quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Demos as mãos

Demos as mãos
e sobre as minhas passeaste os teus dedos,
sentimentos irmãos,
a fraternidade com que partilhas os teus medos,
a doçura com que me revelas os teus segredos;
disse que não íamos ficar por aí e, qual Nostradamus,
a viagem foi muito para além destas mãos que nos damos...

Foi um abraço
e sobre o mesmo passeaste os teus braços,
comum o espaço,
comungámos inocentemente em longos passos
a sobriedade de carácter dos nossos traços,
marcados na areia molhada que até hoje pisamos,
a viagem foi muito para além do quanto nos abraçamos...

Era carinho
e sobre ele passeaste as tuas carícias,
meu caro vizinho
partilhamos nesta mesma rua várias delícias,
empanturramo-nos das iguarias mais propícias
à diabetes de que não sabemos se escapamos,
a viagem foi muito para além daquilo que acariciamos...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Depressão, ansiedade e outros estados mentais

Correm sem parar e não abafam os seus gritos,
ajoelham-se no altar da senhora dos aflitos,
mamam uns xanax como se fossem conguitos,
têm a certeza que fazem parte dos proscritos.

Depressão, ansieade e outros estados mentais,
carnes coaguladas transformadas em vegetais,
mentes estagnadas cuja inteligência rejeitais,
vagueiam no vosso destino, as alas dos hospitais.

Fumem umas ganzas como o meu médico aconselha,
acreditem que com a minha idade não estou velha,
finjo-me de parva e faço tudo o que me dá na telha
e rio-me na minha cara na minha pele que se engelha.

Sento na cadeira, ouço o som da minha guitarra,
falam muito de formigas mas prefiro ser cigarra,
tenho a minha personalidade e ninguém me agarra
pois só com a minha atitude é que ela se esbarra.

Eu quero amor e paixão como se vê no cinema,
não faço questão nem vejo nisso um problema,
mas o tempo passa e iludo-me já por sistema;
só a podridão da escolha errada é algo que tema...

Complexo

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Não.

...

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Não!

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...
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!
!
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Sim.

?!
!?

Sim...


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...


Talvez...


Sim!

Sim?!

Sim!

Não?

Não?!

Não!

Sim.

Talvez.

Afinal é talvez.

Talvez...

Pois...

Deve ser...

Mas...

Mas o quê?

Enganas-me.

Enganas-me.

Enganas-me.

Não é fácil...

É complexo!

Ambivalente.

Incoerente!

Desinteressante.

Deixa-me.

Deixa-me!

Deixa-me em paz...

O mundo por vezes é tão complexo
e esta realidade não tem nexo.

Recuso-me a falar mais contigo.

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...
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Escusas de falar mais comigo.

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...
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...
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...
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É parecido.

Não é igual.

Não.

Não.

Mas...

E então?

Então...

Chega.

Isto é difícil...

E já beijei gajas e tal e... enfim... não colou.

Mas senti imenso.

Não é uma questão de escolha.

Que estou aqui a dizer? Não sei.

Por isso e tudo tão complexo.

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Ponto final, parágrafo.

Igual.

Complexo.

E já sabes...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Simples

E quando o mundo se tornou mais complexo,
parei, pensei e fiquei simplesmente perplexo
perante tanta e tão boa simplicidade!
E parou, de repente, o toque da ansiedade.
O cansaço, inoportuno, mas tão presente
virou para uma paz que me deixou tão contente
quanto saber o que, imagine-se, a causara!
E surgiu-me, no horizonte, uma afável cara!
Mais cara não me podia ser, tão confortável,
tão simples que se tornou até, veja-se, desejável
e então as peças do puzzle juntas tornam claro
que é por vezes no mais simples que não reparo.
Deparo-me, ainda assim, com uma memória,
recente, de quando quis mudar a história
e parece que não consegui, que insucesso,
ainda bem que nem tudo o que não quero impeço.
Como eu não te compreendo e como te invejo,
como me tento afastar e como te desejo,
como pude ter os olhos fechados se é tão evidente
que a tua simplicidade é tão atraente...
Imagina que havia dois de mim, que decadência,
e o tempo que foi perdido, bem, paciência,
não sabemos o que queremos, vamos indo e vamos vendo,
o futuro não é o ideal, é o que vai acontecendo.

Para quê complicar o que pode ser simples?

Afinal, quem tem que aprender com quem?