segunda-feira, 30 de abril de 2012

o caminho das cruzes à conversa com os que não lhe são indiferentes


Luz, luz, luzes e mais luzes
e no meio da poeira há espaço
para acenar com umas quantas cruzes
e não sei por que me maço
por pensar que ainda há um ou outro cristo
que as poderá, um dia, habitar
e nem sei por que ainda existo
e por que quero conquistar
os Montes Gólgota que vejo
aqui e ali e em todo o lado
se, porventura, não é desejo
do que a cruz carrega ser ajudado...

Mas há algo maior que me impele
para salvar os que oprimidos
tentam salvar a sua própria pele
e a dos que serão também vencidos
sem terem sequer vontade de lutar
e não compreendo, não consigo,
não quero ver, não quero escutar,
os argumentos que dão ao inimigo
para justificar o injustificável,
o que é apenas mais uma conversa
para mim absurda e inefável
a uma alma que no silêncio se dispersa...

Silenciando o silêncio silencioso
sigo seguindo o que não seguirei
ora aventureiro, ora receoso,
ora até ao infinito, ora até onde irei,
e tenho a certeza, se me é permitido,
de que este dia, na sua essência,
é tão curto e vil é tão comprido
como aqueles na sua adjacência
e como tudo me parece sempre cíclico,
igual, já visto, nefasto, aborrecido,
usado, gasto, redundante, encíclico,
enfim, tudo é, agora, como tem sido...

memórias na água a correr

Sol, que estás a brilhar, vai chegar
o dia em que te escondem as nuvens
e então, sem reparar, devagar,
esquecerei que no dia seguinte vens
como sempre tens vindo e virás
pois há memórias que não sou capaz
de me recordar eternamente
pois que vivo entre a gente...

Mar, que estás a brilhar, vai molhar
outro dia em que não esteja vento
e então, sem reparar, se calhar,
esquecerei este mau momento
como sempre me tenho esquecido
pois destas memórias não sou capaz,
não quero recordar o já vivido
e ter assim um momento de paz...

E vem uma onda que me cobre por instantes,
em que fecho os olhos e nada é como dantes
em que fechava os olhos e nada mudava
em ondas revoltadas em que me afogava
em remoinhos distantes em que me escondia
em caminhos extenuantes sem a luz do dia
e a água passa e ao sol vou já secando
e abro os olhos mas não sei até quando...

Luz, que me fortalece, já parece
que voltaste para, enfim, ficar
mas penso "quiçá ninguém merece
livrar-se da água e ao sol secar"
quando na água estão as nossas raízes
quando ao sol a nossa pele se enruga
quando ao vento ouço o que me dizes
e das memórias ninguém se enxuga...

Ar, que me oxida, já me envelhece
por dentro ter tanto em que pensar
um rosto nem sempre é o que parece
e sorrio com vontade de descansar,
eu respiro mal pois levas-me a alma
no quinto de oxigénio que me mata
mesmo que a face permaneça calma
a memória persiste sempre ingrata...

E vem uma onda que para sempre me reclama,
que me protege do sol e da sua chama
que me fecha os olhos e me dá descanso
que me faz esquecer o mar onde me lanço
que me autoriza a nada querer, nada perceber
que me permite nem ser, nem parecer, nem saber
e a água passa e ao sol vou já secando
não abro os olhos e para sempre é o meu quando...

E deixo memórias na água a correr...

domingo, 15 de abril de 2012

Apesar de me ter curado

E na verdade tudo começa sem um fim,
pois que o fim decorre do princípio
e nunca se sabe se será mesmo assim
ou se pelo caminho há um precipício
que leva, enfim, ao fundo... Sei lá!

Sei lá, sei lá! Sei... não sei... Será?
Será que isso é apenas... grrr... perspectiva?
Uma doença, não, um síndrome que irá
retumbar na longa queda numa recidiva!

E dói imenso! E ainda nem se deu a queda
e já quedo arranhado e com hematomas
e antes de se consumarem os sintomas
é utópica a esperança que se quer leda.

Amanhece e o novo dia é soalheiro
ao contrário de mim, sorumbático,
pois desabou de mim o ser prático
e o sentimento é mais verdadeiro
apesar de me ter curado muito me custou...

sábado, 14 de abril de 2012

Inverno Primavera

Nuvens negras, a voar,
o que posso fazer para vos alcançar?
Chuva grossa, continuada,
por mais que tente molha-me nada...

Então chove! Chove! Chove! Mais!
Chove no molhado
que mesmo assim não chega,
chove mais um bocado
e mesmo assim não chega,
continua a cair e sem sucesso
porque não molhas tanto quanto peço...

Vento forte, clandestino,
como posso chegar ao teu destino?
Ar húmido, frio e arrepiante,
por mais que tente estás tão distante...

Então sopra! Sopra! Sopra! Mais!
Sopra no meu corpo gelado
que mesmo assim ainda não chega,
sopra mais forte e mais direccionado
e mesmo assim sabes que nunca chega,
continua a soprar, e como te adoro,
mas não é suficiente o quanto te imploro...

De que estavas à espera?
Sabes que chegou a Primavera.

Sabes que há algo eterno,
a sensação gelada do Inverno.

Sabes, ou não, que tudo não passa duma estação,
que tudo não passa de um momento que se repetirá;
sabes que isto sempre acontece e acontecerá em sucessão,
saberás o quanto a chuva molha?! E o vento para onde irá?!

terça-feira, 10 de abril de 2012

O amor salva!

A alma é alva,
a vida é boa,
o tempo voa,
o amor salva!