terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Poema ao amor perfeito

Dedico este poema ao amor perfeito,
não a flor, claro, mas o indescritível
existir que aqui farei inteligível,
tal a simplicidade com que o aceito.

Como havera prometido, dito e feito,
creio que mais claro seria impossível:
ser algo tão simples e apetecível
como encostares a cabeça no meu peito.

Sonhos a dois, que ao destino se promete,
expressões verbais que o silêncio repete
pois os olhos declamam com um sorriso!

Saudades até ao esperado abraço,
minutos as horas que contigo passo:
nada é perfeito mas que mais é preciso?!





quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Sanidade purificação e chama...

Nas paredes brancas deste quarto arejado
vejo o filme da nossa vida projectado:
para quê pensar no que poderia ter sido
se agora é hora de tomar um comprimido
que nos faz esquecer que podemos pensar?
Durmo acordado e sonho para não me cansar
para não ter de mover mais montanhas;
os ratos que pariram nas suas entranhas
são amigos da noite com quem converso
e que respondem animados sempre em verso
e tenho a certeza, sempre que estou contigo,
que não sei as palavras certas do que digo,
e mesmo assim tento apreender o significado
de estar tão certo quando estou enganado
e se isto a quem lê não faz qualquer sentido
estamos no sítio certo pois aqui é permitido
sermos malucos à vontade sem mais questões!
Olha para aqueles que contam os tostões,
todos os dias do mês, que sentido isso faz?
Olha as árvores lá fora calmas, olha que paz,
como é que não me lembrei antes deste lugar?
O tempo é outro e acho que passa devagar
pois ainda me lembro duma outra vida lá fora.
Quem a quer viver quando vejo com nitidez
que o meu único problema é reter alguma lucidez?
Quero, por fim, e sem reservas, ensandecer,
é o passo em frente quando já quis desaparecer,
e é o movimento certo quando não há resposta
à questão de por que é que de alguém se gosta.
Esta questão que de coração que é tão profícua,
assim como ela para mim é a pessoa mais conspícua
tem de haver, ainda que não queira, uma guerra!
Pois que a mente sim mas o amor nunca erra,
a irracionalidade é um elevador que só sobe,
deitamos fogo às camas e dançamos à luz do strobe
e ao som das sirenes, preocupado e agudo,
agora daqui não saímos porque aqui temos tudo
e sinto o cheiro forte a porco assado
e é tão bom tudo o que temos passado
e é tão forte a dor que nem sequer sentimos
neste fogo em que nos extinguimos
para sempre...




terça-feira, 12 de novembro de 2013

E do conforto da vetusta idade

E do conforto da vetusta idade,
de quem viveu e viu já quase tudo,
o grave conselho soou agudo
àquele que ouve em ansiedade.

Detentor da experiente verdade,
embora quedando, por opção, mudo,
fitou ternamente o jovem rombudo
que criticou por sincera amizade:

"Dá-lhe tempo...", disse com paciência
mas o jovem na sua impaciência
queria resolver os seus problemas!

Completou "Dá-lhe tempo e nada temas..."
mas quem ouve bem insistiu ser mouco:
a pressa ceifou-o jovem e louco...

Pois é...

- Sabes aquele momento em que... Como dizer?
Aquele momento em que sentes que...
Aquilo que não consigo explicar, percebes?
Como dizer? Não sei mesmo, não por palavras...

- Sei.

- Pronto, e nesse momento... Como dizer?
Quando sentes aquilo que...
Aquilo que não consigo explicar, percebes?
Como dizer? Não sei mesmo, não por palavras...

- Sim, também sei...

- Ainda bem porque após senti-lo fico como...
Como dizer? Eu sei o que é mas não sei como dizer...

- Sim...

- Exacto, é isso que te quero dizer!

- O quê?

- Não sei...

- Nem eu...

- Não digas...

- Não digo...

- É só isso que tens para me dizer?

- Mas eu não disse nada!

- Pois...

FIM

Mas? E se? O quê? Esquece...

Pi, pi, pi, pi, pi, pi, pi, ...
Está escuro!
Está...
Está mesmo!
Está!
Está...
Não sei se está mesmo!
Mas está!
Está...
...
Nada a dizer...
Nada...
Nada a fazer...
Nada...
Será?
É.
Sim?
Não sei...
Talvez...
Sim, talvez.
Ou não?
Não, talvez.
Mas...
Mas?
E se?
O quê?
Esquece...
...

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Não sei, ninguém sabe mas acredito

Não sei, ninguém sabe mas acredito
no destino, maldito, que me calha;
se este meu cego crer um dia falha
vou odiar tudo o que tenho escrito!

Ou feio miséria ou paixão bonito:
quem sabe, se não há deus que me valha?
Somente ouço a terna voz que me ralha
pois confio em tudo o que me tem dito!

O que é diferente é que não me aborrece
a presença de quem mais me parece
equilibrar os pratos da balança!

Amor, assim sou uma marioneta
mas aceito o que o destino acarreta
pois és a minha única esperança!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Kairos

Tempo, dando tempo ao tempo,
tento ter tempo para o resto,
presto-me ao que me atempo,
atento ao tempo que empresto,
ultrapassando cada contratempo,
ao que penso que ainda presta,
ainda que isso venha a destempo
como a paciência que me resta...
Que festa, esta, que de mim se alimenta,
tenta, esquece o tempo passado,
fado, forte e feito de tormenta,
aguenta, o futuro é tão desejado
dado o momento que a gente enfrenta,
a mudança de paradigma e sentimento,
tento, e até consigo, enquanto aguenta
a chama que vive para o teu vento...
Vendo, de olhos fechados sem ser cego,
pego na esperança que o vento agita,
grita o grito de revolta a que me apego,
nego a paz que num certo tempo habita,
acredito nas competências que te delego
e logo é tempo de rever a participação,
são vicissitudes que levo quando me relego,
junto ao ego a tempo da minha realização...


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Não sei.

Não sei que mais te diga,
talvez nem diga tudo o que consiga...
Não sei se é loucura ou fadiga
ou uma simples dor de barriga...
Não sei e não sei se posso saber
se é algo possível de perceber...

Não sei se devo acreditar
ou se me deva irritar
pois nem sempre se acredita
na pessoa que mais irrita
e nem se houve uma mensagem
que foi lida durante a viagem...

Não sei mas tento adivinhar
se amanhã vamos definhar,
pode ser um sinal de fome
mesmo quando à mesa se come,
a tensão baixa sem comprimidos
e logo se perdem os sentidos:
o sentido do equilíbrio correcto,
o sentido do ser circunspecto,
o sentido da precoce imaginação
e o sentido da nossa realização.

Não sei mas se soubesse dizia
o que por vezes nos causa a azia;
será o marisco estragado?,
será o líquido estagnado
ou será simplesmente a solução
que tomamos para a constipação
que nos assola neste momento
em que começa a soprar o vento?

Até sei mas finjo que não sei
pois fico-me pelo que já pensei,
e sinto que posso estar certo
mas se penso é tudo tão incerto
que a certeza é um mito urbano
e só estou certo que me engano...

Digo que não sei mas e se souber?
Esconder-me-ei onde couber?
Se sei não sei como o posso expressar
quando nem sei o que se está a passar!
Passado um pouco de novo desconheço
as razões para tudo ter um preço,
as razões para ser tão elevado;
haverá um momento desenganado
em que os saldos desçam à cidade
e comprarei montes de verdade
para saber tudo aquilo que quero
e para saber se fui mesmo sincero.

Não sei e se soubesse saber não queria
pois a verdade consegue ser tão fria
que às vezes só apetece pode-la aquecer
com um abraço que só pode desaparecer
quando o sol brilha de novo no horizonte.
E se se desfaz já nos encontramos defronte
da fonte de todos os nossos anseios,
olhos penetrantes de humores cheios,
inquietos e fugidios como a paciência
que é preciso para se fazer a ciência
e que devia ser facilmente controlável
mas que é tão volátil e instável...

Não sei se não devia ter já parado,
afinal já passou um bom bocado,
e as horas passam de outra maneira
quando a conversa não é passageira,
quando a viagem não conhece destino,
quando a fé contacta com o peregrino
e o milagre surge e não se acredita
pois a visão é demasiado bonita
para poder ser uma realidade!
Diz-me, por favor, o que é a verdade?
Diz-me pois eu nunca sei e não saberei
as palavras que não mais encontrarei
para completar os poemas inacabados!
E então para mal dos meus pecados
não posso completar as velhas obras
à espera desses sinos que dobras
e ouço o vagaroso bater das horas
e atento pois sei como te demoras
e agora mergulho num silêncio profundo
e vou observar os males do Mundo.

Não sei se era bem isto,
não sei se já foi visto
ou se era suposto
mas relembro um rosto
que também não sabe
onde quer que este poema acabe...
Não sei...
Não sabes...
Quem sabe?

Não sei...

Ao sabor duma época nutricionalmente desequilibrada.

Sabes que uma vez fiz sonhos para uma
e como essa vez não há mais nenhuma,
posso fazer mais, e com frequência,
que sonhos passados são de outra essência.

Se a receita não pode ser repetida
como queres doçuras nesta vida?
Se corre bem e nunca mais se repete
como executar o doce que se promete?

Um dia vais sentir a volatilidade
e vais sucumbir à vulnerabilidade
da época dos frescos ingredientes
e vais perceber por que o sentes.

Nesse dia vai ser possível acreditar
que um dia vai haver bem-estar
e se calhar tudo o resto fará sentido
quando pensares no que podia ter sido.

É simples demais para nele ter reparado,
um mimo também é doce ao ser recordado,
até as saudades são formas de nutrição
quando as sentes e sabes por que o são.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

why...

I don't know why...
I don't know why...
Why do I realize?
I don't know why!
One day I will know.
One day I'll show.
One day I'll go!
To the mountains and fly,
to the rivers and cry,
to the end but why?
Why if I realize
that was a bunch of lies
flying around!
I love butterflies
but I can't leave the ground!
I love flowers
when they bloom,
I hate the hours
when you gloom...
And then I realize
I was seeking lies,
I was seeking disease,
feeling the sea breeze,
feeling the sea cold
and no one to hold!
I don't know why!
Tell me, please, why!
If I do realize
these are not lies!
I see the shore
and what for
if the way is so away...
I want to stay...
I want to stay...
I want to say
that I want to stay...
Not only today
but every day!
If all these were lies
let me realize
that I must live a dream
and catch the sunbeam
and hold you so tight...
And if I was not right?
I will tell the same old story
and one day I'll reach the glory
of the days of sunrise!
That's why I realize
that nothing were lies
but just if I could know why...



A luz no escuro.

Há luzes na sombra
que te assombra,
que te ensombra
e te torna obscura!
Ri, chora, procura:
a luz, a da ribalta!
Dança, grita, salta
e encontra o teu lugar!
Em frente, sim, devagar,
estás a chegar,
é mesmo aí, à direita,
essa porta, espreita!
Que vês? Descreve.
Nada disso, algo breve,
quero ter uma ideia
do que se estreia
para lá da cortina!
Em surdina,
que é segredo,
sei que tens medo
da verdade,
de verdade,
compreendo...
Depreendo,
contudo,
que não é tudo
o que tens a dizer.
Que fazer?
Desconheço
mas apareço
amarelecido,
apodrecido,
escarificado
e sei o que dizes:
são cicatrizes
do tempo ido
e tenho vivido
na esperança
e na cobrança
do que procuro,
a luz no escuro...

A chuva ácida no rio doce.

Doce é o rio que banha a tristeza
pois suga-lhe toda a sua doçura,
corre grosso e privado de frescura
pois a saturação já o retesa.

Na foz é travado p'la incerteza,
a peste obscura p'rá qual não há cura,
não desagua ou avança, satura!,
ecossistema que não se reveza!

Água mole em pedra dura, era outrora,
agora a água dura em pedra mole
não encontra líquido que a console.

Chove agora ácido, o gás evapora
mas a solução nunca se dissolve;
um rio é tudo aquilo que o envolve...

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Pois o bem que advém não tem qualquer preço!

Um tudo ou nada ansioso mas certo
das incertezas que vou compilando:
paro!, sonho!, sorrio!, sonho! e ando
para a frente pois é sempre mais perto!

Olhos fechados e sorriso aberto
ao ver o oásis que vou criando:
ajoelho, deito, rebolo e mando
mensagens aqui do fim do deserto!

Tão longe e tão perto que é aqui mesmo;
às vezes penso se não foi a esmo
que joguei, sem pretensões à taluda!

Mas a verdade é que tive uma ajuda
e mesmo sem ter pedido agradeço,
pois o bem que advém não tem qualquer preço!

Felicidade

Felicidade é ter toda a certeza
do que se quer e estar pronto p'ra luta!
Se ele é um bom amigo então escuta
todos os conselhos que te dá à mesa!

Felicidade rima com beleza
em dias de chuva que o sol permuta
com borboletas, flores e neve enxuta
até seres abraçado com firmeza!

Sinto-me tão feliz e estou sozinho,
descobri na encruzilhada o caminho
para esse local outrora vedado!

Não esperes mais pelo meu regresso,
não quero mais porque tenho o que peço:
um lugar no Mundo p'ra mim reservado!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

consequências da não desistência

... e da pouca esperança que me resta, és muita...

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Nada dizendo...

Nada, não digas nada, não vale a pena
porque não adianta nem mereço
a atenção, a amizade e o apreço
que prestas a esta alma tão pequena...

Mas e se eu quiser dizer?

Não dizes! Devias tê-la perdido!
A sério, muito mau, foi impensado!
Onde tinha a cabeça? É escusado
e vais dar o tempo como perdido...

Não és só tu que tens medo...
Não és mesmo...
Não sei por que pensas assim...
Não sei mesmo...

Também não sei...

Eu não sei o que te diga
mas digo sempre a verdade:
não há mal que não persiga
a quem sofra de ansiedade,
não há vitória alcançada
quando não vais competir,
pensas que não vales nada
se tens medo de existir.

E por mais que me digas o contrário
esses teus olhos são sempre sinceros,
se vivesses num mundo imaginário
os comentários não eram austeros,
mas vives neste, finito e precário,
e à sua semelhança são feros!

Zangas-te? Ou te zangaste?
Tempo, sempre relativo...
Recordas-te ou recordaste?
Pararia mas se vivo
mais é por ter atenção
ao sal que se adiciona,
e que blinda a repulsão
que tanto me condiciona.

E se acreditasses no que te digo
esses momentos eram poesia,
por mais que tente sei que não consigo
pregar sozinho a esta freguesia,
mas vivo nesta e sinto-me em perigo
por poder ouvir tudo o que dizia!

A tensão superficial, nada superficial, atenção, blindada!,
no seu canto escuro onde a vigia é constante, não vá haver interrupções...
Não posso ver, não quero ver, há monstros escondidos e de tez zangada,
prontos a visitar-me em sonhos para roubar a memória das emoções!

Sim!
Não!
Sim, pode ser...
Não há monstros...
Sim, tens de perceber...
O quê?
Monstros e seus rostros...
Certo.
Esquece...
Não!
Sim!

Em fase de negação...
Em fase...
Faz!
Faz bem!
Bem não faz...
Mas faz...
E...

A água escorre e...

E não vale a pena e...

E volta ao início e...

E volta ao fim e...

Deu uma volta.

Um nó.

Cego.

Seco.

Que por incúria
descurou a cura
e apenas por fúria
destilou secura
e retirou a essência
por não ter paciência...

Cheira-me...

Cheira a mar. E a mar
é que se quer,
e cheira a incêndio...
E o ar tem fumo...
Acende-o.
Mas como?
Parece um jogo,
combater fogo com fogo,
mas se resulta...
Resulta?

Envidam-se esforços...
Com reforços...
Sem remorsos...
Ou com...
Com...
Contente.
Queres que tente?
Eu tento.
Aguento!
O unguento.
É forte.
É.
Até é.
Sim.
Pois.
Exacto.
Isso.
Ora...

Ora bem, vamos lá ver onde encaixa.
A menina Pandora, o que é que acha?
- Hmm... Tudo te dou e tudo te tiro:
deixa-me em paz, que é o que prefiro.

Certo. Em paz. Te deixo.
Hoje já não me queixo.
Hoje já não te chamo.
Hoje já não te sei dizer o que disse outrora.
Olha lá para fora.
O céu está cinzento.
Mas como se é Verão?
Oh, porque eu cimento
assim o teu serão.
Não há Sol.
Nem Lua.
Nem luz.
Nem mais...

Quem quer mais porque hoje a liquidação é total?
Ouçam as minhas palavras pois é fundamental!
Percebam que nada tenho a ganhar com tal oferta!
A vitória é vossa, a vitória e fácil e certa!
Fecha os olhos... Vou-te vendar...
Tenho uns segredos a desvendar...
Podes ouvir mas não olhar,
quer dizer, se calhar...
Se calhar é injusto...
Mas a verdade é que tudo tem um custo...

E uma vez
eram duas,
ou até três,
luas
e estranhava-se,
entranhava-se,
alinhava-se
pelo mesmo diapasão
toda a frequência
sonora e luminosa...
Goza, goza...
Mundo paralelo?
Era bem belo...
Azul, verde e amarelo,
e estrelas saltitantes!
Antes fosse, antes...

Antes ainda havia uma cancela
que abria o caminho à Verdade
e ela saltava por uma janela
para encontrar a Mentira,
uma relação proibida,
o Amor a foder a Vida,
e a Justiça cega vira
que ali não havia Futuro
e a Desgraça sorriu!
E a Luz caiu no escuro
e apagou-se e fugiu
e ainda hoje não voltou
a ser vista e mais ninguém gostou
das trevas assim lançadas!
Populações assustadas,
pânico lançado,
Desgraça e Morte lado a lado
a beber a água estagnada
da lagoa alterada
pelos corpos putrefactos:
é um facto que são factos,
tudo deitado pelo chão
pela imprudência duma paixão...

Não interrompes,
muito pelo contrário...
Nem sequer me corrompes
quando é necessário
porque os rios correm numa só direcção...
Os rios são como são...
Açudem-nos, barragem-nos, esterilizem-nos
e mesmo assim correm em direcção ao mar...
Porque há sempre um destino que nos vem chamar...

Não! Não! Nããããããão!
Eu quero subir o rio!
Com esta jangada de ideias!
Xiu!
Aqui não há panaceias
para a tua doença...
A tua doença chamada crença.
Que se trata num asilo,
aquilo
a que os povos chamam realidade!
Uma nulidade!
Exactamente!
A sociedade!
Efectivamente!
A realidade,
sempre aparente,
é que não há unidade
e que só tu estás doente
quando só tu estás minimamente são...
Chamam-lhe teorias da conspiração...

Corre!
Dá-lhe brita!
Dar brita inspira muita gente!
E a gente anda descontente!
Porque a gente não acredita!
E morre...

Um manual de auto-destruição,
sempre actual...
Factual...
Irrepreensível,
irresponsável,
incrível,
improvável
mas possível...

Até ao dia, ou à noite, em que o acto se consuma...

Não há razão nenhuma que possa justificar o acto que tens em mente,
jovem,
tu estás doente!
Olha à tua volta e tudo o que temos para te oferecer!
Betão, alcatrão, poluição e outras maravilhas da civilização
que com toda a certeza farão as delícias dos teus sonhos capitalistas!
Não desistas!
O comunismo acabou para bem dos nossos pecados!
Agora somos felizes e bem educados!
É tudo tão transparente e puro e correcto que nunca há enganos!
Perfeitos! Megalómanos! Deus nos abençoe! Olé!
Duas bandarilhas e festa brava durante uma dúzia de anos!
Porco no espeto e outras iguarias gratuitas para todos! Ah pois é!
Ah...
Ah pois...
É...
- Digam-me só uma coisa, se não for muita a maçada,
mas por que é que tudo o que dizem é nada de nada?!

Nada de nada...
Nada...
Nada mais...
Atravessa o mar se for preciso...
A nadar...
Nada...
Nada...
Nada...
Nada...
Nada...

A nadar nada dizendo
alcanças o porto
e daí tens um cruzeiro de luxo
até um belo horizonte
onde o sol não se põe...

E as feiticeiras que aparecem no caminho
para incomodar a tua saga
são apenas ilusões
que aparecem nos teus receios
e que evaporam no ar
à medida que percebes
que não estás só.

Toda a determinação que te acompanha
e que nada contigo
nunca te apanha
porque o que te digo
é tão simples se o puderes compreender...
Só te falta aprender...
A ouvir...
E tu ouves nada...

E tu...
Tu...

Tu...

E eu...

E...

Nada...

Não digas nada...




segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Três meses e sempre...

Fevereiro, Setembro, Outubro,
meses de sentimento rubro,
dou voltas e nunca descubro
o mês, destes três, em que habito...

Ora frio, ora quente e morno,
cheguei a um ponto sem retorno,
regressar seria um transtorno,
se possível, mas não admito...

Dia e noite e sempre celeste,
não sei se te ame ou te deteste,
se simulo que estou a leste
é porque rumo ao infinito...

Invisto no nunca antes visto,
é um hábito em que insisto,
revisto-me no que acredito
e imortalizo-o por escrito...

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O isqueiro branco...

Nem sempre o conforto do lar nos deixa menos tristes;
se não te posso abraçar, para quê saber que existes?
Acende uma vela e reza para que não se repita;
a melhor religião é aquela em que se acredita...
Toma, guarda este isqueiro que tiro do bolso, branco,
já não me faz falta e usa quando estiveres de banco,
não se sabe quando precisamos de atear o fogo
assim como não se mudam as regras a meio do jogo
e como não se sabe quando temos de ir em viagem
para um destino distante e com pouca bagagem...

Por mais que tentes, as lentes amplificam a luz,
que emana dos corpos que deixam o peso da cruz
que sempre carregaram desde o sagrado baptismo,
turvam a visão, que ironia, e o meu cepticismo...
Foi verdade, foi mentira, parece fantasia,
uns dias erva, outros quatro paredes, outros maresia,
todos eles uma companhia e momentos de paz,
o que uma cara bonita, jovem e imatura faz,
há cheiro, há cor, rosa e baunilha e coco em perfume,
pega nesses voláteis, no isqueiro e chega-lhes lume!

Arde... Arde... Arde... E faz-se tarde para o resto da nossa vida...
Siga! Em frente! Contente cantando no meio da gente!
Falso, tudo falso, siga em frente, amanhã futuro!
Dei-te o meu isqueiro branco e agora estou no escuro...
Não preciso mais dele porque tu é que me escapaste,
não há luz acesa pois a tua hoje mesmo a apagaste,
há esperança... Num raio de Sol... Mas nem há Lua...
Há a realidade e essa é descolorida, crua,
estéril... e contigo chegou a ser tão bela...
Guarda o meu isqueiro para um dia me acenderes uma vela...

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A observação atenta da arte de lavar o chão.

Movimentos circulares,
ciclos circadianos,
opiniões angulares,
inverdades, desenganos
e muita água corre...

Lixo outrora residente,
um sem-abrigo forçado,
entranha-se mais, impotente
à força de ser lavado,
e pelo cimento escorre...

É preciso um detergente,
menos tensão superficial,
fosse vista a não aparente
e este dia seria especial
pelos caminhos que percorre...

Ainda é pouca a altura
quando não há certeza
e até magoa a brancura
quando não significa beleza
e em pecado incorre...

Maculam a calçada imaculada
a água, vassoura e trabalho:
para quê se logo fica manchada
a cada passo dado no soalho?
Tal como se nasce e logo se morre...

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Mentira, verdade, sonho, esperança e fim.

Mentiras, que tu vais negar,
mesmo mentindo devagar,
um dia o dia há-de chegar
mas nunca se vai apagar
a memória do nosso ougar...

Contarás toda a verdade,
até lá vivo na ansiedade
que é a eterna saudade
desta já mais do que amizade
que o meu peito aperta e invade...

O sonho, que o tempo esmorece,
que cada vez mais me parece
que a espera ninguém merece,
afinal ele até se esquece
ainda que não o quisesse...

Para quê a alegre esperança
caída triste na lembrança?
Se este meu braço não te alcança,
e se a luta é duma criança,
quero crescer com confiança!

Restam sempre as doces memórias,
amargadas, mesmo vitórias,
em poesias aleatórias
pois circunstâncias peremptórias
findam as mais belas histórias...






quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O tempo em que com mau tempo ainda arde

O tempo, que é num momento oportuno,
noutro com contratempos me importuna
("amor ardente, erros meus, má fortuna"),
ligeiro passa e se não me afortuno.

Na cronologia fui bom aluno,
mas sentindo-lhe o peso na coluna,
nada é certo e em mim não se coaduna,
ligeiro passa e como me premuno?

"Dá-lhe tempo", mas como se escasseia?,
para a erosão haverá panaceia?,
sei que receio que a solução tarde!

Sequência, consequência, coincidência,
não há definição em toda a ciência:
pinga o mau tempo e ainda assim arde?!






sábado, 17 de agosto de 2013

À lareira, a recordar o tempo que há-de vir...

Realidade, abstracta mas em concreto
estudo, aprofundo e não tenho conceito,
"Para quê?", pergunto, se nada é perfeito,
"Porquê?", penso, mas não sei o que é correcto.

Verdade, ilusão, uma casa sem tecto,
os pilares abanam mas fi-los a direito,
as fundações são boas mas perdi o jeito
de construir, imaginar, ou tudo é recto?

As linhas de fuga são longas e curvas,
os esboços esbatem-se em folhas turvas,
a chuva cai ácida e limpa o horizonte...

Arquitectura sem função mas com beleza,
arriscar é com vontade mas sem certeza:
edificar!, outra história, queres que a conte?


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Fecha-se uma porta, abre-se uma janela

Fecha-se uma porta, abre-se uma janela:
fecha, está frio! Vem aí o desconforto...
Que me interessa ser rico se estou morto,
rilho os meus ossos secos à luz da vela.

Abrem-se os olhos, outros fecham-se, os dela:
fecha, está feio! Vomito-me, um aborto,
atrasado e ausente pois sempre absorto
negligencio o velho amor da cautela.

Não tapa buracos a manta de retalhos
quando esta se estica até ao impossível:
abrange mais e menos o fim alcança.

Passam os dias, não findam os trabalhos,
ergo a testa e o horizonte é invisível:
a luta continua, sempre, mas cansa...

quarta-feira, 24 de abril de 2013

A revolução é um estado de espírito, não uma efeméride.

Após algumas palavras das múmias da revolução, ausentes nos seus templos, aqui deixo o que geralmente sinto relativamente às comemorações alusivas à nossa revolução dos cravos:

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Ou seja, um grande vazio, porque a revolução é um estado de espírito, não uma efeméride.

quinta-feira, 21 de março de 2013

I CAMPEONATO NACIONAL DE POESIA - Jornada V

"Eis o desafio desta semana:
Um homem está diante de si dizendo que vai suicidar-se. Escreva, usando não mais de 300 palavras, o poema que gostaria de lhe ler para que mudasse de ideias."


Sabes que eu já estive desse mesmo lado
e alguém teve comigo esta mesma conversa?
Tens tanto talento e vai ser desperdiçado,
tens tanto a viver e estás com tanta pressa…
Hoje e aqui sou o mesmo raio de luz,
tu és as mesmas trevas impenetráveis,
a dois é mais fácil carregar a cruz
e o destino é cheio de imponderáveis:
como se pode perder a curiosidade!?,
saber o que amanhã nos vai despertar,
hoje é negro e sufoca-te de ansiedade,
amanhã será puro prazer e bem-estar!
Por que pensas que é tudo mau na tua vida?
Será que já viveste tempo suficiente?
Claro que não pode haver quem por ti decida
mas podes ter uma decisão consciente!
Eu sei que dói e que não vês esperança,
nem um motivo para enfrentar o presente,
mas lembra-te que um dia foste uma criança
e essa alegria pode voltar de repente!
Essa corda laçada é só um brinquedo
e há brincadeiras que são tão perigosas…
Não há problema algum em ter medo
e até há espinhos nas mais belas rosas!
“Viver assim infeliz não há quem possa,”
- pensas agora e vasculhas a memória -
“não há desgraça maior do que a nossa!”:
acalma-te! e escuta bem a minha história:
Um dia eu estive desse mesmo lado,
hoje considero-me uma pessoa feliz,
tive sorte, um amigo!, e por ele fui ensinado:
o melhor que me aconteceu? Não ter o que quis!
E um dia também vais passar esta mensagem:
viver pode ser difícil mas tu tens essa coragem!

(3-1-2013)

quinta-feira, 14 de março de 2013

I CAMPEONATO NACIONAL DE POESIA - Jornada IV

"Eis o desafio desta semana:
Escreva, usando não mais de 300 palavras,um poema que contenha a seguinte expressão: “sou do tamanho de todo o mundo”."


Ora, essa é mesmo a grande questão!
É uma nova forma de estar na vida,
talvez um regresso ao primitivo,
o contacto com a natureza, o respeito mútuo…
Uma parte anarquia, uma parte comunismo;
ainda estou a pensar como o definir
e se é de facto novo ou algo que já existe…
Sou uma pessoa e penso que posso mudar:
evitar as guerras, acabar com a fome;
talvez seja demasiado idealista, aceito,
talvez nunca possa acabar com o preconceito,
e com as classes sociais e com a miséria,
mas chegam notícias que me deixam a pensar
Que mundo é este em que habito?!
O meu jardim está bem cuidado,
as flores desabrocham lindas como sempre,
mas se eu continuar a marcha até ao infinito,
até àquele rio a milhares de milhas daqui,
até àquele ecossistema fundamental para mim
e que nem sei sequer que existe,
estarão bem como eu estou?! Somos iguais!
Átomos, moléculas, poeira cósmica!
Uma gota de água? Sou eu!
Um rio? Sou eu.
Uma nuvem?
Sou eu!
E és tu!
E somos todos!
Uma erva que cospe oxigénio para mim?
Devo agradecer! Devo preservar! Amo!
É tão semelhante a mim! Morre. Nasce. Vive.
Se tenho consciência para que me serve
se não para ter consciência da realidade?!
Sou um emissário da mais cândida pradaria,
um raio de luz, um trovão, sou o vento!
Sou do tamanho de todo o mundo
e sou belo na minha essência!
Somos todos um!
Hoje vou ser feliz no mundo em que nasci,
no sistema solar que me abriga,
no universo que me aconchega,
na existência que partilho com todos
nesta mesma dimensão, neste tempo.
Sim, acredito em algo,
numa ordem natural e comum ao todo,
a todos,
penso que se pode chamar assim.
É esta a minha religião;
fui suficientemente claro?

(27-12-2012)
(este foi o meu poema mais bem classificado no campeonato)

sexta-feira, 1 de março de 2013

I CAMPEONATO NACIONAL DE POESIA - Jornada III

"Eis o desafio desta semana:
A sua melhor amiga vai partir – e ficará sem a ver
durante muitos anos.
Escreva-lhe, usando não mais de 300 palavras, um
poema de despedida."


Que se pode fazer
quando se sabe que vai acontecer
aquilo que não queremos?!

Quando nos vamos voltar a ver,
alguma vez mais?!
Talvez uns anos, dizes…
Como vou sobreviver?
Com quem vou tomar um café
e contar todas as novidades?
Já sinto saudades
de quando nos chateamos…

Aprendi de bocas fraternas
que as verdadeiras amizades são eternas…
A memória permanece
mesmo quando a noite escurece
e leva o nosso brilho no horizonte…
E eu pergunto: para quê?!
Não quero viver de memórias
e assim a tua luz apaga-se para mim!

Um dia vou acordar
e não será um pesadelo,
estarás mesmo longe…
E por mais que eu tente,
por mais que eu faça,
nada te vai trazer de volta…

Olharei para o mar
até onde a vista se perde
e não terei qualquer esperança.
Um dia vou descobrir
que perdi a minha melhor amiga
e que me vai custar imenso…

Até lá espero adormecer
na vã ilusão
de um até amanhã
mais longo do que a própria memória.
É tanta a vontade que não partas
como a vontade de te esquecer
assim que entrares naquele avião…

Se um dia voltares
e se nos encontrarmos
quem seremos nós?
Não sei se quero saber…

O mesmo destino que hoje te leva
que amanhã te traga
com todas as respostas!

Os anos serão segundos,
o café estará a arrefecer
e o mar revolto acalmar-se-á.
Vais sorrir para mim e dizer:
“Dormiste bem?”

(20-12-2012)

I CAMPEONATO NACIONAL DE POESIA - Jornada II

"Eis o desafio desta semana:
Escreva, usando não mais de 300 palavras, um poema que
comece pela palavra “tudo”."


- Tudo me pressiona, ultimamente:
crise, indecisão, “Por que não emigrares?!”,
“És a mudança!”; o primus inter pares
que salva a anciã geração, demente.

“ Tudo em mim se espera, fico doente,
tudo me deprime mas não repares…
Sim, vamos sair, assim mudo de ares;
desculpa-me, não me vais ver contente…

“ Será isto crescer? O ser adulto?
Podia não aceitar, é verdade,
e assim fugir da responsabilidade!

“ Para quê o dinheiro? Ou até ser culto?
Podia dizer que não mas fico mudo,
não se pode dizer que não a tudo…

(13-12-2012)

I CAMPEONATO NACIONAL DE POESIA - Jornada I

"Eis o desafio desta semana:
Imagine que celebra, hoje, 45 anos de união com a
pessoa que ama e sempre amou.
Escreva-lhe, usando não mais de 300 palavras, um
poema."


Bem, sempre apreciámos a sinceridade
e nada melhor há do que a amarga verdade,
e já que entre nós nunca houve cá mariquices…
Eu dizia piadas, esperava que te risses!

Se ainda tenho tudo isto na memória
vou continuar a escrever a nossa história:
eu pensei que seriam só mais umas fodas,
sempre assim foi e também não te incomodas,
a beleza nunca faltou, nem sequer o charme,
como acreditar que um dia ias amar-me?

Como tu e eu sabemos, nada é perfeito,
nem para nos aturarmos temos qualquer jeito,
tu nunca me dás paz, como é que eu relaxo?!
Ou é uma vassoura pelas costas abaixo,
ou são discussões, uma distracção frequente,
por isso temos uma filha delinquente!
E um belo rapaz, pai pela décima vez!
E a culpa é nossa, como é que não o vês?!

Quem diria que um dia seríamos avós
e os nossos filhos respeitariam a nossa voz
sem qualquer reacção contestatária?!
Há dias em que a experiência é necessária!

Não somos católicos mas casámos na igreja,
a tradição, e os pais, impõem que assim seja:
vestida de branco, qual mulher submissa,
desde então nunca mais ouvimos uma missa;
vestido de negro, à empregado de mesa,
há algumas fotos, aconteceu de certeza!

Bons e maus momentos, frios, quentes e mornos,
eu sei muito bem que já me puseste os cornos;
jurei negar-te o sexo durante todo um ano
mas então lembrei-me que eu também me engano…
Herrar é umano, perdoar-te é divino;
lembras-te quando nasceu o nosso menino!?

Nada correu mal pois nunca fizemos planos,
será que já passaram quarenta e cinco anos?!
Detesto aturar-te com esse mau humor
mas o tempo passa… e acredito que é amor!

(6-12-2012)

Campeonato Nacional de Poesia

Há uns dias participei no primeiro Campeonato Nacional de Poesia (http://campeonatodepoesia.blogspot.pt/). Fiquei na segunda metade da tabela final de pontuações. Não gostei particularmente dos desafios propostos mas teve a sua graça participar... Não gostei particularmente dos poemas vencedores em cada jornada mas a poesia é tão subjectiva... Obrigado a todos os que me acompanharam ao longo do campeonato, incentivando, inspirando, criticando e lendo... Restam dez poemas que vou aqui publicar!

sábado, 26 de janeiro de 2013

Hmmm...

Hmmm...

Visitante 6000

Não apareceu ninguém a reclamar o seu poema. Estejam atentos para o vistante 7000! :)