A lâmina brilha e vocês escurecem
Num sítio onde não mais me aflijo!

(11/4/2005)

POEMA 62

LANA CAPRINA

Não aprecio o que me tens feito
Até parece que para ti não existo
O espírito é forte e não desisto
De te dizer que não te rejeito

Sei que tudo sou menos perfeito
Mas o que me fazes não tinha visto
Abusaste daquilo que consisto
A simpatia que trago no peito

Será que isto que eu vou colher
E que com tanto carinho plantei
É merecido de tal cruel mulher?

Mulher que outrora foi menina
Agora choro quando já cantei
Pois tornaste-te lana caprina

(30/3/2005)

POEMA 61

OS FRUTOS APODRECEM

Não mais sinto os teus doces beijos
Com sabor a frutos vermelhos
Frutos apodrecidos de já velhos
Também serem os teus desejos

Estagnaste com os teus tolos pejos
E quebraste todos os espelhos
Não mais vês e pões-te de joelhos
Rezas a um deus de lampejos

Não há soluções, só o teu soluçar
Perdeste o tempero e a frescura
Agora páras a chorar e pensar

Os frutos que te dei tu recusaste
Agarras-te a mim e pedes a cura
Mas só tu podes desfazer o que criaste

(30/3/2005)

POEMA 60

REACÇÕES TEMPORAIS

O vento sopra forte
E árvores de grande porte
Caem por terra...
E a força que ele encerra
Reside na vontade,
No poder da saudade,
Resultado da ansiedade
A força da verdade
Que foge entre os dedos
Pois o maior dos medos
É daquilo que se conhece
E que de súbito desaparece...

O tempo que piora
Não teve o começo agora
As razões que o motivam
São as que me desmotivam
A fúria que eu canalizo
Talvez não fosse preciso
Tudo isto que eu sinto
Mas sabes que eu não minto
Pois de vida estou faminto
E não controlo as emoções
Por isso estas reacções...

Há-de brilhar pelo temporal
O sol que me darás talvez
Quando tudo voltar ao normal
Se é que alguma vez
Isso vai acontecer...
Tudo mudou após te conhecer
Mas estou-te agradecido
Aquilo tinha de ser vivido
O meu tempo vai acabar
O sol vou-te eu roubar
O tempo que eu crio
Não faz de mim frio
Faz de mim natural
Faz de mim normal...

Cada um pode querer uma vida
Mesmo quando se está de saída
O sol ainda pode brilhar...

(26/3/2005)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

POEMA 59

CARNE FRACA, ESPÍRITO FORTE

A carne é fraca mas o espírito é forte
Embora corrompido deixe-se ser tentado
É tão apelativo o perigo que é o pecado
Que é quase impossível que eu me corte

Se não viver agora só me resta a morte
E quero ver o meu objectivo acabado
Se a minha passagem não tiver significado
De nada me servem estes acessos de sorte

Nem eu a esse pecado da carne resisto
Porque descobri que qualquer tentação
Existe desde o momento em que eu existo

E gostava de ter pelo menos uma explicação:
Porque é que do meu espírito não desisto?
Talvez porque este nunca entre em putrefacção...

(11/4/2005)

POEMA 58

SUICÍDIO - O MEDO

Só tenho medo...do nada
Da minha alma abandonada
Não há ninguém que me cure
Não esperem que eu mais dure

Só tenho medo da ausência
Que provoquei sem consciência
Viverei estes últimos minutos
A colher estes venenosos frutos

Sou o causador desta tristeza
Que me consome com avareza
Que não deixará um bocado

Na vida um dia tudo se cobra
Sou o resultado da minha obra
Realizar-me-ei após me ter suicidado

(25/3/2005)

POEMA 57

SUICÍDIO - A DOR

Voltaram as dores dilacerantes
O meu estômago está como antes
Voltou muito do desconforto
Parecia tudo direito mas está torto

Será isto apenas uma regressão?
Curar-me-ia mas odeio cada sessão
Agora que desapareceu a sorte
Voltei a pensar na fortuna da morte

À minha vida não acho sentido
Fiquei em pedaços depois de partido
Não há cola que me cole de novo

Sinto-me deitado ao abandono
Chegado a este ponto não há retorno
Quero morrer já que não posso voltar ao ovo

(25/3/2005)

POEMA 56

SUICÍDIO - A SOLIDÃO

Sou o meu único amigo
E o meu maior inimigo
Sinto-me só em todo o mundo
Toda a estima está lá no fundo

Toda a esperança se evanesceu
O meu velho fantasma renasceu
O que começa sempre acaba
O que construí sempre desaba

Porque não há uma explicação?
Qual deve ser a minha reacção?
Venha um sinal e convide-o

Estou atento mas nada capto
Provavelmente sou um mentecapto
Que se refugiará em suicídio...

(25/3/2005)

POEMA 55

HOSPITAL

Ouve-se ao longe uma ambulância
Que deve vir-me buscar...Inconsciente
Vou na maca... Estou indiferente
Para a vida... Prefiro distância...

Ambulância que avança com relutância
Como se eu ali não estivesse presente
Só sei que o espírito não está ausente
Do resto revisto-me de ignorância...

De olhos fechados só oiço sirenes
E não mais sinto a ponta dos dedos
De ti preciso para que me coordenes

Agora é tarde para enfrentar medos
Levo-te comigo porque te adoro ´enes´
Foste a única doçura nos momentos azedos...

(11/4/2005)

POEMA 54

ÀS VEZES FAÇO ASNEIRAS

Não seria esta vez a primeira
Em que naquilo de novo pensaria
Se tivesse coragem até o faria
Mas a depressão é passageira...

Não seria a segunda nem terceira
Vez em que o fazer consideraria
Talvez a saída que eu preferiria
Fosse mesmo a maior asneira...

Chama asneiras àquilo que às vezes faço
Que eu nem nome tenho para lhes dar
Pois transcendo-me quando me passo

Não faço o que o desespero me mandar
Faço o que faço e logo me desfaço!
Às vezes necessito de tudo me arredar...

(11/4/2005)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

POEMA 53

MWAH AT THE PERSON ABOVE

The person above, above my person
The brightest star, above the sun
The finest one, in a new level
I’ll slipper in the muddy gravel

To reach the peak of your throne
I’ll do it and I’ll do it alone
I’ll climb the highest tree
Away from you I cannot be free

My cheapness and my littleness
Will never disturb your greatness
To reach you my goods I’ll drop
I wanna reach you in the top
I wanna say thanks to the girl I love
I’ll give a mwah at person above

(4/3/2005)

POEMA 52

BLUSH

Nothing but true you deserve
Wrong ideas are not mine
I got to have a lot of nerve
To still stand up in line

The right word in its place
Has the magic power to change
And when I look to your face
That magic has lost its range



Grab ideas, don’t push
I’m telling all the true
You don’t have to blush
You’d better believe in you

Some words are so pretty
I’ll knit them for your dress
You rule and that’s a pity
You think I just wanna impress

Won’t you believe my honesty?
Even known what you know
You should be the royalty
And I the person below

I know I’m a disgrace
In my every single act
Don’t try to hide your face
That’s a blush don’t regret

You are being polite
And becoming colourful
Do it and do it right
Even blushing you are beautiful

Grab ideas, don’t push
I’m telling the true
You don’t have to blush
You’d better believe in you

(14/3/2005)

POEMA 51

WEEKS

In the time of a week
I’m going to stay weak
Last weak was gold
Like I’ve never been told

I’m capable to lie
I’m winged ´cause I fly
Fly with me to heaven
Week days are seven

I was happy in all
Now I’m sad and I fall
I feel dumb and cry
Please give me one more try

Weeks we’ll have ´till we want
Why you and me don’t?

(3/3/2005)

POEMA 50

O JOGO DA VIDA

A vida tem sempre um sentido
Ninguém escapa à morte certa
É preciso alguém que nos desperta
Para que o destino seja cumprido

Porque não aceitas o pedido
E esta minha gentil oferta
A minha alma está sempre aberta
A viver o que não foi vivido

Espero descobrir a sorte que traz
O xadrez da minha vida que o decida
Este é um jogo que tão bem me faz

Quero vencer também esta partida
E sinto que eu só serei capaz
Se entrares comigo no jogo da vida

(6/4/2005)

POEMA 49

CÉU

O céu de noite estrelado
Reflecte em luz a tua beleza
Se estrelas tivesse contado
Seriam infinitas com certeza

(28/3/2005)

E acabaram as divisões por partes!

Quando comecei a postar aqui a minha obra maior não esperava que um dia não me apetecesse continuar! As coisas mudam, por vezes tão rapidamente que nos fazem mudar! Mudar-nos! A nós próprios! E eu leio o que escrevi há mais de 5 anos já e não mais sinto o que escrevi... Nem acho, sequer, que esteja assim tão bem escrito, sinceramente. Até porque mais recentemente tenho escrito algo bem melhor e mais sentido! Também dizem que os artistas (passo a falta de modéstia) acham sempre a sua última obra a melhor! Não vou desiludir ninguém, e falo directamente para os milhares de seguidores deste meu modesto blogue (já passei a modéstia antes mas era referente a todo este texto), e vou continuar a postar aqui os meus poemitas do livro dos cem poemas embora sem mais comentários ao que já fiz há tanto tempo! As análises façam os que os lerem! E comentem os poemas!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

POEMA 48

NOITE

Fui ao meu quarto e abri a janela
A noite vi lá fora ao sabor do vento
Que tanto adoro e agora me contento
Pois a noite me parece tão bela

Até agora a noite era uma rela
Que não se calava... Agora tento
A reconciliação! Estou mais atento!
Estou mais nocturno e gosto mais dela!

E se há na noite mais escuridão
Assim o meu mundo estava escuro
E a precisar duma nova rectidão

Porque é que eu via o mundo tão duro
E sentia-me mal, estranho e em solidão?!
Tudo mudou com um sorriso tão puro

(8/4/2005)

POEMA 47

PEDRAS DA CALÇADA

São lindas as pedras da calçada
Mas mesmo assim todos as pisam
Mas é só assim que se utilizam
Se não fosse assim valiam... nada!

Calçada que está sempre parada
Onde tropeçamos se não nos avisam
Das imperfeições que não precisam
De haver mas que lá está repousada

E também eu já me senti pisado
Mas mantive-me sereno e forte
Abusei e dizem que tenho abusado

Mas fiei-me na vida e na sorte
E a vida amiga de mim tem cuidado
Pois tanto sou chão como suporte

(8/4/2005)

POEMA 46

DECISIVA

Hoje algo de muito estranho se passa
Parece que ontem foi um renascer
Tudo o que queria vejo aparecer
Devo ter atingido um estado de graça

É tão bom poder sair da desgraça
Agradeço a quem me quis convencer
Que afinal eu também posso vencer
E que a vida não é uma ameaça

Agora sinto-me bem como já me senti
E como já tinha saudades de mim
A ligação com a confusão eu parti

Ainda bem que não fui até ao fim
E te ouvi, li, vi e esperei por ti
Pois és decisiva para eu estar assim :)

(8/4/2005)

POEMA 45

ACREDITA!

Ainda não foi há muito tempo atrás
Que eu prório nem me reconhecia
Enquanto a minha alma perecia
Memórias vinham sempre de trás

Foi um tempo de guerra e nunca paz
Em que eu inconsciente adormecia
Tinha pesadelos e até adoecia
De me manter de pé já nem era capaz

Mas já posso ver-te, sentir-te, sair
Da confusão onde me vim meter
E que não me deu razãoes para rir

Situação que desejo sempre manter
Agora que não vou nunca mais cair
Acredita em mim que te estou a prometer

(8/4/2005)

POEMA 44

MOMENTOS

Olho para a frente e vejo o que está atrás
Também há quem lhe chame espelho
Estou tão só a tornar-me velho
Agora vejo o que vem de trás

Coisas boas no lugar de más
É o que encontro e assim emparelho
Rimas que me levam a um quelho
Sem saída porque agora mal me faz

Maldito seja o fuso cronológico
Que me faz passar os bons momentos!
Neles ficar é muito mais lógico

Mas a vida tem os seus incrementos
Mas só contigo o mundo é mágico
Só contigo passo bons momentos

(12/4/2005)

POEMA 43

LÁBIOS

Beijei tua boca e gostei do sabor
E dos teus lábios flamejantes
Já os tinha visto belos antes
Mas não lhes tinha sentido o calor

Gosto do gosto, da forma, da cor
São sensuais e estonteantes
Só falas mas espero que cantes
Esses lábios dão-te um som superior

E fixo-me neles uma tarde inteira
E fixo-me em ti o resto da vida
Desta fixação és mesmo a primeira

Lábios com que falas desinibida
Lábios que te mantêm verdadeira
Lábios que deixam a minha alma perdida

(14/4/2005)

POEMA 42

CABELOS ONDULADOS

Hoje no teu cabelo fiquei colado
E nem consegui dar um pequeno passo
Preferi dislumbrar-me e isso bem faço
É tão lindo e original o ondulado

Estavas longe quando te tinha avistado
Correr até ti não seria um cansaço
Permiti-me dar-te mais algum espaço
Ver o teu cabelo pelo vento acariciado

Como não tinha eu reparado antes
Nos teus finos cabelos castanhos
Ao Sol ondulados e tão brilhantes

Só tu consegues feitos tamanhos
Estávamos tão perto e tão distantes
E nunca tão certos sentimentos estranhos

(14/4/2005)