sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Prisioneiro de um sonho!

Pesadelos cor-de-rosa, azuis, violeta,
mios guturais, rugidos de mansinho,
corro e corro mais e nunca chego à meta,
sou perseguido apesar de estar sozinho,
acomodado neste terrível pesadelo!
Estou livre, preso na lã deste novelo
que desnovelo ao ler novelas de novo,
estou quentinho e apertadinho no ovo
até perceber que sou da geração rasca
e então começo a bicar a minha casca
e não me deixam porque assim entra a luz!
Para muita gente é esse o caminho da cruz,
essa libertação, esse passeio, o calvário,
ter mais um dia a perder no calendário
quando após 366 tudo está na mesma!
Nem um centímetro ao lado, nem uma lesma
no seu vagar conseguia andar tão devagar!
Arrasto e deixo que o meu rasto se vá apagar
pois trilho o sarilho deste feio passeio
sem encontrar ou sequer tentar um meio
de lá voltar e aprender com o passado!
Passado, estou, sim, e mais cansado
do que um discurso sempre repetido, gasto,
estou sozinho nesta cela e cá me agasto
a fazer nada e a fazer nenhum com vontade!
Ai tenho vontade de fazer mais, de verdade,
a verdade é só uma, eu gosto desta sentença,
ao contrário do que penso que a maioria pensa,
eu sou o mais feliz de todos os prisioneiros,
eu sou o mais original de todos os pioneiros,
sinto-me o primeiro e não me envergonho
de ser, por opção, prisioneiro de um sonho!

Concurso Visitante 6000

De novo, vou oferecer um poema personalizado ao visitante 6000. Só têm de ir visitando o meu humilde blogue e provarem que são o visitante 6000. Depois disso, eu ofereço um poema personalizado. Simples e eficaz! XD

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

QUERO!

Tudo! Eu quero tudo!
Tudo o que eu puder ter eu quero!
Quero tudo, não posso ser mais sincero!
Jóias, dinheiro, felicidade, loucura,
drogas, doenças, fama, fé e bravura!
Desgraça, graça, conteúdo, futilidade,
quero dizer a mentira, o nim e a verdade!
Quero ficar doente, estou sempre saudável;
para mim mais do mesmo é desagradável
e tem de se ver o lado positivo,
só está doente quem está vivo!
E eu estou! Vivo! Vivo! E vivo tudo!
Sexo, orgias, sado-maso e genitais,
homens, mulheres, animais e vegetais!
Quero pudor, quero dogma e devoção,
quero ser o mais casto desta nação
até descambar num samba de sensações,
noite e dia, até me embriagar das reacções
daqueles que exercem a censura!
Óptimo, quero sentir a ditadura!
Quero sentir a liberdade!
A imberbe angústia adolescente,
a meia-idade que produz gente
e a decadente terceira idade!
Quero recordar e sentir a saudade,
quero esquecer e ser um ser utópico,
Uma força natural, um ser ciclópico,
pequeno e raquítico, um badameco!
Ora oro, ora agora, ora, ora peco,
peco de virtude, de consciência,
peco de leviandade e persistência!
Quero ver o mundo acabar,
quero comer até rebentar:
ah mas que grande farra!
Quero muita uva e muita parra,
quero filhos, netos, bisnetos
e não ter de aturar esses irrequietos!
Quero um emprego, quero um salário,
quero ter tempo e outro calendário,
Ler, escrever, ouvir, calar, escutar,
quero sentir-me mal e quero bem-estar,
quero paz, quero amizade,
quero solidão e rivalidade!
Quero e tenho tudo, quero e tenho nada,
tenho e quero tudo, tenho e quero nada…
Quero, tenho, não quero e desespero
pois eu simplesmente não sei o que quero…

13-12-2012

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Parabéns!

- Um relacionamento pode ser sério;
para quê tanto mistério?

- És capaz de brilhar no escuro;
para quê ser tão duro?

- Tanto silêncio soa-me a barulho;
para quê tanto orgulho?

- Podias dizer que tinhas saudades;
é a última das verdades?

- Podia mas não quero, compreende;
assim quem se arrepende?

- Assim? Como? Como assim?

- Assim. Como. Como assim.

- Não te percebo nem por um instante.

- Não percebes que é tudo um instante.

- Não.

- Sim.

- Talvez.

- Sim.

- Não.

- Sim.

- ...

- Parabéns!

- Obrigada.

- De nada.


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Estes olhos...

Estes olhos... hmmm... cheiram a magia!
Hipnotizam... e como isso me contagia!
Serão verdadeiros ou uma pura mentira?
Olhos postos nos olhos, ninguém mos tira.

Mais do que apenas ver algumas cores,
são atentos, viperinos, caçadores,
mais do que limita a imaginação;
como descrever o que estes olhos são?

Estes olhos, que respiram desejos,
estes olhos, que são lábios e beijos,
ora castanhos-terra e verdes-mar,
contra a maré há que remar, remar...

Estes olhos dum telúrico matizado,
haja luz e nunca um pólo dilatado,
escuro, onde furtivos, até vulpinos,
perseguem suas presas, clandestinos.

Estes olhos conseguem ser algo sério,
mesmo doces e envoltos em mistério,
estes olhos que destilam os sonhos
que sugerem a outros olhos, bisonhos.

Estes olhos são vivos e curiosos,
ingénuos-bebé ou velhos-manhosos?
Como posso aferi-lo quando os venero,
será que o belo pode ser tão sincero?

Como ter a certeza sobre a realidade;
sou um sonhador e o que é a verdade?
Fecho os olhos e recuso essa visão
mas assim adormeço e é igual a ilusão...

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Último dos Padrinhos - Mario Puzo

Depois de ter lido "O Padrinho", "Omertà", "A Família" e "O Siciliano" (não necessariamente por esta ordem), seguiu-se um dos livros que já tinha comprado há uns anos mas ficou sempre na prateleira. Até há dias. E depois de ler mais um de Mario Puzo, a vontade que tenho é de continuar a conhecer a obra deste autor.

"O Padrinho" é melhor, sem dúvida. E este não está muito longe em termos de ideias. Volta a haver um poderoso Padrinho (neste caso, e literalmente, o último dos Padrinhos) cuja Família é a mais poderosa da América, volta a preparação de uma nova geração que lhe sucederá e o recorrente tema da legitimação das actividades mafiosas através de receitas legais, como o jogo (apostas e casinos), o cinema, e, em menor extensão, a restauração, a construção e o jogo da bolsa, no caso Wall Street.

Algo que acho curioso neste livro, e que já estava presente n'"O Padrinho III", o filme, pois o livro só dá origem aos dois primeiros filmes da trilogia (para já), é a noção de que quanto mais se sobe na "hierarquia social" (seja lá isso o que for...), quanto mais se tenta legalizar a actividade da família, mais corruptos, oportunistas e ladrões se encontra. Talvez com outros nomes, talvez mais bem disfarçados, talvez mais bem engravatados e mais rodeados de advogados. A certa altura, os maiores mafiosos nem parecem ser os Americanos descendentes de Sicilianos mas sim os grandes produtores de Hollywood, os gestores dos casinos e, obviamente, os políticos.

Acho igualmente curioso o elevado número de personagens e histórias paralelas que encontramos neste livro. Pode-se argumentar qual será a história principal do livro; creio ser este esforço de "legalização" da Família, esta visão de Don Domenico Clericuzio, acertada, a meu ver, e de tudo o que é preciso fazer para este fim, chegando a um maquiavelismo sórdido capaz de levar um sobrinho a matar um neto que destruiria a visão do avô. Um avô que o acarinhara e lhe ensinara tudo. Não o poderia matar, obviamente, mas induz o sobrinho a fazê-lo, incoscientemente. Sublime! Tudo o resto são histórias, não menos interessantes, sobre o fascinante mundo (e submundo) de Las Vegas e Hollywood, que é como quem diz das poderosas indústrias dos casinos e do cinema.

Admiro-me como este livro deu origem a uma mini-série e não a um filme (necessariamente longo) mas claro que Hollywood teria sempre alguma resistência em expor os seus podres. Sinto sempre alguma desilusão quando vejo os filmes que chegam de Hollywood e creio que este livro tem mais "história" do que muitas das últimas produções que tenho visto...

Há um Padrinho do cinema, há um Padrinho dos casinos, há um Padrinho da última família rival e há o último dos Padrinhos que se aguenta aos rigores da passagem do tempo como um símbolo da sua própria ambição desmedida. E sempre a dar conselhos aos seus descendentes. Conselhos que se revelam sempre acertados. Apenas no final do livro todas as pontas soltas se unem e a teia é fantasticamente tecida; ao longo do livro senti-me várias vezes amarrado nesta teia, impossibilitado de me soltar, atento a todas as direcções à espera de uma qualquer aranha para me atacar. Há alturas em que a narrativa é totalmente imprevisível, o que torna o livro interessante e não apenas uma cópia ou uma continuação d'"O Padrinho". Há um estilo próprio, mais abrangente, com a acção a esticar-se de Nova Iorque a Las Vegas, com direito a umas pequenas passagens pela Europa via Sicília, Nice e Paris. Políticos corruptos, políticos alcoólicos, políticos abstémios, crianças autistas, argumentistas geniais, argumentistas desprezados, fornicadores amadores, fornicadores profissionais, proxenetas produtores, produtores de orgias, organizadores de eventos, doidos, inteligentes, esclarecidos, sapientes, artistas, vedetas, drogados, ex-drogados, drogados feitos senhores, conhecedores, polícias corruptos, ex-polícias corruptos, ex-polícias corruptos agora assassinos, futebolistas, ex-futebolistas, ex-futebolistas suicidados, gaiolas vazias, gaiolas cheias (e não de pássaros), iates no mar alto a largar gaiolas, orgias e outras festas, dinheiro, fichas, roletas, ...; isto nunca mais acaba, um livro que parece chegar a todos os cantos da sociedade americana, um livro que põe a nu as estratégias mais escabrosas para deter o poder, nas suas diferentes formas. A ler e a reflectir.

Como de costume, deixo aqui algumas das citações de que mais gostei, e sublinho a primeira, de um livro que adorei ler e que dificilmente esquecerei.


"O passado é o passado (...). Nunca lá voltes. Nem para procurar desculpas, nem justificações nem felicidade. Tu és o que és, e o mundo é o que é." (29)

"Nenhum homem consegue esconder a sua verdadeira natureza a alguém que viva próximo dele muitos anos." (72)

"Tudo parecia confirmar o velho truísmo de que uma pessoa corre sempre mais perigos com a lei quando está inocente do que quando é culpada." (81)

""O mais importante na vida é ganhar o pão de cada dia."" (88)

"Como qualquer artista, queria que o mundo a amasse." (132)

"A sorte, porém, compraz-se a desfazer os planos mais argutos (...), a mais insignificante das criaturas pode ser o agente causador da perda do mais poderoso dos homens." (162)

"O mal era que toda a gente se tornava mole por causa de uma boa vida." (179)

"Os velhos hábitos custam a morrer." (183)

"Devia ter casado outra vez. As viúvas são como as aranhas. Tecem demasiadas teias." (185)

"Para inspirar verdadeiro amor, um homem tinha igualmente de ser temido." (284)

"Toda a gente é responsável por tudo o que faz." (288)

"Os excêntricos fazem coisas esquisitas para desviar a atenção dos outros daquilo que fazem ou são. São envergonhados." (318)

"Como o Don costumava dizer, não fazia mal cometer erros, desde que não fosse um erro fatal." (360)

"Claro que, na vida real, não havia nada que estivesse exactamente na "conta certa"." (361)

"Quase todas as tragédias são estúpidas." (372)

"Toda a gente tem azar uma vez na vida." (379)

"É perigoso ser razoável com gente estúpida." (399)

"(...) um mundo sem valores e sem sentido de justiça não pode continuar a existir." (399)

"Toda a gente tem suspeitas a respeito de tudo. É próprio da natureza humana." (401)

"Mas, oh, que perverso era aquele mundo que obrigava um homem a pecar!" (476)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Ilusão

Penso, num certo sentimento,
frio e duro como esta tempestade,
desconfortável como a chuva e o vento;
vem o sol e não me seca a saudade
quando descubro que uma grande ilusão
só pode acabar em uma grande desilusão.

Agacho-me, só no meu canto,
frio e duro como esta parede,
por que tive de passar por tanto
se nada há que me sacie esta sede
de vingança perante tanta injustiça?
Tenho esperança que ainda haja justiça?!

Deprimo, na minha mente,
fria e dura como eu não pensara,
serei menos gente do que a gente
que se ri enquanto a minha ferida sara?!
Pois a cicatriz que carrego será eterna,
rasgada por aquela que foi falsamente terna:
chamas-te ilusão,
venceste a razão
e tudo estaria certo
não fosse este deserto
que percorro após a tua tua transformação
em desilusão. Enfim, as pessoas são como são...

Escrevo, todo um testamento,
frio e duro; como a vida me altera ...,
dá-me um pouco de paz e alento
mas para sempre nunca se espera!
Quando sabes que tudo muda e não o controlas
só podes aprender com o como te descontrolas.

Regurgito, todo um passado,
frio e duro que nem o piloro passa,
ácido, básico, feio e ensanguentado
o meu corpo resiste à lança que trespassa:
qual cupido? Não! O meu coração dolente,
e tão empedernido, será que ainda algo sente?

Grito, e ouço a minha voz,
fria e dura a ecoar sem rumo,
quero atingir todos os que como nós
sobreviveram à chama e vêm entre o fumo
que tenta ofuscar o óbvio que todos pareciam prever,
e que nós também sabíamos mas não quisemos ver:
chamas-te ilusão,
venceste a razão
e tudo estaria certo
não fosse este deserto
que percorro após a tua tua transformação
em desilusão. Enfim, as pessoas são como são...

sábado, 13 de outubro de 2012

Chegas ao fim do passeio e atravessas a estrada...

Chegas ao fim do passeio e atravessas a estrada...

O Sol brilha com igual intensidade

O Sol brilha com igual intensidade
àquela com que brilhava na Primavera
e se queres ter uma opinião sincera
sabe que eu não digo senão a verdade!

Visto-me e revisto-me de ansiedade
à espera de sair e de te ter à espera
e espero por ti e já se desespera
porque não sei se é atraso ou maldade...

O cabelo é comprido, está atento,
um dia vamos sair e comer um gelado
e os fechinhos fechados até reluzem.

Abraçar-me-ás num dia frio de vento
e veremos que o teatro foi bem encenado
de marionetas que por nós se conduzem.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Queijo e cenoura

Esconde a tua revolta: volta!
Volta a ser o que havias sido
e deixa de ser assim tão convecido
pois eu sei que tu não és assim! Sim, não és, não!

És capaz de comer duas no mesmo dia,
tu que és um dependente do bife,
não esperes que eu espere mais por ti
porque queiras ou não há mais quem queira
e eu quero quem me quiser apesar da química
que sinto enre nós e estes nós que crias em nós
são como estas nódoas no meu pescoço
e que não reparei e que não senti
mas tu sabias e não me disseste
e agora sabes e não me dizes
e estás a atar os laços soltos deste colar
e se calhar não te vais libertar
desta prisão que tu criaste
e então vais ter a certeza que erraste!

Complexo, esta realidade não tem nexo!

A tua resposta foi muito curta,
tens de explicar melhor,
andas a brincar comigo?!
Achas que tenho idade para isto?!
Decide-te!
Até podemos ir à Itália juntos,
e voltar juntos,
e continuar juntos,
e ver as fotos juntos
e juntos discutir
e planear
a próxima viagem!

Depende da maneira como me queres conhecer,
depende do que queres ser em vez de parecer,
depende de ti, não de mim,
depende de te decidires a deixares-te conhecer,
qual o meio e qual o fim
quando és assim
e não te posso entender?

Não sou de falar muito,
sou de sentir muito
e não me deixas sentir o que quero...
Por que não!?
Que te fiz para me tratares assim,
tão mal,
tão mal,
tão mal...

Tão mal...
Estão mal...
Estão mal...
Estás mal...
Estamos mal...
Estás mal...
Está mal...
Mal...

Mal-estar...

"Dava tudo para conseguir arrancar de ti a sensação de seres tudo o que não és!" ...

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Demos as mãos

Demos as mãos
e sobre as minhas passeaste os teus dedos,
sentimentos irmãos,
a fraternidade com que partilhas os teus medos,
a doçura com que me revelas os teus segredos;
disse que não íamos ficar por aí e, qual Nostradamus,
a viagem foi muito para além destas mãos que nos damos...

Foi um abraço
e sobre o mesmo passeaste os teus braços,
comum o espaço,
comungámos inocentemente em longos passos
a sobriedade de carácter dos nossos traços,
marcados na areia molhada que até hoje pisamos,
a viagem foi muito para além do quanto nos abraçamos...

Era carinho
e sobre ele passeaste as tuas carícias,
meu caro vizinho
partilhamos nesta mesma rua várias delícias,
empanturramo-nos das iguarias mais propícias
à diabetes de que não sabemos se escapamos,
a viagem foi muito para além daquilo que acariciamos...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Depressão, ansiedade e outros estados mentais

Correm sem parar e não abafam os seus gritos,
ajoelham-se no altar da senhora dos aflitos,
mamam uns xanax como se fossem conguitos,
têm a certeza que fazem parte dos proscritos.

Depressão, ansieade e outros estados mentais,
carnes coaguladas transformadas em vegetais,
mentes estagnadas cuja inteligência rejeitais,
vagueiam no vosso destino, as alas dos hospitais.

Fumem umas ganzas como o meu médico aconselha,
acreditem que com a minha idade não estou velha,
finjo-me de parva e faço tudo o que me dá na telha
e rio-me na minha cara na minha pele que se engelha.

Sento na cadeira, ouço o som da minha guitarra,
falam muito de formigas mas prefiro ser cigarra,
tenho a minha personalidade e ninguém me agarra
pois só com a minha atitude é que ela se esbarra.

Eu quero amor e paixão como se vê no cinema,
não faço questão nem vejo nisso um problema,
mas o tempo passa e iludo-me já por sistema;
só a podridão da escolha errada é algo que tema...

Complexo

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Não.

...

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Não!

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.
...
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!
!
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Sim.

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Sim...


.
...


Talvez...


Sim!

Sim?!

Sim!

Não?

Não?!

Não!

Sim.

Talvez.

Afinal é talvez.

Talvez...

Pois...

Deve ser...

Mas...

Mas o quê?

Enganas-me.

Enganas-me.

Enganas-me.

Não é fácil...

É complexo!

Ambivalente.

Incoerente!

Desinteressante.

Deixa-me.

Deixa-me!

Deixa-me em paz...

O mundo por vezes é tão complexo
e esta realidade não tem nexo.

Recuso-me a falar mais contigo.

...
...
...
...
...
...
...
...
...
...
.

Escusas de falar mais comigo.

...
...
...
...
...
...
...
...
...
.

É parecido.

Não é igual.

Não.

Não.

Mas...

E então?

Então...

Chega.

Isto é difícil...

E já beijei gajas e tal e... enfim... não colou.

Mas senti imenso.

Não é uma questão de escolha.

Que estou aqui a dizer? Não sei.

Por isso e tudo tão complexo.

.
.
.
.
.
.
.
.
.

Ponto final, parágrafo.

Igual.

Complexo.

E já sabes...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Simples

E quando o mundo se tornou mais complexo,
parei, pensei e fiquei simplesmente perplexo
perante tanta e tão boa simplicidade!
E parou, de repente, o toque da ansiedade.
O cansaço, inoportuno, mas tão presente
virou para uma paz que me deixou tão contente
quanto saber o que, imagine-se, a causara!
E surgiu-me, no horizonte, uma afável cara!
Mais cara não me podia ser, tão confortável,
tão simples que se tornou até, veja-se, desejável
e então as peças do puzzle juntas tornam claro
que é por vezes no mais simples que não reparo.
Deparo-me, ainda assim, com uma memória,
recente, de quando quis mudar a história
e parece que não consegui, que insucesso,
ainda bem que nem tudo o que não quero impeço.
Como eu não te compreendo e como te invejo,
como me tento afastar e como te desejo,
como pude ter os olhos fechados se é tão evidente
que a tua simplicidade é tão atraente...
Imagina que havia dois de mim, que decadência,
e o tempo que foi perdido, bem, paciência,
não sabemos o que queremos, vamos indo e vamos vendo,
o futuro não é o ideal, é o que vai acontecendo.

Para quê complicar o que pode ser simples?

Afinal, quem tem que aprender com quem?

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Olá! Já sei porque fizeste o que fizeste

Olá! Já sei porque fizeste o que fizeste
E até to diria mas será o nosso segredo.
Não temas porque esta mensagem é um teste
Às aptidões daqueles que fogem do medo
Como eu fujo de certos lugares isolados.

Não tenho medo de ti agora que sei quem és.
Antes não tinha porque pensava te conhecer...
No dia em que finalmente me deste com os pés
Doeu-me todo o corpo de tanto estremecer
Pois deram-me arrepios gelados que adorei!

"Um dia não são dias" ouço tantas vezes dizer
A pessoas que vagueiam como as ondas do mar...
Idos os dias em que nos enchiamos de prazer
E aqueles em que continuávamos a tentar amar
Ficou aquela espuma sobre o teu moreno areal...

O sal da vida, o que nos define, são os momentos
Que nos distinguem daqueles que não questionam
O porquê de tudo o que nos rodeia... Tormentos
São esperanças dum Mundo melhor mas que me tornam
Apenas mais um alienado com a boca sequiosa...

15-09-2008
(in http://ansam518.files.wordpress.com/2011/03/the-number-27.jpg)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Tenho saudades dos campos de trigo

Tenho saudades dos campos de trigo
onde corria sem rumo mas contente,
em nada pensava e agora não consigo
deixar de pensar, descansar a mente...

Ir sempre em frente era o melhor caminho,
não havia espaço para quaisquer enganos,
mesmo estando não me sentia sozinho,
são as melhores memórias que guardo há anos...

Tão longe e tão perto,
sei que o mais certo
é não lá voltar;
dourado deserto,
um sonho aberto
que me dá bem-estar,
mas quando acordo
e disto me recordo
dá vontade de não despertar...

Tenho saudades dos vários insectos
que à minha volta se coleccionavam,
desde aí passei por vários aspectos
que por esses dias nem se equacionavam...

Sorriso fácil, tudo era aprazível,
amigos eram todos os que avistava,
a minha voz doce era sempre audível
e estava sempre bem onde sempre estava...

Tão longe e tão perto,
sei que o mais certo
é não lá voltar;
dourado deserto,
um sonho aberto
que me dá bem-estar,
mas quando acordo
e disto me recordo
dá vontade de não despertar...

Tenho saudades do cheiro da terra
que húmida se evaporava no ar,
e se é certo que toda a gente erra
erro eu em tardar a regressar...

Paz instalada, ouço bem a cigarra,
fresco numa pedra à sombra instalada,
desato a correr e ninguém me agarra,
liberdade tão boa no tempo estacionada...

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Silêncio.

Silêncio.







Silêncio.






Silêncio.





Silêncio.




Silêncio.



Mais... silêncio.



Mais...



Silêncio...



...



Posso ouvir tudo com clareza mas só ouço... silêncio.




Assim estivesse surdo e ouviria mais do que silêncio...


Pois que não haveria silêncio há minha volta, apenas na minha mente,
e contudo este silêncio que me abraça está em mim tão presente...


E silencia-me.


Podia falar mas para quê?!


A parede responderia, é verdade,
a cada vibração reflectida,
mas tenho aquela saudade
de ver uma ideia debatida
e a parede só me dá mais do mesmo,
só me dá a minha opinião...

E distorcida...

E quero outras...

E não as tenho...


Silêncio...


Onde me escondo...


Que me esonde...


Vou para onde?

Neste buraco...


Silêncio...

Melancolia.


Desespero.

E porquê?

Nada se passa,
que calmaria,
era só isto que eu tanto queria
e agora que o tenho, como me sinto?!

Silencioso e extinto!

Extingui-me, como uma luz que definha até desaparecer...

Como um lume que crepita até apagar...

Devagar....


Muito devagar...

Até que nada se vê,
nada se ouve,
nada aquece...
E a força dos homens desaparece...

Imenso, é este silêncio.

Gigante.

Intenso.

E até pensar faz barulho.

Pensei nisto.

E isto desfez a paz que me consome.

Tenho fome.

De silêncio.

Quero voltar
a estar
em silêncio.
Sem pensar.
Sem me alimentar
nem alimentar a esperança
de um dia voltar a ouvir
uma voz que seja
pois estou calado
quem me ouve
são os outros e nunca eu...

Quem os ouve sou eu
e não os ouço
e então o silêncio é extremo...

Deixem-me estar em silêncio...

Para sempre...

Sempre...

Sempre...

Sempre...




Às voltas com o tempo...

Chovem raios de sol,
nas paredes do meu quarto,
e acordo do sonho,
e afinal chove mesmo...
mas água! Claro!
Clara!
Cristalina!
Só que é ácida!
Azar, azar,
não a quis provar
e pareceu-me boa
para tomar
um banho
sem gastar a canalização!
E... tomei!
O banho!
Com a água da chuva!
E... gostei!
Apesar de estar fria!
Mas...
hey Pedro, manda sol!
Manda sol!
Só para mim!
Só hoje!
Vá lá...
Vá...
Eu desnudo-me para ti!
Vá lá...
Vá...
Não vou insistir,
não vais resistir
quando te disser
a razão de tal paz!
Paz! Paz! Paz!
E chove, chove,
chove mais...
E é Verão!
Verão!
Verão como é
o Inverno!
Gelado!
Ai não, aquecido!
Derretido!
E algures
no meio do caminho
as folhas caíam
mas era da chuva
ácida
e não do
Outono!
Camada de ozono!
Desfeita!
Flores! A ...
desabrochar!
Devagar...
Devagar...
Devagar...
Ui ui ui...
Já está,
já é Verão!
Não, Primavera!
Não, espera,
não sei!
40 graus
mas é Janeiro?!
São rosas, meu senhor,
serão...
Tudo pode ser agora...
Agora?
Quando?
Já?
Já já?
Já já já?
Não tenho tempo para isto...
Não...
Tempo.
Com tempo.
Tem tempo.
Há tempo.
Foi tempo.
Será tempo.
A tempo...
Tempo...

Alquimia sentimental

Alquimia sentimental, tendo uma pedra em vista,
não a filosofal, uma sentimental que não me resista;
como posso saber se há ouro no teu coração empedernido?
Será que é frio por ser de metal ou por já ter sofrido?
Eventualmente como o coração de muita gente
que sobreviveu à traição de um fogo quente
onde os humores se evaporam no ar, destilados,
onde os amores perdidos foram já encontrados...

Quero uma poção fundamental, não me vendam a banha da cobra,
um metal tão resistente que seja pau para toda a obra,
quero viver para sempre, ou até encontrar o que procuro,
então verei a razão e terei feito o destino que tanto auguro.
Onde está o remédio para tudo, minha deusa Panaceia,
se a luta é constante haverá uma Themis que a premeia?
Chorei lágrimas de prata sobre o meu cadinho de porcelana
onde macerei folhas da árvore-de-judas por quem me engana...

Já me cansam aqueles que brincam no fogo, os charlatães,
pensam que ignoro o seu jogo... Uns da areia são capitães,
perdidos num Mundo inconsequente, outros são da areia grãos,
inconsequentes pela sua pequenez mas somos todos irmãos,
dizem os crentes, pois os alquimistas dizem só liberdade!,
mas da prisão dos sentimentos escapará alguém com saudade?
E o fole incentiva a chama com que se encarvoa o caldeirão,
e os sentimentos que se complexam quão complexos serão?

Agradecimento especial à Filipa Mendonça, cuja alquimia sentimental continua em estudo...

domingo, 22 de julho de 2012

Homenagem a "La Maja Vestida" com pomenores da actualidade que justificam o interesse superior no quadro que se me apresenta

Não vou estar aqui com delongas
porque o assunto é sério!
Sim, foram as pernas longas
que me tiraram do sério!
A sério, não precisas de mo perguntar.
Não, a sério, deixa-as estar
mas vê lá se tiras as sandálias
de cima da cama! É mesmo necessário?
É que essas flores... são dálias?
Não... são rosas? Pelo contrário,
a pose não está pouco interessante...
Bem, o pormenor do calçado é irrelevante.
Mas assim nem se notam as flores
contigo a tirar-lhes o brilho...
São pálidas e por falar em cores
lá voltam as sandálias a dar estrilho
nesse vermelho vivo. Ou é carmesim?
Agora fiquei na dúvida. Avancemos.
Sabes que o meu maior interesse é em mim,
sou humilde mas modéstia à parte,
temos de ter interesse no que vemos
e, como se diz, quem parte e reparte...
Mas não te partia, o melhor são as pernas
mas o resto também é interessante
que eu no fundo até gosto da atitude
e tal... O vestido é provocante,
e contemplá-lo-ia amiúde,
mas tens de encher melhor isso,
sendo-te muito sincero;
tenho é de quebrar este enguiço
de não ter aos detalhes total acesso,
não que seja má a resolução, espero,
sabes que sou um analista, confesso,
analiso tudo, e no fundo será renda?
Fica lá muito bem! Os meus parabéns!
Afinal pode ser que de ti algo aprenda
com tanto bom gosto na apresentação!
Quanto ao veneno que sempre tens,
bem, nunca o vi tão evidente!
Que já estás da cor que eles são
e a cauda dissimula-se mas está presente,
quase a vejo no ar, à espera da presa,
ai que bem que tu os pões em sentido!,
sei bem que é essa a tua natureza,
mas outrém porventura menos esclarecido
com certeza que se punha a jeito!
O teu disfarce é quase perfeito!
Quase porque eu o descobri! Agora!
Ambos sabemos que há muita carne lá fora
mas qual Maja vestida, qual quadro de Goya?,
será que alguém vai na tua paranóia?!
Contudo, é um belo quadro, cativante!
Uma boa inspiração, quase até excitante!
Que estás a magicar, com esse ar tão sereno?
Aposto que depende para onde balança o veneno...
;)

Uma dor lancinante no osso sacro

Diz o povo sábio, com tal indiferença,
assim: "cada cabeça sua sentença",
e tem razão, pois há senso no comum,
há tanto no vulgar que é, só, nenhum.

Inebriado já pela bem-querença,
a inédita droga, na tua presença,
esfuma-se, bela, no ar oxidante,
artefactual estado dilacerante.

A paixão repete-se a todo o instante
como uma faca aguçada, penetrante,
como um relógio que não se regula,
adiantado, desde a pele até à medula.

Uma dor lancinante no osso sacro
com que, orgasmicamente, me massacro;
venho-me em ti com igual satisfação
à que encarno no papel de realização.

Filmado quem o suporia original?,
tal o conteúdo surreal, marginal,
eventualmente presente no teu peito
úbere, com que o povo é satisfeito.

Quem é detentor de tanto conhecimento?
Quem é o ocaso? O ócio? O esquecimento?
Um momento só de verdadeira paz,
um monumento só onde a verdade jaz.

Desliga-o, já, recolhe-lhe todos os cacos
e atesta-lhe de remédio os buracos
pois há quem tenha tido muitas doenças
apesar de este contexto recusar avenças.

Porcelana, cambraia, enfim, um brocado
pungido freneticamente, não depurado,
uma beleza incontestada mas gasta,
por que é que alvo algodão não te basta?!

Visitante 5000

Este poema é dedicado à Sofia;
diz-se que sempre alcança quem porfia,
e uns obtêm-no de forma bem subtil:
conseguiu ser o visitante 5000!

Há sempre razões para uns porquês,
não queria este poema, por timidez,
mas apresentou as provas requeridas
e as promessas são para ser cumpridas!

Ambos, não acreditamos em magia,
protegidos pela mesma astrologia;
basta que tudo seja bem ordenado
para se poder viver mais descansado.

Descansado demais, vai por mim, acredita,
que este efeito na pele até irrita,
não menos do que picadas de insectos,
que sentes, como sonhos bem concretos.

Este é nem o último, nem o primeiro,
má memória, boa fortuna e não é dinheiro,
ai os ciúmes, que são até pecado,
escritos de mim todos têm um bocado.

Serão as palavras um mal necessário,
espero também a estas um comentário,
estas são só tuas, se não me apoquentas,
minha fiel amiga de leituras atentas.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Memorial do Convento - José Saramago

Ao contrário da maioria, o meu primeiro contacto com Saramago não foi através deste livro mas sim "A Jangada de Pedra". Prefiro o segundo, ou seja, o primeiro que li, entenda-se, mas, como se diz, "não há amor como o primeiro"... São dois livros fantásticos, contudo, e espero continuar o meu estudo da obra de Saramago. Obrigado Lisete por me cederes a obra, boa leitura Marta que a estás a ler.

Começo já por criticar o facto de ser um livro de leitura obrigatória no 12.º ano (bem, nas escolas que o escolheram). A mim coube-me a "Aparição" e daí o meu contacto tardio com o nosso Nobel. Que o romance de Vergílio Ferreira é de qualidade inferior, acho que não há duvidas; de igual modo, o livro de Saramago escolhido também me parece demais para jovens imberbes. Algo a meio caminho eu recomendaria, e a nossa literatura é riquíssima; os nossos decisores nem tanto.

O meu receio prende-se com a leitura difícil, nomeadamente num primeiro contacto, nomeadamente nas primeiras páginas. Creio que isto demoverá muitos do prazeroso acto de ler o livro; convenhamos que há muito a fazer para criar bons hábitos de leitura na nossa população, população jovem incluidíssima e esta obra parecerá aborrecida e, acimda de tudo, difícil e impenetrável para muitos... É uma pena se a determinação for baixa pois a obra é de qualidade elevada e, se assim o quiserem ou conseguirem, dá para reflectir e muito sobre o nosso pequeno país. Há problemas actuais que já existiam no antigamente e que vão continuar a existir enquanto não nos olharmos ao espelho e decidirmo-nos a mudar. E se os nossos políticos são péssimos, e sempre o foram, de um modo geral, também a atitude do povo é condenável, sempre subjugado a medos vários, sejam os da fogueira, naqueles tempos, sejam os do desconhecido, então, agora e sempre. Na única vez que nos aventurámos no desconhecido, uns verdadeiros empreendedores (termo que está na moda), conquistámos um império sem igual. Depois de o conseguir, estagnámos... Até hoje.

Para quem ainda não percebeu, o D. Sebastião nunca vai voltar! É a nossa inércia e resistência à mudança, é a nossa complacência, a nossa subjugação ao poder, é um convento construído com mão-de-obra escrava, é a Inquisição, é a falta de cultura de um povo, a falta de educação, é a condenação da diferença e a inveja de vermos os nossos a serem melhores do que nós; é o egoísmo, é uma jangada de pedra à deriva, de facto, e talvez separada de Espanha, somos uma ilha na Europa...

Um rei que vive acima das possibilidades (o rei, não o povo, atenção a esta fina distinção), uma igreja dogmática, inquisitória e sedenta de sangue, dinheiro e poder, "pão e circo", como uns séculos antes, a manterem o povo, escravizado, ocupado, inculto e dominado. Mais de dois séculos depois, e após a mudança de milénio, só mudam alguns pormenores pouco relevantes. Já não se enchem os touros de explosivos, "apenas" se espetam bandarilhas no dorso; já não há "bruxas" condenadas à fogueira pela Santa Inquisição, apenas um entorpecimento geral no país com maior consumo de anti-depressivos de toda a Europa; já não se recrutam escravos para construir conventos, faz-se de toda a população escrava, com promessas de "isto vai melhorar" e nunca melhora, por que será?, se há mais de 200 anos que não melhora, se não pontualmente, em episódios bonitos e aplaudidos, pequenos desvios que não nos tiram deste caminho de estagnação, hipocrisia e corrupção; já não temos um rei boémio, ocioso, néscio e desligado do seu povo, temos políticos boémios, ociosos, néscios e desligados do seu povo. Tudo igual, portanto.

Um Padre visionário que acaba por ter de fugir da Inquisição, um ajudante maneta (consequências da guerra num antigo soldado...) que acaba na fogueira; que pecado cometem? Querer voar! Uma jovem com poderes adivinhatórios que vê mais do que todos quando está em jejum, e cumpre assim o ritual matinal de degustação do pão, esse alimento indispensável à nossa nação, excepto quando quer ver mais. Esta "bruxa", assim seria considerada naquele tempo, é a única que escapa à fogueira, ou às investidas inquisitórias, ironicamente, mas não se livra de passar os últimos anos da vida numa busca incessante pelo seu amor, o ex-soldado, que acaba por encontrar semi-consumido pelas chamas "purificadoras" do último auto-de-fé a que tivemos o desprazer de assistir, pois todos foram demais. Uma passarola que efectivamente voou, pecado!, e que confundiu todos, poucos, quanto a viram mas que ficou no esquecimento geral menos nos de má mémória, que afinal a têm boa, outra vez ironicamente, os das fogueirinhas, obesos repesentantes da Igreja Católica, tenham vergonha na vossa história.

Um convento majestoso, construído por promessa da sapiência dos fogueirinhas, versão franciscana, aproveitando-se da pouca sapiência do nosso D. João V, nem terá sido o pior dos nossos reis, longe disso, imaginem os outros, eram outros tempos, é verdade, mas sempre houve pessoas e hierarquias, este tinha apetites sexuais por freiras, que hoje também os haverá como sempre houve mas são outras questões, e a sapiência destas raças católicas, digamos assim, aproveitando-se da opulência da nossa corte, pois o Brasil é grande agora e já antes era, fazem com que tudo seja possível, até escravizar o povo para agradar a outro povo, pois nem todo o povo é igual e uns que estão até mais bem alimentados têm mais regalias do que os que passam fome mas trabalham mais, ainda hoje é assim, qual o espanto?!

Um magnífico retrato do Portugal do início do século XVIII, do cheiro nauseabundo, do povo esfarrapado, do clero mal habituado, do reino abastado e da falta de rumo de um rei mal aconselhado. Há ainda espaço para uma história de amor, não menos interessante, de duas personagens "exageradamente" introspectivas para aqueles que os rodeiam, deliciosamente interessantes, com as suas características únicas, Blimunda e Baltasar, na tradução inglesa este amor dá título ao livro "Baltasar and Blimunda", tradução discutível pois é redutor, o livro não retrata uma história de amor, a meu ver, apesar de conter uma, apesar de estarem presentes no "centro" da narrativa, apesar de, pelas suas acções, se contar a história do livro, apesar de ajudarem a construir a máquina voadora, apesar disto tudo. Se Saramago quisesse enfatizar a história de amor, eventualmente teria chamado "Baltasar e Blimunda" à obra, por que não se eles lá estão sempre presentes?, mas não o fez.

A pontuação. Essa discussão interminável. Vou dar aqui a minha opinião, após a minha segunda obra de Saramago. Comecei por ouvir falar do nosso Nobel como "o que não sabe pontuar", "o das frases intermináveis", "o que não se consegue perceber nada porque não põe vírgulas", e tive de ler as suas obras para perceber o quão desajustadas são estas afirmações. Esta pontuação característica, e não diria inexistente pois ela existe, talvez mais parcimoniosa, aceito, imprime velocidade e acção à história. Esta novidade de Saramago deve ser celabrada, e não condenada, pois torna o seu estilo único e inconfundível, saboroso e cativante; deixem-se de dogmas, se não não percam o vosso precioso tempo a ler este livro.


Deixo algumas das citações que mais me marcaram:

“... pairam cheiros diversos na atmosfera pesada, um deles que facilmente identificam, que sem o que a isto cheira não são possíveis milagres como o que desta vez se espera, porque a outra, e tão falada, incorpórea fecundação, foi uma vez sem exemplo, só para que se ficasse a saber que Deus, quando quer, não precisa de homens, embora não possa dispensar-se de mulheres.”

“... pela casca não se conhece o fruto se lhe não tivermos metido o dente.”

“Se Deus é maneta e fez o universo, este homem sem mão pode atar a vela e o arame que hão-de voar.”

“ (...) é extraordinário como se formam um homem e uma mulher, indiferentes, lá dentro do seu ovo, ao mundo de fora, e contudo com este mundo mesmo se virão defrontar, como rei ou soldado, como frade ou assassino, (...) alguma coisa sempre, que tudo nunca pode ser, e nada menos ainda. Porque, enfim, podemos fugir de tudo, não de nós próprios.”

“ (...) a pobre não emprestes, a rico não devas, a frade não prometas (...)”

“Este é o dia de ver, não o de olhar, que esse pouco é o que fazem os que, olhos tendo, são outra qualidade de cegos.”

“ (...) tudo termina num buraco, no caso das formigas lugar de vida, no caso dos homens lugar de morte, como se vê não há diferença nenhuma.”

“ (...) é um defeito comum nos homens, mais facilmente dizerem o que julgam querer ser ouvido por outrem do que cingirem-se à verdade”

“ (...) Lembrai-vos de que quando Pilatos perguntou a Jesus o que era a verdade, nem ele esperou pela resposta, nem o Salvador lha deu, Talvez soubessem ambos que não existe resposta para tal pergunta, Caso em que, sobre esse ponto, estaria Pilatos sendo igual de Jesus”

“ (...) quanto mais se for prolongando a tua vida, melhor verás que o mundo é como uma grande sombra que vai passando para dentro do nosso coração, por isso o mundo se torna vazio e o coração não resiste, oh, minha mãe, que é nascer, Nascer é morrer, Maria Bárbara.”

“Tudo no mundo está dando respostas, o que demora é o tempo das perguntas.”

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A maré aqui só sobe uma vez por mês

Mel e abelhas,
flores e jardins,
céu azul e sol,
isto e aquilo,
bla bla bla,
que animação!

Morte e sorte,
juízo e justiça,
chuva e granizo,
orvalho e neve,
bla bla bla,
as coisas são como são!

Pega num pincel,
molha-o em tinta,
não interessa a cor...
E atreve-te,
pinta!
Pinta!
Pinta tudo!
Tu sabes como o fazer,
por que não o fazes?
És tu, só tu,
só tu o podes fazer...

Uma folha de jornal
que me sujou as mãos,
negras, cinzentas, que interessa?
Estão sujas
e chego ao lavatório
e tenho de as lavar
(mas não sei porquê)
e não sei porquê...

Não vou lavar as mãos!
Não as lavo!
Porquê?! Por que hei-de as lavar?!
Não me interessa
que me macule
a roupa já maculada
de um dia igual aos outros
em que fiz o que fiz sempre
e sempre faço até me cansar...

E estou cansado...

Cansado de lavar as mãos.

Cansado do sol.

E do escuro.

Cansado de tudo.

Das pessoas.

E da ausência de pessoas.

E...

Queria cozinhar
mas depois fica um cheiro a caril que ninguém aguenta
e prefiro ir ao chinês
porque é mais barato
e o gelado frito é interessante,
aquele jogo quente/frio, sabes?

Mas nada como um bom frango de caril...

Entretanto estava chuva
e eu nem tinha reparado
e não tinha protecção
e tinha medo das doenças
que daí poderiam resultar,
como a gripe e a gonorreia,
e decidi ficar quieto,
num canto, à espera,
abrigado, que tudo passasse
mas não passou
senão após vários dias de espera,
longa espera,
desesperante,
cáustica, desidratante,
e queria apenas um mojito
mas eis que acaba o rum,
e eu penso
"como é possível?!".

Mel, gosto de mel,
gosto do teu mel,
é diferente dos outros,
é mais suave, enfim,
mais...

Falta-me a palavra...
Frequentemente falta-me uma palavra,
aqui e ali,
e...

terça-feira, 26 de junho de 2012

Discorrendo sobre a realidade

Discorrendo sobre a realidade
fica sempre um certo sabor a amargo,
não obstante provando, sem embargo
de saber se é mentira ou se é verdade.

Queria distinguir amor de amizade;
queria saber para cada o meu cargo
mas como?, cada sentido é tão largo
quando, entre dois, falta unanimidade...

É tão verdade que a dúvida mata
como me é tão fatal a mentira;
ai confiança, por que és tão ingrata?

Como vou saber qual destes prefira?
O fim é uno à definição lata:
volúvel como o vento quando vira...

Tu nunca percebes o meu humor

Tu nunca percebes o meu humor,
é incrível... E tenho muita pena
porque a tua alma não é pequena
e as palavras tornam-se um rumor...

Poderia ser tanto mas é só temor
da falta de compreensão: serena!
Tanto stresse junto e bem vista a cena
o filme é todo sobre desamor...

E receio ainda que se propague
a doença pelo tecido afectado:
que gangrene, se ampute, se apague...

Vendo-me do meu humor amputado
como queres que a bomba não se ressinta?!
Já me chega saber que há quem me minta...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Eu permaneço em insanidade, coberto pela terra, à espera da decomposição que já se processava mas, enfim, não vos quero tirar o prazer de dizerem que começou agora, agora que me fizeram o funeral.

Um dia interessante,
desafiante,
como nenhum que o antecedeu!
Finalmente, o meu corpo cedeu!

Caí num buraco,
sentia-me fraco,
não conseguia sair e estagnei
como aqueles sobre os quais me enganei
(que terão direito a muitos poemas no futuro).

Larvas, de insecto,
mantenho-me quieto,
devorado por seres rastejantes
que sempre estiveram lá, duros, inquietantes.

Insectos, que voando,
vão-me incomodando, ou amando,
conforme a perspectiva, com a sua fúria belicosa,
tratam-me por dentro até a matéria ser toda ela viscosa,
própria dos momentos em que avança a decomposição,
própria de alguém que perdeu a sua própria razão.

O cheiro, nauseabundo,
se o sentissem por um só segundo
iriam inundar-se de lágrimas até à regurgitação
mas os meus amigos alados fazem disso a sua nutrição
e gostam muito dos meus conteúdos estomacais,
via oral, via fetal, via uretral, uma qualquer mesmo acessos fecais.

O calor, insuportável,
absurdo, desagradável
ao ponto de fermentar vivo o leite que me incorpora
e lentamente a água que me constitui se evapora
e chove no buraco onde vim parar, absolvido,
pois os meus juízes já se tinham decidido!

Há quem diga que fui devotado à violência
apenas por me terem consagrado à ausência
da nossa sociedade, igualmente carnívora, por uns momentos
em que, condoídos, se lembraram destes tormentos,
chamemos-lhe assim, poderiam ser os seus
e então ficaram com medo e rezaram a um deus,
um qualquer, que a fé é movida pelo interesse,
à semelhança da nossa sociedade que me aborrece
pela sua, digamos, ilusão, por outras palavras: fantasia!,
que é fazer da verdade crua e dura uma bela hipocrisia!

Morri!

Mas não acabou aqui a minha viagem!
Pois em mim germina a semente!
Vou para a cova mas não vou sozinho,
levo em mim lembranças de cada vizinho,
ovinhos recheados de uma geração de seres desprezados,
alguns dos quais injustamente devido à sua importância,
insectos que colocaram em mim os seus ovos recheados
e que se perpetuarão no tempo com a devida distância,
seja esta física ou temporal, seja isto o mesmo, quem quer saber?
Lambam-me as feridas que o pus parou e ninguém o quer beber,
que interessa agora que estou tão infectado? Sinto-me realizado
pois fui o escolhido e sou o padrinho de toda um buraco abafado
que tem uma lápide de mármore, bela e bem cinzelada,
e diz coisas bonitas que agora me interessam nada,
agora que, jazendo, tenho um fim maior do que o meu fim, um meio
de dar vida àqueles em que agora mais verdadeiramente creio:
os insectos! Despojados de sentimentos e algo satânicos,
eficazes, rastejantes, voadores, penetrantes, mecânicos,
como tudo deveria ser neste buraco, chamemos-lhe sociedade,
onde eu morri sem poder ter dito a verdade,
onde eu morri para dar corpo aos que me sucederão nos ares,
onde esvoaçarão para espalheram o caos até outros lugares,
lugares igualmente putrefactos.

Até lá...

Até lá nada de novo.
Até lá tudo igual.
Até lá...

Não te esqueças de me enviar
as fotos daquele dia especial...

Até lá nada de novo,
sempre o mesmo...

Não te esqueças de me ajudar
a conquistar um lugar especial...

Até lá eu simplesmente não existo
mas não devia estar já habituado!?

Não me ignores mais! Estou farta!
Sim, se for assim está muito bem!

Até lá... Não tenho nada a fazer
que não tenha já feito, que novidade!

Não me toques, não dessa maneira,
que me agrides com o teu jeito.

E até lá...

Estou a ver...

Olha!
Olha!
Olha!
Olha!
Olha!
Ali!
Lá!
Além!
Olha, de novo!
Olha, outra vez!
Olha, novamente!

Vi!
Vi!
Vi!
E não vejo mais...

Olha, de novo!
Olha bem, com atenção!

Estou a ver...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

The place we came from is the place we are going to

We all must live day by day until we die and then we are killed by the boredom we are trapped in, under ice, over dust, you must know what is the best for you until we cry and then we are going to the grave and we can't behave the same way we used to do because it's so not cool when you prefer to lie and wai until the worms come and eat the flesh, slowly, till the bone, and suck the marrow, like and arrow pointed to the heart of lovers until they find how much can love betray and until the day they are reborn and then all the happiness is so fake because they know their fate, just miss the rate they will be decomposed, feeding others, until the soul is also food and fuck man, this is a waste of time... Pain! In the back! Until you come back to the place you were born, the hole, the whole, the womb, the tomb, the dark, the unknown, the place, the place, the place we came from...

Então foi assim...

Quero muito mais mas não sei se devo,
está na ponta da língua mas não se diga,
como é que consigo mascarar o enlevo?
Afinal não tenho mais olhos que barriga.

Diz-me, sem rodeios, o que pensas,
agora que sabes o que eu penso,
a curiosidade com que me adensas
não é menor do que à que pertenço,
não sabes o mal que me tens causado
por desconhecer a tua resposta,
ninguém acredita que tenha acabado
quando se sabe bem do que se gosta.

Queria mais mas sei que não devia,
estava na ponta da língua mas não disse,
como consegui esconder o que havia?
Afinal não comeria se não o visse.

Diz-me, sem rodeios, o que havias pensado,
agora que sabes o que eu pensei,
a curiosidade com que tenho ficado
deve-se àquilo que acho que sei,
não sabes o bem que me foste causando
por ter a certeza dos meus receios,
agora respondo-te que vou andando
pois os fins justificaram os meios.

Quereria mas não calhou e agora?!
Agora...

Enquanto uns preferem milho outros preferem umas folhas de alface mas duvido que estejam bem alimentados.

Vejo as fotos e estás lá e não vejo a razão para não estares cá; como é possível não estares mais no sítio que reservei para ti à custa de tudo o resto que tinha para mim e hipotequei para levar-te ao céu que recusaste pois nesse outro planeta que aluguei para nós ao custo de reis e rainhas e outros favores continua inabitado e disponível e a degradar-se profundamente e custa a ver e não quero perceber sequer o que se passou...

Os meus sapatos novos

Olho para trás e sou capaz de ter sido o melhor rapaz que pisou este jardim e mesmo assim as flores são de várias cores e não me parecem senão cinzentas... Não sei como aguentas esta novidade, já não temos idade para isto e não descalçamos este sapato... Foi lebre por gato quando eu queria felinos e uns maus meninos deram-me estes sapatos que não foram baratos. É incrível como é irresistível quando eles estão em exposição e ficas sem reacção perante tal oportunidade! Só depois reparas que a novidade vai apertar-te os pés e deixas de ser como és até estarem acomodados nos teus pés magoados que sofrem pela moda e ai como incomoda, pelo menos ao princípio... Ao pé do precipício é que reparas que quando páras te magoam no tornozelo, apesar do teu zelo, de os tratares como se fossem ímpares, como se fossem mais importante do que tu. Por mim podes metê-los na caixa mais um pouco enquanto continuo louco, talvez de saudade, pelos meus velhos sapatos confortáveis, que eu achava detestáveis, mas que me foram tão fieis e amigos...

Agradecimento ao fim dos dias antes que seja impossível.

Dizem que um dia não são dias,
e uma noite não é um dia,
esta vida é um vê se te avias
mas outra vida aqui não havia,
e foi o dia e a noite veio
com a sua bruma e encanto
e um dia passou e nele creio
pois que virá outro dia entretanto
e este que passou foi irrepetível
e no entanto quero que se repita
esta dança dos dias a que sou sensível,
este ciclo, esta obra-prima infinita
até ao dia em que, na solidão,
o Mundo se veja despojado de povo
e os dias não serão os que nos dão
pois que ninguém verá nada de novo
e nesse dia, chamemos-lhe assim,
nem sequer teremos o pequeno conforto
de saber que o Mundo chegou ao fim
pois que nele tudo estará morto.

E essa novidade será linda e imaculada
pois não poderá ser sequer noticiada
pois não poderá ser sequer reflectida
pois que não mais entre nós haverá vida
e nesse Mundo novo sem haver viva alma
abundará a paz, a cordialidade e a calma
e o Mundo respirará finalmente de alívio
e a nossa sociedade só não cairá no oblívio
pois que ninguém haverá para a esquecer,
pois que ninguém poderá morrer ou nascer,
pois que tudo terá, enfim, um novo ritmar,
um sol soalheiro a pôr-se impoluto sobre o mar,
uma nuvem que chove chuva isenta de fatalidade,
o fim do manicaísmo, da mentira e da verdade,
da tristeza e da felicidade pois ninguém mais sente!
E eu que previ isto tudo fico, por o saber, contente!

É isso e nada mais!

Não detestas isto? Este silêncio... esta calma. Vejo no teu olhar que detestas, não me tentes enganar. Estás a enganar-me? Não o tentes sequer. Não me consegues enganar portanto nem vale a pena tentares. Pára, já disse!

Há dias vi um miúdo a pedir dinheiro na rua. Estava a chover. Ele estava de sandálias, com os pés molhados e eu disse que lhe daria uma moeda depois de ir jogar no Euromilhões. Que podia fazer, tinha uma nota, não lhe ia dar uma nota! Joguei 2 euros, recebi 8 de troco, uma nota de 5, uma moeda de 2 e uma moeda de 1 euro que lhe dei após talvez uns 3 minutos. E ele esteve na rua uns três minutos com os pés molhados à espera de 1 euro. Podia ter-lhe dado a nota mas se me sair o Euromilhões vou ajudar muitos miúdos porque agora não posso fazê-lo. Poderia até mas nunca se sabe o futuro, também tenho de acautelar o meu futuro. Dei-lhe um euro, é bastante! São 200 escudos na moeda antiga! Com 200 escudos comprava-se muitos mais do que agora se compra com 1 euro, é verdade, mas não deixa de ser 1 euro. Eu tive de trabalhar para ter aquele euro, não percebo por que me censuras! Se o miúdo não tem culpa eu muito menos ou achas que ando a promover a pobreza?! Eu sei lá se era pobre, era um miúdo magro com sandálias velhas a pedir dinheiro num dia de chuva; é garantia de que é pobre? De que necessita de dinheiro? Não! Pode ser pobre, pode não ser... Espero que seja pobre porque assim pode fazer bom uso do dinheiro. Espero... E se não fosse pobre para que precisaria de pedir dinheiro?! Se não lhe devia ter dado de comer? E os pais? Cala-te, aborreces-me com tanta censura! Queres lá ver que agora sou a Madre Teresa de Calcutá? Se não estás contente dedica-te ao missionarismo, deixa-me viver a minha vida como quero!

Pediram-me para lhes pintar uns quadros. Eu vi logo que iam abusar. Uma pessoa não pode dizer nada, não se pode dar um mínimo a saber, que querem logo algo de nós. Se eu dissesse que sabia cozinhar pediam-me que cozinhasse. Se eu dissesse que sabia isto e aquilo pediam isto e aquilo: não pode ser! E para mais, vê lá a lata, nem sequer falaram em dinheiro! Só me pediram para pintar um quadro. Se me pagavam o que lhes pedisse?! Nunca vou saber, disse logo que não. Tenho mais o que fazer. Querem quadros pintem-nos! Comprem-nos! Quero lá saber! Uma questão de valorização da minha pessoa?! Ah ah ah, deixa-me rir. Querem é aproveitar-se de mim! Que ingenuidade a tua. Eu nem sei por que continuo a falar contigo. E pára de olhar para mim dessa maneira. Sim, dessa maneira; estás a olhar?! Olha para outro lado. Baixa os olhos quando te falo, respeita-me!

Então estava eu a sair do cinema e vem um tipo qualquer ter comigo e pergunta-me pelo meu irmão. Eu nunca o tinha visto mais gordo e disse-lhe que o meu irmão tinha morrido há um mês! Ah ah ah! E nem desconfiou, nem perguntou nada, apressou-se a apresentar-me os seus sentimentos e a falar muito bem do meu "irmão". Que cromo. Eu vi que estava mesmo a sentir o que dizia mas eu continuei a minha performance! Que lata, confundir-me com alguém! E estás a dizer-me que não o devia ter feito?! Então vou eu na minha vida e um sujeito desconhecido aborda-me a perguntar pelo meu irmão. E eu inventei logo que tinha morrido, para ver se me deixava em paz, mas não, que azar!, teve o efeito contrário! Sem dúvida, devia ter dito toda a verdade, tens toda a razão, para ver se aquele cromo me desamparava a loja mais rapidamente. Tu és doente, é o que é, então agora a culpa é minha que as pessoas vejam mal!? Sim, devia ver mal, eu sei lá quem era o tipo! Não interessa, lá continuou a falar sobre a pessoa fantástica que é o meu irmão que tinha acabado de saber que existe, e eu já a fartar-me daquilo, e eu, com a minha simpatia, vê lá que ainda tive essa consideração, disse-lhe simplesmente que o meu irmão me tinha dito que o detestava e que escusava de estar com aquelas hipocrisias! Mudou logo a fronha! Parece que ficou chateado e desapareceu logo! Assunto encerrado! Um dia ainda me corre mal? Como assim? Então mas estás contra mim ou quê? Levava logo dois socos no focinho se me tentasse tocar! Compre uns óculos ou que deixe de beber. Que me deixe é a mim em paz. Irmão agora...

Contei ao sócio do meu primo umas verdades sobre o meu primo porque só não as vê quem não quer. Olha, ficou chateado! Achas isto normal!? Então ainda estava a avisá-lo para ter cuidado e fica contra mim?! Eu tenho uma sorte... Que se matem um ao outro, eu lá estarei no funeral a assobiar para o lado para tentar não me rir! Acabava-se já o problema. Eu sou radical? Radical é ele! Devia ouvir e calar! E tu cala-te, estás sempre contra mim! Cala-te, já disse! Cala-te!

Rush in the rain

Please shut up!
...

God said so,
be the one that I'll never know.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Estava com vontade de rezar um tercinho mas vi um livro aberto que por acaso nem era a bíblia e deu-me para as ironias mas eu sei que isto passa pois é demasiado mau para ser verdade e acredito num Mundo melhor, ou algo assim parecido...

A reviver a decadência,
num canto do jornal
onde as notícias são sempre iguais,
tão iguais que nada se aprende,
só se desaprende...

Ali onde o lápis é negro
mas podia ser azul como outrora
porque, por agora,
a cor não interessa,
nem o conteúdo, só a forma,
de forma a termos um formato
sempre igual e que se repete
com ligeiras variações que entretêm os mais distraídos....

Algures alguém pensa por nós,
alguém supostamente, suponho, iluminado,
pela luz da Lua e das estrelas
agora que o bom tempo voltou
e o céu estrelado governa os céus
onde um dia ascenderemos e nos sentaremos
ao pé do pai
e tudo será bom, amen!

Na cruz, quieto,
é onde estás bem,
de modo a que se apoderem de ti.
Chorem todos que a dor
fica contigo
e não passa de um momento.
O amanhã é melhor,
não faças por mudar já hoje
pois pode ser pecado e queres o céu!

Cumpre, as ordens,
cala a boca e atenta
na palavra dos designados
para te ajudar
nesta demanda,
não vale pensar
quando não és tu quem manda
neste reino de aqui-dor,
ouve as ordens do teu senhor,
não saias do caminho para te portar mal,
vives num tempo como o feudal,
como o ante-cristo, como o medieval,
beija-os na boca,
lava-lhes os pés,
tem medo dos trovões
e condena o pensamento
pois tu não sabes pensar,
não tens de te cansar,
olha o Sol lá fora, como brilha para ti,
que queres mais do que bom tempo?!

Na cruz és um mártir
prestes a ser beatificado
enquanto o futuro é hipotecado
em nome da salvação
de quem?
De quem?!

Novidades embrulhadas em papel machê

E no fim do caminho encontras uma pedra!
E chuta-la para longe.
E a pedra vai para longe mas o pé fica magoado.
Assim sabes que devias ter ficado quieto.
Ou não?

sexta-feira, 1 de junho de 2012

I wish I was Lucky

I wish I was Lucky
I wish I was licky
"and now I wanna be your dog"
it would be living high on the hog

If I was afraid of the thunder
You know I'd like to stay under,
under your belly, next to your chest,
I wish I was there just to have a rest...

I wish I was Lucky again
I wish I was a better dog or man
I wish I was out of the rain
I wish I was under you and out of pain

"and now I wanna be your dog"
"and now I wanna be your dog"

I wish I was Lucky
I wish you were licky
be my mother, I'll be your child,
it would be so funny to become wild

You know that some dogs bark
maybe they're afraid of the dark,
I would behave since you could take care
of my other fears, my every night nightmare...

I wish I was Lucky again
I wish I was a better dog or a man
I wish I was out of the street
I wish I was under you and it would fit

"and now I wanna be your dog"
"and now I wanna be your dog"

So hear me barking in this king-size bed
I feel king size and I no longer feel bad
Help me I'm hungry and the fear of anything
Keep us licking each other lighted by lightning

I wish I was Lucky enough to fear the storm...



Pulverulento como o que não bebo nem como

Fogos, a arder,
vais ver
e cheirar
o cheiro
a carne assada...
Dói!
E ninguém quer saber...

Árvores, a cair,
vais ver
e sentir
a sensação
de morte vegetal...
Dói!
E ninguém vai ouvir...

Lixo, à porta, do quarto,
onde me deito,
ocasionalmente,
onde durmo,
raramente,
e onde me esqueço
de esvaziar,
devagar,
a caixa de areia
do meu gato...

Coitado, não sei cuidar dele...
Como posso eu cuidar de mim?
Não sei cuidar dele,
como posso cuidar de mim?
Nem sei cuidar de mim,
como posso cuidar dele?

Esqueci-me de comer
os restos que havera guardado
no frigorífico
que está ferrugento
e cheio de podridão:
o que fazer com a comida que me dão?
Eu não gosto de tudo.
Eu não gosto de tudo.
Eu não gosto de tudo.
Nem tenho fome...

A garrafa está a olhar para mim,
a garrafa olha por mim,
a garrafa não está bem assim,
vou ter de a abrir e despejar
o conteúdo da minha mente
num copo alto em balão.

É branco, mas não é leite,
é espesso, mas não é isso,
é pulverulento...
Pulverulento...
Pulverulento...

Não sei o que dizer mas tento...

"Eu tenho um país que é um cancro" - Lisete Ornelas

"Eu tenho um país que é um cancro.
Eu tenho um país que é um cancro.
Eu tenho um país que é um cancro.
Eu tenho um país que nem cuidados paliativos me dá.
Eu tenho um país que me cobra impostos
Eu tenho um país que me cobra impostos
E em troca nada me dá
Eu tenho um país que me impõe regras
Eu tenho um país que me impõe regras
E que de bom nada me dá
Eu tenho um país que me diz oferecer boa sáude, educação e justiça pública e gratuitas
Eu tenho um país que me diz oferecer boa saúde, educação e justiça pública e gratuitas
Mas quando lá vou vejo que não
Eu tenho um país que é um cancro
Eu tenho um país que é um cancro
Eu tenho um país que fala em democracia, igualdade e liberdade
Eu tenho um país que me fala em democracia, igualdade e liberdade
E quando olho à volta
E quando olho à volta
Tenho um país que me prende, rouba e maltrata
Prende, rouba e maltrata
Eu tenho um país que é um cancro
Eu tenho um país que é um cancro
Eu tenho um país...
Eu tenho um...
Eu tenho...
Eu...
..."

Lisete Ornelas

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Palavras, acções e a beleza em tons ortográficos...

As palavras são apenas palavras...
As acções é que mudam vidas...

Mesmo que comuniquemos as acções,
estas se não se concretizam
não são, enfim, acções...

Portanto, para quê um blogue?

Com certeza que as palavras,
porventura,
ficam.
E as acções, talvez,
sejam mais etéreas.

Ou não.

Pois as acções, que mudam vidas,
vivem naqueles cujas vidas mudaram
enquanto que as palavras
vivem apenas quando as lemos,
eventualmente resistindo um pouco mais,
na memória, de quando em vez,
quando, fora da regra,
nos captam a atenção.

Não sei, como de costume,
o que estou aqui a escrever
mas escrevo...

E quem isto ler talvez se pergunte:
"o que está ele a escrever?",
e só posso responder:
tenho escrito.

Escrever é uma acção, certo?

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Portanto é isso

Portanto é isso.
Como eu já esperava.
Na verdade, nem pensei em outra hipótese que não esta.
E ainda assim haveria muitas outras hipóteses...
De resto, tudo fixe?
Nunca pensei que chegasse a este ponto.
E no entanto tudo me parece tão claro.
Um dia, e um dia não são dias, direi toda a verdade.
Eventualmente...
A verdade deve ser dita todos os dias.
Toda a verdade.
Nada mais do que a verdade.
Não há aqui espaço para a imaginação.
Apenas espaço para a verdade.
Pura.
Dura.
Crua.
Nua.
Assim mesmo.
Insípida.
Inodora.
Invisível.
Não, visível é.
A verdade é visível.
A verdade devia ser visível.
Vê: verdade.
Admiro mesmo aquelas pessoas que persistem a pedalar na bosta.
Na ilusão de sair da pocilga.
Quando conseguirem estarão sujos.
Tomarão um banho e continuarão a cheirar mal.
Mas acho que sim, que devem tentar.
Talvez com muitos banhos.
Com muito perfume.
Com muita água a correr...
Era isto.
Sem tirar nem colocar.
Era mais ou menos isto.
Sem querer lá chegar.
E num canto isolado via-se bem a luz.
E a luz tremia...
Luz.
Que se reduz.
Que se renova.
Luz da Lua.
Luz da Lua sobre o Mar.
Luz.
Luz...
Luz...

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Jangada de Pedra - José Saramago

Já ouvi críticas muito positivas e muito negativas sobre a literatura do nosso único Nobel da Literatura e então nada como ler eu próprio e tirar as minhas conclusões.


Quis o destino que "A Jangada de Pedra" se cruzasse comigo (obrigado Belinha, proprietária deste pedaço de destino e Ana Paula, veículo do mesmo) e, perante esta obra que me surgiu sem qualquer esforço da minha parte, fiz a única coisa que me pareceu razoável e capaz de agradecer a gentileza das minhas amigas supracitadas: li-a.

Levei este exercício um pouco mais além e partilho convosco uma pequena reflexão pessoal sobre a mesma, assim como pequenos pedaços desta obra interessantíssima. Como foi o meu primeiro contacto com Saramago (não, não li o "Memorial do Convento", para os meus lados calhou-me a "Aparição"), corro sempre o risco de estar enganado pelo enviesamento da minha amostra: pode sempre ter-me calhado um livro muito bom do autor e o resto não o achar tão digno do meu elogio mas este livro é-o, sem dúvida. Gostei do estilo da escrita, da velocidade, do ritmo que o autor imprime, é directo e sincero, belo e sentimental, estou tentado a ler mais da obra de Saramago mas estou extremamente satisfeito com este começo.

Gostei muito deste livro. No geral não tenho qualquer crítica negativa a apontar. Gostei do fim, comoveu-me... Para mim, este livro fala do destino, da vida e da morte, do princípio e do fim, das inevitáveis sucessões de que a vida é feita... Uns morrem, outros nascem; tudo muda mas a vida continua. Como? Não se sabe...

Deixo-vos algumas citações de que gostei particularmente:

"Ela pegou na mala, ele tirou-lha da mão, Podemos deixá-la no meu quarto, mais o pau, O pau não o largo, a mala levo-a também, talvez não seja conveniente voltar aqui, Como quiser, pena é que a sua mala de viagem seja tão pequena, metia-se-lhe o pau dentro, Nem todas as coisas nascem umas para as outras, respondeu Joana Carda, o que, apesar de óbvio, comporta não pouca filosofia."

"com a autoridade nunca se deve ser irónico, ou não percebem, e não valeu a pena, ou percebem, e será muito pior"

"Ninguém foge ao seu destino, pode sempre acontecer que nos venha a calhar, subitamente, o destino doutra pessoa"

"ainda há quem não acredite em coincidências, quando coincidências é o que mais se encontra e prepara no mundo, se não são as coincidências a própria lógica do mundo."

"É bem certo que as pessoas vivem ao lado dos prodígios, mas dos prodígios não chegam a saber nem metade, e sobre a metade conhecida o mais comum é enganarem-se, principalmente porque querem, à viva força, como deus nosso senhor, que esse e os outros mundos estejam feitos à sua imagem e semelhança, para o caso pouco importando quem os fez."

"de mais nos tem ensinado a experiência quanto são insuficientes as palavras à medida que nos aproximamos da fronteira do inefável, queremos dizer amor e não nos chega a língua, queremos dizer quero e dizemos não posso, queremos pronunciar a palavra final e percebemos que já tinhamos voltado ao princípio."

"a verdade está sempre à nossa espera, chega o dia em que não podemos fugir-lhe."

segunda-feira, 30 de abril de 2012

o caminho das cruzes à conversa com os que não lhe são indiferentes


Luz, luz, luzes e mais luzes
e no meio da poeira há espaço
para acenar com umas quantas cruzes
e não sei por que me maço
por pensar que ainda há um ou outro cristo
que as poderá, um dia, habitar
e nem sei por que ainda existo
e por que quero conquistar
os Montes Gólgota que vejo
aqui e ali e em todo o lado
se, porventura, não é desejo
do que a cruz carrega ser ajudado...

Mas há algo maior que me impele
para salvar os que oprimidos
tentam salvar a sua própria pele
e a dos que serão também vencidos
sem terem sequer vontade de lutar
e não compreendo, não consigo,
não quero ver, não quero escutar,
os argumentos que dão ao inimigo
para justificar o injustificável,
o que é apenas mais uma conversa
para mim absurda e inefável
a uma alma que no silêncio se dispersa...

Silenciando o silêncio silencioso
sigo seguindo o que não seguirei
ora aventureiro, ora receoso,
ora até ao infinito, ora até onde irei,
e tenho a certeza, se me é permitido,
de que este dia, na sua essência,
é tão curto e vil é tão comprido
como aqueles na sua adjacência
e como tudo me parece sempre cíclico,
igual, já visto, nefasto, aborrecido,
usado, gasto, redundante, encíclico,
enfim, tudo é, agora, como tem sido...

memórias na água a correr

Sol, que estás a brilhar, vai chegar
o dia em que te escondem as nuvens
e então, sem reparar, devagar,
esquecerei que no dia seguinte vens
como sempre tens vindo e virás
pois há memórias que não sou capaz
de me recordar eternamente
pois que vivo entre a gente...

Mar, que estás a brilhar, vai molhar
outro dia em que não esteja vento
e então, sem reparar, se calhar,
esquecerei este mau momento
como sempre me tenho esquecido
pois destas memórias não sou capaz,
não quero recordar o já vivido
e ter assim um momento de paz...

E vem uma onda que me cobre por instantes,
em que fecho os olhos e nada é como dantes
em que fechava os olhos e nada mudava
em ondas revoltadas em que me afogava
em remoinhos distantes em que me escondia
em caminhos extenuantes sem a luz do dia
e a água passa e ao sol vou já secando
e abro os olhos mas não sei até quando...

Luz, que me fortalece, já parece
que voltaste para, enfim, ficar
mas penso "quiçá ninguém merece
livrar-se da água e ao sol secar"
quando na água estão as nossas raízes
quando ao sol a nossa pele se enruga
quando ao vento ouço o que me dizes
e das memórias ninguém se enxuga...

Ar, que me oxida, já me envelhece
por dentro ter tanto em que pensar
um rosto nem sempre é o que parece
e sorrio com vontade de descansar,
eu respiro mal pois levas-me a alma
no quinto de oxigénio que me mata
mesmo que a face permaneça calma
a memória persiste sempre ingrata...

E vem uma onda que para sempre me reclama,
que me protege do sol e da sua chama
que me fecha os olhos e me dá descanso
que me faz esquecer o mar onde me lanço
que me autoriza a nada querer, nada perceber
que me permite nem ser, nem parecer, nem saber
e a água passa e ao sol vou já secando
não abro os olhos e para sempre é o meu quando...

E deixo memórias na água a correr...

domingo, 15 de abril de 2012

Apesar de me ter curado

E na verdade tudo começa sem um fim,
pois que o fim decorre do princípio
e nunca se sabe se será mesmo assim
ou se pelo caminho há um precipício
que leva, enfim, ao fundo... Sei lá!

Sei lá, sei lá! Sei... não sei... Será?
Será que isso é apenas... grrr... perspectiva?
Uma doença, não, um síndrome que irá
retumbar na longa queda numa recidiva!

E dói imenso! E ainda nem se deu a queda
e já quedo arranhado e com hematomas
e antes de se consumarem os sintomas
é utópica a esperança que se quer leda.

Amanhece e o novo dia é soalheiro
ao contrário de mim, sorumbático,
pois desabou de mim o ser prático
e o sentimento é mais verdadeiro
apesar de me ter curado muito me custou...

sábado, 14 de abril de 2012

Inverno Primavera

Nuvens negras, a voar,
o que posso fazer para vos alcançar?
Chuva grossa, continuada,
por mais que tente molha-me nada...

Então chove! Chove! Chove! Mais!
Chove no molhado
que mesmo assim não chega,
chove mais um bocado
e mesmo assim não chega,
continua a cair e sem sucesso
porque não molhas tanto quanto peço...

Vento forte, clandestino,
como posso chegar ao teu destino?
Ar húmido, frio e arrepiante,
por mais que tente estás tão distante...

Então sopra! Sopra! Sopra! Mais!
Sopra no meu corpo gelado
que mesmo assim ainda não chega,
sopra mais forte e mais direccionado
e mesmo assim sabes que nunca chega,
continua a soprar, e como te adoro,
mas não é suficiente o quanto te imploro...

De que estavas à espera?
Sabes que chegou a Primavera.

Sabes que há algo eterno,
a sensação gelada do Inverno.

Sabes, ou não, que tudo não passa duma estação,
que tudo não passa de um momento que se repetirá;
sabes que isto sempre acontece e acontecerá em sucessão,
saberás o quanto a chuva molha?! E o vento para onde irá?!

terça-feira, 10 de abril de 2012

O amor salva!

A alma é alva,
a vida é boa,
o tempo voa,
o amor salva!

quarta-feira, 21 de março de 2012

FELIZ DIA DA POESIA! :)

Deixo-vos com um dos meus poemas favoritos...

Os versos que te fiz

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
...
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

Florbela Espanca

quinta-feira, 15 de março de 2012

Os olhos no céu, as janelas abertas

Os olhos no céu, as janelas abertas,
os aviões passam e a vida avança,
reveste-se o fim duma fina esperança,
ouve-se de alguém as palavras certas...

Mentes dispersas, ideias desertas,
tão certas quanto as de uma criança,
inocentes e absurdas; ninguém descansa
quando, por amor, do amor não despertas...

Sente-se na voz e naquilo que mentes
como funciona o coração realmente,
contrário à lógica a nós ensinada;

não mais te ouvirei, por mais que tu tentes,
um dia serei outro ser mais contente
se bem que pareça que parto do nada...

segunda-feira, 12 de março de 2012

CONSULTÓRIO SENTIMENTAL

Brevemente neste blogue!

terça-feira, 6 de março de 2012

Só um momento

Só, num momento de paz,
vejo em ti uma ilusão,
olho de novo e satisfaz
só de saber que não há razão
para me iludir de novo por nada...

Só, num momento de luz,
vejo sobre ti uma emoção
que supostamente não me seduz
porque sei como as coisas são
e o recomeço é uma coisa complicada...

Só, num momento que não sabes,
vês em mim o olhar da paixão,
ocupas um lugar onde não cabes
e retribuo o olhar para o chão
que ambos pisamos de perna cruzada...

Só, num momento estranho,
vês o que não quero que se veja,
a estrada é longa como o tamanho
do sentimento que toda a gente inveja
e entreolhamo-nos de forma depreocupada...

Apenas.

Queria escrever, apenas...
Apenas queria escrever.
Tenho dito...
Bem, mas queria escrever
e não sabia bem o quê.
Então alguém me disse:
"Escreve apenas!"
E eu escrevi!
E fui mesmo bem comportado
e não me senti nada mal
pois, enfim, já está escrito!
E continuo a querer escrever
e sem saber o quê!
Mas mesmo para quem não sabe
ainda não parei,
o que é deveras interessante,
esta capacidade, vá, de escrever sem tema!
"Quem disse que tudo o que escrevemos tem de ter um sentido?" -
e tens toda a razão!
E agora estou a lembrar-me de garrafas!
Garrafas vazias! Vazias, com ar, vá!
Garrafas transparentes, ligeiramente esverdeadas.
Não, ligeiramente azuladas!
Não, também não... Incolores!
E nessas garrafas vazias de líquido havia ar!
Ar! E nada mais mas chega. E o ar é leve!
Leve! E as garrafas elevam-se no ar!
E são misturadas com as nuvens
e um dia choverão garrafas cheias de ar!
Suavemente cairão e será bonito!
Mas que estou para aqui a escrever?!
Não sei mesmo...
Será que alguém lê isto?
Ritinha, ao menos tu!
Só de ti espero algo! Vê lá!
Vê lá ao nível a que isto chegou!
Escrever para ti, sobre ti, sobre ti,
sobre ti como sobre uma folha, quis dizer,
uma folha que se reutiliza vezes e vezes sem conta!
E quando a tinta já é tanta que o fundo não se vê...
Muda-se de cor!
E então pode-se escrever mais!
Eu aproveito e desenho também.
Já desenhei melhor mas ainda se percebe
que tentei desenhar o meu estado de espírito;
percebe-se, não se percebe?!
Acho particularmente claro desta vez...
Está lindo! Poético!
Gosto, nomeadamente, daquele risco oblíquo,
bastante revelador...
Enfim, já nem sei desenhar,
só sei escrever...
Só sei...
Sei...
Sim...
Sim, sei!
Não sei se sei...
Sei lá se sei...
Quem quer saber?
Escrevo, apenas.
Percebes?
Até tu perdes o sentido?
Pois, como eu.
Não tenho mais a dizer...

Detesto isto!

Não, não detesto.
É viciante, é isso...
Que perda de tempo...

quinta-feira, 1 de março de 2012

Florbela Espanca vive numa Charneca em Flor e escreve-me um Livro de Mágoas...

Anda-me dar muitos abraços.
Quero sentir o teu corpo quente junto ao meu.
Não faças o meu coração em pedaços,
não sou a Julieta, não te quero para Romeu,
esses morreram cedo mas tu vives e és meu!
Meu! E só podes ser meu! Porque eu quero!
E sabes que, acredita em mim, não exagero
quando digo que és tudo para mim,
sim, és tudo para mim, meu querubim,
minhas asas de anjo, meu toque de seda,
não há maior desejo que me conceda
qualquer génio da lâmpada das arábias
do que as tuas lições tão sábias!
Oh meu professor! Meu mestre de tantas horas,
se soubesses como contigo as demoras
são o meu tempo predilecto! Oh e a vontade,
a vontade que se faz prazer de ansiedade,
na esperança que o tempo não mais passe
e que mais o meu amor, minha perdição, me abrace!
Abro a cama à tua agradável presença,
fecho os olhos e ouço a tua sentença,
castiga-me a teu belo prazer pois mereço
tudo o que tu me fazes com tanto apreço
e desapareço do mundo para viver contigo
e só a ti admito esse teu severo castigo
que me soa a liberdade e me soa a paraíso,
que me traz a felicidade, o prazer e o riso,
que me escancara as portas para a redenção:
captar mais um minuto da tua boa atenção!
E como eu sonho mais e mais e sonho a cores,
como é tão bom suportar estas fortes dores
que só tu me infliges, como vetusta tradição,
que sigo sem pensar como louca perdição
e me desgraço, oh sim, desgraço-me... por ti...
Porque não és meu e até isso sempre te consenti...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Algures a olhar para o mar e a pensar que vida era aquela...

E estava frio... Mesmo abraçados, estava frio que chegue para estarmos a tremer! E tremíamos...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O angelicalm não tem resultado mas quiçá batatas ajudem!

E a frustração continua?
Oh... mas agora vais para a rua
libertar-te dessas amarras,
dessa almofada a que te agarras
na vã esperança da meditação,
deviam ser oito horas e nem metade são,
e eu que nem queria dormir invejo
o teu sono pouco mas bem vejo
que para ti tem um grande custo
e novamente acho o mundo injusto...

Valeriana

No teatro da vida estou bem-disposto
e é novamente a verdade que se adia,
deixa a máscara, eu conheço o teu rosto;
o carnaval passou e foi só um dia.

De ti não espero nem um abraço,
pois sei que não gostas de mangas,
e temo-nos dado tanto espaço
que assim não há azo a zangas!

Há ideias que só tu percebes,
pois o coração não é gelado
como aquele chá que não bebes;
frio é um espírito destroçado.

Há noites que passas em claro
mas sabes que não te abandono,
o teu raciocínio é-me tão caro
quanto o teu problema de sono.

E não entendo o teu desleixo
pois não tens formação em falta
e como vês não é assim que deixo
de te falar da tensão alta...

Há uma aldeia que é uma fantasia
e só tu sabes como a alcançar,
por esse rio acima, indo da maresia
até um sítio onde se possa descansar...

E até lá será só o destino
quem nos continua a juntar,
em cada chávena de cappuccino
é contigo que quero estar...

Há lodo, junto ao cais

Há lodo, junto ao cais,
no nosso local de embarque,
temos de ter cuidado...
O lodo escorregadio,
por onde temos de passar,
é algo que nos atrasa...
E então vamos devagar.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A ver o mar com outros olhos

Olhei para o mar e pareceu-me igual a ontem,
igual ao que sempre vi nele e que sempre adorei,
há histórias que nunca espero que me contem
porque fui o actor principal e nunca as escreverei!
Muito simplesmente porque já as vivi e as protagonizei!

A lua incidia com fúria sobre o mar adormecido
mas este não queria acordar do seu sonho eterno,
estavas ao meu lado e apesar de nada ter ouvido
tudo o que disseste foi invulgarmente belo e terno
e nesta história soou ao incontornável amor materno!

Os barcos iluminados passeavam a milhas da costa
como caravanas de luzes que se estendem no infinito,
mesmo quando se passa algum tempo com quem se gosta
a sensação de vazio é tanta que nem em outrém acredito
mesmo que me convença que estou a viver um filme bonito!

O farol luzia com uma monótona intermitência,
como qualquer farol que até ora me tem alumiado,
se não há um fio condutor há que ter paciência
pois por mais que demore acabarei bem iluminado!
Nem que seja só por um instante, alguém verá o meu lado!

Nem eu sei mas gostava de saber e se alguém souber então saberei que o sabe mas não espere que eu saiba como o soube

Sim, e estava na praia, e pensativo...
"Como é possível?!"!
E não tenho uma resposta para dar...
Sabes que também não me interessa
responder a tudo
mas agrada-me o trabalho de questionar.
Agrada-me imenso! E não há respostas.
Nunca há e achas que isso me importa?!
De todo! Já aprendi a não as ter,
já aprendi a não esperar por elas
portanto limito-me a colocar as questões
e se alguém quiser responder,
ou muito simplesmente tentar,
já me faz um pouco mais feliz!

Conheço uma pessoa mais fantástica do que o resto,
porque partilha o mesmo bom gosto,
aqueles que dizem que não presto
como pessoa por ser... como sou!
E então que faço quanto a isso?
Nada! Apenas... gosto de indagar
os gostos em comum, e são bastantes,
e no final achamos que é engraçado.
Apenas engraçado. Curioso, talvez.
Interessante, no mínimo,
estimulante, suponho,
cativante, quiçá,
motivante, até certo ponto,
apaixonante, se quisermos,
e doravante vai ser sempre assim:
cada passo dado vai ser questionado
"foi este mais um que gostavas de ter dado?!".

Então, a certa altura, olhei para o lado,
atentei nos olhos, gosto disso,
de olhar para os olhos de alguém,
e já não me lembro do que disse...
Gostei dos olhos, da profundidade;
quando olho alguém nos olhos, fixamente,
demoradamente, com vontade de observar,
vejo a pessoa nua, frágil, aberta
pois que me parece que consigo penetrá-la,
ainda que apenas com os olhos,
mas descubro imenso sem me mexer
e assim continuo o meu desporto
da constante análise do Mundo.

Estava calor nesse dia, bastante,
e não havia água por ali. E que sede!
Então fomos andando, à procura,
numa esperança de saciedade,
uma motivação como outra qualquer,
outra qualquer fisiológica, entenda-se,
e devemos ter andado vários quilómetros,
sem rumo mas com vontade e, desta vez,
a vontade não chegou porque parámos,
junto a um poste, muito alto e magro,
que nem sequer nos providenciou sombra,
e aí apercebemo-nos de que estávamos perdidos!
Completamente perdidos! Num deserto!
Um deserto de ideias, claro, como neve,
um deserto vazio, completamente vazio,
tão extenso que a vista se perde nele,
e nesse momento sentimos medo, muito medo,
medo de não sairmos de lá nesse dia...
Só que entretanto tivemos uma ideia!

Num futuro próximo, contudo,
talvez daqui a uns cem, duzentos dias,
mais coisa menos coisa, por aí,
o Mundo vai mudar e com este o meu mundo
e então verão como será boa a mudança!
Porque, actualmente, fala-se de crise,
de apócalipse, armagedeão, o que quiserem
mas eu sinto que a mudança está próxima
e será bem melhor do que o esperado!

O céu num dia de Fevereiro

Olhei para o cé e estava tão belo,
cor-de-rosa, de laranja e amarelo,
melhor ainda do que o teria pintado
e nesse momento fiquei agradado
com o trabalho que vi na Natureza!
E tenho esta fé, esta quase certeza,
que tudo o que vejo no céu, no mar,
é aquela beleza feliz, é até amar!
Nunca lá vi nem um pequeno engano
nem a desonestidade de um ser humano
nem a mentira hipócrita dissimulada
nem a malícia a sorrir de uma boca calada...
Só vi prazer sobre a forma de paz
só vi o bem-estar que tanto me apraz
um ciclo que se fecha e se renova,
uma quase perfeição que me põe à prova
e reprovo contente apenas por respeito
pois está acima da humanidade tal conceito...

Mas onde eu via...

E onde eu via o que todos viam
passei a ver o que mais ninguém vê,
apesar de o quererem ver,
o que faz de mim apenas um melhor observador
pois nunca o escondes...

Mas só se...

Se eu te pudesse dizer o quanto gosto de ti,
o quanto me preocupas,
o quanto me demorou a percebe-lo
e o quanto evoluí para ter de o fazer,
então perceberias...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dois camaleões aos linguados ou, por outras palavras, como morrer por amor deixando-se mutuamente pendurados

Era uma vez um camaleão.
Gostava de uma camaleoa.
Ele actuava à campeão,
ela como se fosse boa,
mas ambos eram asquerosos
e acima de tudo babosos.
E aquelas línguas viscosas?!
E compridas e venenosas!
Ah, e colam nos insectos,
os aperitivos predilectos!
Que horror! Vi, é esquisito,
agoniante e nada bonito,
distantes e tão colados:
dois camaleões aos linguados!
Ao longe, pois quem os suporta?
Mas para o amor quem se corta?!
E as línguas, desenroladas,
ficaram uma na outra coladas!
E eles bem que se debatiam
mas após umas horas desistiam
não sem luta, não sem dor;
não é assim mesmo o amor?!
Então que resta? Morte lenta?
Nem um coração reptiliano aguenta!
Disseram, pelo olhar, "como te amo",
e cada um do seu lado no ramo
atirou-se com força igual;
enrolaram-se na corda lingual
e só com uma chance, sem errar,
giraram até se poderem agarrar
e fundiram-se no mesmo vermelho
e nenhum deles morreu de velho,
só de fome e tão bem agarrados,
originalmente para sempre pendurados.

Dois flocos de neve a quebrar o gelo a tempo das comemorações do dia mais quente do ano que por acaso é no meio do Inverno

Um floco de neve, nevou.
E um outro consigo levou.
E pelo caminho tanto lhe prometeu!
Cairam na neve fofa e um derreteu!
O que ficou por baixo, pois, esmagado,
porque o amor entre eles era tão pesado
mas igualmente tão belo e tão leve
como dois insuspeitos flocos de neve.

O Príncipe - Maquiavel

O melhor livro que li até hoje!


E muito mais poderia ser dito... Quinhentos anos depois continua actual, e continuará, pois fala de política, de poder e, simplesmente, de pessoas.

Ficam aqui algumas citações do mesmo, de que gostei particularmente:

"não esqueçamos que não há coisa mais difícil de tratar, de resultado mais duvidoso nem de manejo mais perigoso do que aventurar-se alguém a impor novas instituições, pois aquele que as impõe tem como inimigos todos a quem a ordem antiga aproveitava, e como tíbios defensores apenas os que poderão aproveitar da nova."

"mas quando se vencem os perigos e se começa a inspirar estima, depois de aniquilados aqueles cuja qualidade suscitava o nascimento da inveja, fica-se poderoso, seguro, honrado e feliz."

"Aquele que pensa que, entre as grandes personagens, as benfeitorias recentes fazem esquecer as antigas ofensas, engana-se."

"Convém fazer o mal todo de uma vez para que, por ser suportado durante menos tempo, pareça menos amargo, e o bem pouco a pouco, para melhor se saborear."

"Nada é tão fraco ou instável quanto a fama de uma potência que se não apoia sobre as suas próprias forças. As forças próprias são aquelas compostas de súbditos, ou de cidadãos, ou de outras pessoas que tu tenhas formado: todas as outras espécies são mercenárias ou auxiliares."

"Há uma coisa que se pode dizer, de maneira geral, de todos os homens: que são ingratos, mutáveis, dissimulados, inimigos do perigo, ávidos de ganhar, enquanto lhes fazem bem, são teus, oferecem-te o seu sangue, os seus bens, a sua vida e os seus filhos (...) porque a necessidade é futura, mas quando ela se aproxima furtam-se."

"Os homens hesitam menos em prejudicar um homem que se torna amado do que outro que se torna temido, pois o amor mantém-se por um laço de obrigações que, em virtude de os homens serem maus, se quebra quando surge ocasião de melhor proveito; mas o medo mantém-se por um temor de castigo que nunca nos abandona."

"É justa a guerra feita para aqueles a quem é necessária e as armas santas desde que não haja esperança"