segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Algures a olhar para o mar e a pensar que vida era aquela...

E estava frio... Mesmo abraçados, estava frio que chegue para estarmos a tremer! E tremíamos...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O angelicalm não tem resultado mas quiçá batatas ajudem!

E a frustração continua?
Oh... mas agora vais para a rua
libertar-te dessas amarras,
dessa almofada a que te agarras
na vã esperança da meditação,
deviam ser oito horas e nem metade são,
e eu que nem queria dormir invejo
o teu sono pouco mas bem vejo
que para ti tem um grande custo
e novamente acho o mundo injusto...

Valeriana

No teatro da vida estou bem-disposto
e é novamente a verdade que se adia,
deixa a máscara, eu conheço o teu rosto;
o carnaval passou e foi só um dia.

De ti não espero nem um abraço,
pois sei que não gostas de mangas,
e temo-nos dado tanto espaço
que assim não há azo a zangas!

Há ideias que só tu percebes,
pois o coração não é gelado
como aquele chá que não bebes;
frio é um espírito destroçado.

Há noites que passas em claro
mas sabes que não te abandono,
o teu raciocínio é-me tão caro
quanto o teu problema de sono.

E não entendo o teu desleixo
pois não tens formação em falta
e como vês não é assim que deixo
de te falar da tensão alta...

Há uma aldeia que é uma fantasia
e só tu sabes como a alcançar,
por esse rio acima, indo da maresia
até um sítio onde se possa descansar...

E até lá será só o destino
quem nos continua a juntar,
em cada chávena de cappuccino
é contigo que quero estar...

Há lodo, junto ao cais

Há lodo, junto ao cais,
no nosso local de embarque,
temos de ter cuidado...
O lodo escorregadio,
por onde temos de passar,
é algo que nos atrasa...
E então vamos devagar.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A ver o mar com outros olhos

Olhei para o mar e pareceu-me igual a ontem,
igual ao que sempre vi nele e que sempre adorei,
há histórias que nunca espero que me contem
porque fui o actor principal e nunca as escreverei!
Muito simplesmente porque já as vivi e as protagonizei!

A lua incidia com fúria sobre o mar adormecido
mas este não queria acordar do seu sonho eterno,
estavas ao meu lado e apesar de nada ter ouvido
tudo o que disseste foi invulgarmente belo e terno
e nesta história soou ao incontornável amor materno!

Os barcos iluminados passeavam a milhas da costa
como caravanas de luzes que se estendem no infinito,
mesmo quando se passa algum tempo com quem se gosta
a sensação de vazio é tanta que nem em outrém acredito
mesmo que me convença que estou a viver um filme bonito!

O farol luzia com uma monótona intermitência,
como qualquer farol que até ora me tem alumiado,
se não há um fio condutor há que ter paciência
pois por mais que demore acabarei bem iluminado!
Nem que seja só por um instante, alguém verá o meu lado!

Nem eu sei mas gostava de saber e se alguém souber então saberei que o sabe mas não espere que eu saiba como o soube

Sim, e estava na praia, e pensativo...
"Como é possível?!"!
E não tenho uma resposta para dar...
Sabes que também não me interessa
responder a tudo
mas agrada-me o trabalho de questionar.
Agrada-me imenso! E não há respostas.
Nunca há e achas que isso me importa?!
De todo! Já aprendi a não as ter,
já aprendi a não esperar por elas
portanto limito-me a colocar as questões
e se alguém quiser responder,
ou muito simplesmente tentar,
já me faz um pouco mais feliz!

Conheço uma pessoa mais fantástica do que o resto,
porque partilha o mesmo bom gosto,
aqueles que dizem que não presto
como pessoa por ser... como sou!
E então que faço quanto a isso?
Nada! Apenas... gosto de indagar
os gostos em comum, e são bastantes,
e no final achamos que é engraçado.
Apenas engraçado. Curioso, talvez.
Interessante, no mínimo,
estimulante, suponho,
cativante, quiçá,
motivante, até certo ponto,
apaixonante, se quisermos,
e doravante vai ser sempre assim:
cada passo dado vai ser questionado
"foi este mais um que gostavas de ter dado?!".

Então, a certa altura, olhei para o lado,
atentei nos olhos, gosto disso,
de olhar para os olhos de alguém,
e já não me lembro do que disse...
Gostei dos olhos, da profundidade;
quando olho alguém nos olhos, fixamente,
demoradamente, com vontade de observar,
vejo a pessoa nua, frágil, aberta
pois que me parece que consigo penetrá-la,
ainda que apenas com os olhos,
mas descubro imenso sem me mexer
e assim continuo o meu desporto
da constante análise do Mundo.

Estava calor nesse dia, bastante,
e não havia água por ali. E que sede!
Então fomos andando, à procura,
numa esperança de saciedade,
uma motivação como outra qualquer,
outra qualquer fisiológica, entenda-se,
e devemos ter andado vários quilómetros,
sem rumo mas com vontade e, desta vez,
a vontade não chegou porque parámos,
junto a um poste, muito alto e magro,
que nem sequer nos providenciou sombra,
e aí apercebemo-nos de que estávamos perdidos!
Completamente perdidos! Num deserto!
Um deserto de ideias, claro, como neve,
um deserto vazio, completamente vazio,
tão extenso que a vista se perde nele,
e nesse momento sentimos medo, muito medo,
medo de não sairmos de lá nesse dia...
Só que entretanto tivemos uma ideia!

Num futuro próximo, contudo,
talvez daqui a uns cem, duzentos dias,
mais coisa menos coisa, por aí,
o Mundo vai mudar e com este o meu mundo
e então verão como será boa a mudança!
Porque, actualmente, fala-se de crise,
de apócalipse, armagedeão, o que quiserem
mas eu sinto que a mudança está próxima
e será bem melhor do que o esperado!

O céu num dia de Fevereiro

Olhei para o cé e estava tão belo,
cor-de-rosa, de laranja e amarelo,
melhor ainda do que o teria pintado
e nesse momento fiquei agradado
com o trabalho que vi na Natureza!
E tenho esta fé, esta quase certeza,
que tudo o que vejo no céu, no mar,
é aquela beleza feliz, é até amar!
Nunca lá vi nem um pequeno engano
nem a desonestidade de um ser humano
nem a mentira hipócrita dissimulada
nem a malícia a sorrir de uma boca calada...
Só vi prazer sobre a forma de paz
só vi o bem-estar que tanto me apraz
um ciclo que se fecha e se renova,
uma quase perfeição que me põe à prova
e reprovo contente apenas por respeito
pois está acima da humanidade tal conceito...

Mas onde eu via...

E onde eu via o que todos viam
passei a ver o que mais ninguém vê,
apesar de o quererem ver,
o que faz de mim apenas um melhor observador
pois nunca o escondes...

Mas só se...

Se eu te pudesse dizer o quanto gosto de ti,
o quanto me preocupas,
o quanto me demorou a percebe-lo
e o quanto evoluí para ter de o fazer,
então perceberias...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dois camaleões aos linguados ou, por outras palavras, como morrer por amor deixando-se mutuamente pendurados

Era uma vez um camaleão.
Gostava de uma camaleoa.
Ele actuava à campeão,
ela como se fosse boa,
mas ambos eram asquerosos
e acima de tudo babosos.
E aquelas línguas viscosas?!
E compridas e venenosas!
Ah, e colam nos insectos,
os aperitivos predilectos!
Que horror! Vi, é esquisito,
agoniante e nada bonito,
distantes e tão colados:
dois camaleões aos linguados!
Ao longe, pois quem os suporta?
Mas para o amor quem se corta?!
E as línguas, desenroladas,
ficaram uma na outra coladas!
E eles bem que se debatiam
mas após umas horas desistiam
não sem luta, não sem dor;
não é assim mesmo o amor?!
Então que resta? Morte lenta?
Nem um coração reptiliano aguenta!
Disseram, pelo olhar, "como te amo",
e cada um do seu lado no ramo
atirou-se com força igual;
enrolaram-se na corda lingual
e só com uma chance, sem errar,
giraram até se poderem agarrar
e fundiram-se no mesmo vermelho
e nenhum deles morreu de velho,
só de fome e tão bem agarrados,
originalmente para sempre pendurados.

Dois flocos de neve a quebrar o gelo a tempo das comemorações do dia mais quente do ano que por acaso é no meio do Inverno

Um floco de neve, nevou.
E um outro consigo levou.
E pelo caminho tanto lhe prometeu!
Cairam na neve fofa e um derreteu!
O que ficou por baixo, pois, esmagado,
porque o amor entre eles era tão pesado
mas igualmente tão belo e tão leve
como dois insuspeitos flocos de neve.

O Príncipe - Maquiavel

O melhor livro que li até hoje!


E muito mais poderia ser dito... Quinhentos anos depois continua actual, e continuará, pois fala de política, de poder e, simplesmente, de pessoas.

Ficam aqui algumas citações do mesmo, de que gostei particularmente:

"não esqueçamos que não há coisa mais difícil de tratar, de resultado mais duvidoso nem de manejo mais perigoso do que aventurar-se alguém a impor novas instituições, pois aquele que as impõe tem como inimigos todos a quem a ordem antiga aproveitava, e como tíbios defensores apenas os que poderão aproveitar da nova."

"mas quando se vencem os perigos e se começa a inspirar estima, depois de aniquilados aqueles cuja qualidade suscitava o nascimento da inveja, fica-se poderoso, seguro, honrado e feliz."

"Aquele que pensa que, entre as grandes personagens, as benfeitorias recentes fazem esquecer as antigas ofensas, engana-se."

"Convém fazer o mal todo de uma vez para que, por ser suportado durante menos tempo, pareça menos amargo, e o bem pouco a pouco, para melhor se saborear."

"Nada é tão fraco ou instável quanto a fama de uma potência que se não apoia sobre as suas próprias forças. As forças próprias são aquelas compostas de súbditos, ou de cidadãos, ou de outras pessoas que tu tenhas formado: todas as outras espécies são mercenárias ou auxiliares."

"Há uma coisa que se pode dizer, de maneira geral, de todos os homens: que são ingratos, mutáveis, dissimulados, inimigos do perigo, ávidos de ganhar, enquanto lhes fazem bem, são teus, oferecem-te o seu sangue, os seus bens, a sua vida e os seus filhos (...) porque a necessidade é futura, mas quando ela se aproxima furtam-se."

"Os homens hesitam menos em prejudicar um homem que se torna amado do que outro que se torna temido, pois o amor mantém-se por um laço de obrigações que, em virtude de os homens serem maus, se quebra quando surge ocasião de melhor proveito; mas o medo mantém-se por um temor de castigo que nunca nos abandona."

"É justa a guerra feita para aqueles a quem é necessária e as armas santas desde que não haja esperança"

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Estava chuva e abriguei-me e agora sou feliz com ele independentemente das condições climatéricas!

O dia estava frio, e o céu cinzento,
a chuva caía e procurei um abrigo,
não foi só água que trouxe o vento,
veio mais um que se safou do perigo.

Uma pneumonia, que é chata de curar,
não é melhor do que o cabelo ensopado,
em tempestades, e sem sequer procurar,
fui encontrar a bonança ao meu lado.

A simpatia aqueceu-me tanto o peito
como o resto do corpo, então tão gelado,
um dia de chuva pode ser tão perfeito
como um ser só que já se vê abraçado.

A chuva continua mas já não há pressa
quando se tem alguém com quem estar
e de repente o tempo nem interessa
pois o Sol és tu e estou a gostar.

Um dia mais tarde, mais soalheiro,
alguém perguntou como tudo começou,
talvez não tenha sido em Fevereiro,
talvez seja bipolar e nunca pensou.

Talvez um dia acabe por perceber
que o tempo que faz é uma ilusão
e até lá nunca se poderá saber
se há algum de nós que tenha razão.

Folhas prestes a comemorar o dia de São Valentim pt. I

Uma folha olha para outra que se baloiça ao vento
e pensa para si mesma "o teu verde é um monumento";
todas as outras folhas são exactamente da mesma cor!
Então essa pequena folha sente de súbito uma dor,
uma ligeira picada no coração de que é desprovida,
e faz a fotossíntese invulgarmente aguerrida!

Não esperava casos de amor entre as folhas!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Por que insistes em me seduzir

Por que insistes em me seduzir
se já sabes que a ti não me vendo?
Os dias passam, e não parecendo,
tout que tu as dit était avec plaisir...

Por que achas que me vais abduzir
se esse é um convite que não entendo?
Olha o mapa que nesta cama estendo
e deixa-me ser eu a te conduzir...

Mas devo confessar que, na minha óptica,
toda esta luta foi paranormal!,
uma saborosa descarga hormonal!

Devias saber que, nesta luta erótica,
não é não! Sobra-me uma escoriação
e na mão a razão que vence a emoção!