quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O tempo em que com mau tempo ainda arde

O tempo, que é num momento oportuno,
noutro com contratempos me importuna
("amor ardente, erros meus, má fortuna"),
ligeiro passa e se não me afortuno.

Na cronologia fui bom aluno,
mas sentindo-lhe o peso na coluna,
nada é certo e em mim não se coaduna,
ligeiro passa e como me premuno?

"Dá-lhe tempo", mas como se escasseia?,
para a erosão haverá panaceia?,
sei que receio que a solução tarde!

Sequência, consequência, coincidência,
não há definição em toda a ciência:
pinga o mau tempo e ainda assim arde?!






sábado, 17 de agosto de 2013

À lareira, a recordar o tempo que há-de vir...

Realidade, abstracta mas em concreto
estudo, aprofundo e não tenho conceito,
"Para quê?", pergunto, se nada é perfeito,
"Porquê?", penso, mas não sei o que é correcto.

Verdade, ilusão, uma casa sem tecto,
os pilares abanam mas fi-los a direito,
as fundações são boas mas perdi o jeito
de construir, imaginar, ou tudo é recto?

As linhas de fuga são longas e curvas,
os esboços esbatem-se em folhas turvas,
a chuva cai ácida e limpa o horizonte...

Arquitectura sem função mas com beleza,
arriscar é com vontade mas sem certeza:
edificar!, outra história, queres que a conte?


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Fecha-se uma porta, abre-se uma janela

Fecha-se uma porta, abre-se uma janela:
fecha, está frio! Vem aí o desconforto...
Que me interessa ser rico se estou morto,
rilho os meus ossos secos à luz da vela.

Abrem-se os olhos, outros fecham-se, os dela:
fecha, está feio! Vomito-me, um aborto,
atrasado e ausente pois sempre absorto
negligencio o velho amor da cautela.

Não tapa buracos a manta de retalhos
quando esta se estica até ao impossível:
abrange mais e menos o fim alcança.

Passam os dias, não findam os trabalhos,
ergo a testa e o horizonte é invisível:
a luta continua, sempre, mas cansa...