quinta-feira, 28 de junho de 2012

A maré aqui só sobe uma vez por mês

Mel e abelhas,
flores e jardins,
céu azul e sol,
isto e aquilo,
bla bla bla,
que animação!

Morte e sorte,
juízo e justiça,
chuva e granizo,
orvalho e neve,
bla bla bla,
as coisas são como são!

Pega num pincel,
molha-o em tinta,
não interessa a cor...
E atreve-te,
pinta!
Pinta!
Pinta tudo!
Tu sabes como o fazer,
por que não o fazes?
És tu, só tu,
só tu o podes fazer...

Uma folha de jornal
que me sujou as mãos,
negras, cinzentas, que interessa?
Estão sujas
e chego ao lavatório
e tenho de as lavar
(mas não sei porquê)
e não sei porquê...

Não vou lavar as mãos!
Não as lavo!
Porquê?! Por que hei-de as lavar?!
Não me interessa
que me macule
a roupa já maculada
de um dia igual aos outros
em que fiz o que fiz sempre
e sempre faço até me cansar...

E estou cansado...

Cansado de lavar as mãos.

Cansado do sol.

E do escuro.

Cansado de tudo.

Das pessoas.

E da ausência de pessoas.

E...

Queria cozinhar
mas depois fica um cheiro a caril que ninguém aguenta
e prefiro ir ao chinês
porque é mais barato
e o gelado frito é interessante,
aquele jogo quente/frio, sabes?

Mas nada como um bom frango de caril...

Entretanto estava chuva
e eu nem tinha reparado
e não tinha protecção
e tinha medo das doenças
que daí poderiam resultar,
como a gripe e a gonorreia,
e decidi ficar quieto,
num canto, à espera,
abrigado, que tudo passasse
mas não passou
senão após vários dias de espera,
longa espera,
desesperante,
cáustica, desidratante,
e queria apenas um mojito
mas eis que acaba o rum,
e eu penso
"como é possível?!".

Mel, gosto de mel,
gosto do teu mel,
é diferente dos outros,
é mais suave, enfim,
mais...

Falta-me a palavra...
Frequentemente falta-me uma palavra,
aqui e ali,
e...

terça-feira, 26 de junho de 2012

Discorrendo sobre a realidade

Discorrendo sobre a realidade
fica sempre um certo sabor a amargo,
não obstante provando, sem embargo
de saber se é mentira ou se é verdade.

Queria distinguir amor de amizade;
queria saber para cada o meu cargo
mas como?, cada sentido é tão largo
quando, entre dois, falta unanimidade...

É tão verdade que a dúvida mata
como me é tão fatal a mentira;
ai confiança, por que és tão ingrata?

Como vou saber qual destes prefira?
O fim é uno à definição lata:
volúvel como o vento quando vira...

Tu nunca percebes o meu humor

Tu nunca percebes o meu humor,
é incrível... E tenho muita pena
porque a tua alma não é pequena
e as palavras tornam-se um rumor...

Poderia ser tanto mas é só temor
da falta de compreensão: serena!
Tanto stresse junto e bem vista a cena
o filme é todo sobre desamor...

E receio ainda que se propague
a doença pelo tecido afectado:
que gangrene, se ampute, se apague...

Vendo-me do meu humor amputado
como queres que a bomba não se ressinta?!
Já me chega saber que há quem me minta...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Eu permaneço em insanidade, coberto pela terra, à espera da decomposição que já se processava mas, enfim, não vos quero tirar o prazer de dizerem que começou agora, agora que me fizeram o funeral.

Um dia interessante,
desafiante,
como nenhum que o antecedeu!
Finalmente, o meu corpo cedeu!

Caí num buraco,
sentia-me fraco,
não conseguia sair e estagnei
como aqueles sobre os quais me enganei
(que terão direito a muitos poemas no futuro).

Larvas, de insecto,
mantenho-me quieto,
devorado por seres rastejantes
que sempre estiveram lá, duros, inquietantes.

Insectos, que voando,
vão-me incomodando, ou amando,
conforme a perspectiva, com a sua fúria belicosa,
tratam-me por dentro até a matéria ser toda ela viscosa,
própria dos momentos em que avança a decomposição,
própria de alguém que perdeu a sua própria razão.

O cheiro, nauseabundo,
se o sentissem por um só segundo
iriam inundar-se de lágrimas até à regurgitação
mas os meus amigos alados fazem disso a sua nutrição
e gostam muito dos meus conteúdos estomacais,
via oral, via fetal, via uretral, uma qualquer mesmo acessos fecais.

O calor, insuportável,
absurdo, desagradável
ao ponto de fermentar vivo o leite que me incorpora
e lentamente a água que me constitui se evapora
e chove no buraco onde vim parar, absolvido,
pois os meus juízes já se tinham decidido!

Há quem diga que fui devotado à violência
apenas por me terem consagrado à ausência
da nossa sociedade, igualmente carnívora, por uns momentos
em que, condoídos, se lembraram destes tormentos,
chamemos-lhe assim, poderiam ser os seus
e então ficaram com medo e rezaram a um deus,
um qualquer, que a fé é movida pelo interesse,
à semelhança da nossa sociedade que me aborrece
pela sua, digamos, ilusão, por outras palavras: fantasia!,
que é fazer da verdade crua e dura uma bela hipocrisia!

Morri!

Mas não acabou aqui a minha viagem!
Pois em mim germina a semente!
Vou para a cova mas não vou sozinho,
levo em mim lembranças de cada vizinho,
ovinhos recheados de uma geração de seres desprezados,
alguns dos quais injustamente devido à sua importância,
insectos que colocaram em mim os seus ovos recheados
e que se perpetuarão no tempo com a devida distância,
seja esta física ou temporal, seja isto o mesmo, quem quer saber?
Lambam-me as feridas que o pus parou e ninguém o quer beber,
que interessa agora que estou tão infectado? Sinto-me realizado
pois fui o escolhido e sou o padrinho de toda um buraco abafado
que tem uma lápide de mármore, bela e bem cinzelada,
e diz coisas bonitas que agora me interessam nada,
agora que, jazendo, tenho um fim maior do que o meu fim, um meio
de dar vida àqueles em que agora mais verdadeiramente creio:
os insectos! Despojados de sentimentos e algo satânicos,
eficazes, rastejantes, voadores, penetrantes, mecânicos,
como tudo deveria ser neste buraco, chamemos-lhe sociedade,
onde eu morri sem poder ter dito a verdade,
onde eu morri para dar corpo aos que me sucederão nos ares,
onde esvoaçarão para espalheram o caos até outros lugares,
lugares igualmente putrefactos.

Até lá...

Até lá nada de novo.
Até lá tudo igual.
Até lá...

Não te esqueças de me enviar
as fotos daquele dia especial...

Até lá nada de novo,
sempre o mesmo...

Não te esqueças de me ajudar
a conquistar um lugar especial...

Até lá eu simplesmente não existo
mas não devia estar já habituado!?

Não me ignores mais! Estou farta!
Sim, se for assim está muito bem!

Até lá... Não tenho nada a fazer
que não tenha já feito, que novidade!

Não me toques, não dessa maneira,
que me agrides com o teu jeito.

E até lá...

Estou a ver...

Olha!
Olha!
Olha!
Olha!
Olha!
Ali!
Lá!
Além!
Olha, de novo!
Olha, outra vez!
Olha, novamente!

Vi!
Vi!
Vi!
E não vejo mais...

Olha, de novo!
Olha bem, com atenção!

Estou a ver...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

The place we came from is the place we are going to

We all must live day by day until we die and then we are killed by the boredom we are trapped in, under ice, over dust, you must know what is the best for you until we cry and then we are going to the grave and we can't behave the same way we used to do because it's so not cool when you prefer to lie and wai until the worms come and eat the flesh, slowly, till the bone, and suck the marrow, like and arrow pointed to the heart of lovers until they find how much can love betray and until the day they are reborn and then all the happiness is so fake because they know their fate, just miss the rate they will be decomposed, feeding others, until the soul is also food and fuck man, this is a waste of time... Pain! In the back! Until you come back to the place you were born, the hole, the whole, the womb, the tomb, the dark, the unknown, the place, the place, the place we came from...

Então foi assim...

Quero muito mais mas não sei se devo,
está na ponta da língua mas não se diga,
como é que consigo mascarar o enlevo?
Afinal não tenho mais olhos que barriga.

Diz-me, sem rodeios, o que pensas,
agora que sabes o que eu penso,
a curiosidade com que me adensas
não é menor do que à que pertenço,
não sabes o mal que me tens causado
por desconhecer a tua resposta,
ninguém acredita que tenha acabado
quando se sabe bem do que se gosta.

Queria mais mas sei que não devia,
estava na ponta da língua mas não disse,
como consegui esconder o que havia?
Afinal não comeria se não o visse.

Diz-me, sem rodeios, o que havias pensado,
agora que sabes o que eu pensei,
a curiosidade com que tenho ficado
deve-se àquilo que acho que sei,
não sabes o bem que me foste causando
por ter a certeza dos meus receios,
agora respondo-te que vou andando
pois os fins justificaram os meios.

Quereria mas não calhou e agora?!
Agora...

Enquanto uns preferem milho outros preferem umas folhas de alface mas duvido que estejam bem alimentados.

Vejo as fotos e estás lá e não vejo a razão para não estares cá; como é possível não estares mais no sítio que reservei para ti à custa de tudo o resto que tinha para mim e hipotequei para levar-te ao céu que recusaste pois nesse outro planeta que aluguei para nós ao custo de reis e rainhas e outros favores continua inabitado e disponível e a degradar-se profundamente e custa a ver e não quero perceber sequer o que se passou...

Os meus sapatos novos

Olho para trás e sou capaz de ter sido o melhor rapaz que pisou este jardim e mesmo assim as flores são de várias cores e não me parecem senão cinzentas... Não sei como aguentas esta novidade, já não temos idade para isto e não descalçamos este sapato... Foi lebre por gato quando eu queria felinos e uns maus meninos deram-me estes sapatos que não foram baratos. É incrível como é irresistível quando eles estão em exposição e ficas sem reacção perante tal oportunidade! Só depois reparas que a novidade vai apertar-te os pés e deixas de ser como és até estarem acomodados nos teus pés magoados que sofrem pela moda e ai como incomoda, pelo menos ao princípio... Ao pé do precipício é que reparas que quando páras te magoam no tornozelo, apesar do teu zelo, de os tratares como se fossem ímpares, como se fossem mais importante do que tu. Por mim podes metê-los na caixa mais um pouco enquanto continuo louco, talvez de saudade, pelos meus velhos sapatos confortáveis, que eu achava detestáveis, mas que me foram tão fieis e amigos...

Agradecimento ao fim dos dias antes que seja impossível.

Dizem que um dia não são dias,
e uma noite não é um dia,
esta vida é um vê se te avias
mas outra vida aqui não havia,
e foi o dia e a noite veio
com a sua bruma e encanto
e um dia passou e nele creio
pois que virá outro dia entretanto
e este que passou foi irrepetível
e no entanto quero que se repita
esta dança dos dias a que sou sensível,
este ciclo, esta obra-prima infinita
até ao dia em que, na solidão,
o Mundo se veja despojado de povo
e os dias não serão os que nos dão
pois que ninguém verá nada de novo
e nesse dia, chamemos-lhe assim,
nem sequer teremos o pequeno conforto
de saber que o Mundo chegou ao fim
pois que nele tudo estará morto.

E essa novidade será linda e imaculada
pois não poderá ser sequer noticiada
pois não poderá ser sequer reflectida
pois que não mais entre nós haverá vida
e nesse Mundo novo sem haver viva alma
abundará a paz, a cordialidade e a calma
e o Mundo respirará finalmente de alívio
e a nossa sociedade só não cairá no oblívio
pois que ninguém haverá para a esquecer,
pois que ninguém poderá morrer ou nascer,
pois que tudo terá, enfim, um novo ritmar,
um sol soalheiro a pôr-se impoluto sobre o mar,
uma nuvem que chove chuva isenta de fatalidade,
o fim do manicaísmo, da mentira e da verdade,
da tristeza e da felicidade pois ninguém mais sente!
E eu que previ isto tudo fico, por o saber, contente!

É isso e nada mais!

Não detestas isto? Este silêncio... esta calma. Vejo no teu olhar que detestas, não me tentes enganar. Estás a enganar-me? Não o tentes sequer. Não me consegues enganar portanto nem vale a pena tentares. Pára, já disse!

Há dias vi um miúdo a pedir dinheiro na rua. Estava a chover. Ele estava de sandálias, com os pés molhados e eu disse que lhe daria uma moeda depois de ir jogar no Euromilhões. Que podia fazer, tinha uma nota, não lhe ia dar uma nota! Joguei 2 euros, recebi 8 de troco, uma nota de 5, uma moeda de 2 e uma moeda de 1 euro que lhe dei após talvez uns 3 minutos. E ele esteve na rua uns três minutos com os pés molhados à espera de 1 euro. Podia ter-lhe dado a nota mas se me sair o Euromilhões vou ajudar muitos miúdos porque agora não posso fazê-lo. Poderia até mas nunca se sabe o futuro, também tenho de acautelar o meu futuro. Dei-lhe um euro, é bastante! São 200 escudos na moeda antiga! Com 200 escudos comprava-se muitos mais do que agora se compra com 1 euro, é verdade, mas não deixa de ser 1 euro. Eu tive de trabalhar para ter aquele euro, não percebo por que me censuras! Se o miúdo não tem culpa eu muito menos ou achas que ando a promover a pobreza?! Eu sei lá se era pobre, era um miúdo magro com sandálias velhas a pedir dinheiro num dia de chuva; é garantia de que é pobre? De que necessita de dinheiro? Não! Pode ser pobre, pode não ser... Espero que seja pobre porque assim pode fazer bom uso do dinheiro. Espero... E se não fosse pobre para que precisaria de pedir dinheiro?! Se não lhe devia ter dado de comer? E os pais? Cala-te, aborreces-me com tanta censura! Queres lá ver que agora sou a Madre Teresa de Calcutá? Se não estás contente dedica-te ao missionarismo, deixa-me viver a minha vida como quero!

Pediram-me para lhes pintar uns quadros. Eu vi logo que iam abusar. Uma pessoa não pode dizer nada, não se pode dar um mínimo a saber, que querem logo algo de nós. Se eu dissesse que sabia cozinhar pediam-me que cozinhasse. Se eu dissesse que sabia isto e aquilo pediam isto e aquilo: não pode ser! E para mais, vê lá a lata, nem sequer falaram em dinheiro! Só me pediram para pintar um quadro. Se me pagavam o que lhes pedisse?! Nunca vou saber, disse logo que não. Tenho mais o que fazer. Querem quadros pintem-nos! Comprem-nos! Quero lá saber! Uma questão de valorização da minha pessoa?! Ah ah ah, deixa-me rir. Querem é aproveitar-se de mim! Que ingenuidade a tua. Eu nem sei por que continuo a falar contigo. E pára de olhar para mim dessa maneira. Sim, dessa maneira; estás a olhar?! Olha para outro lado. Baixa os olhos quando te falo, respeita-me!

Então estava eu a sair do cinema e vem um tipo qualquer ter comigo e pergunta-me pelo meu irmão. Eu nunca o tinha visto mais gordo e disse-lhe que o meu irmão tinha morrido há um mês! Ah ah ah! E nem desconfiou, nem perguntou nada, apressou-se a apresentar-me os seus sentimentos e a falar muito bem do meu "irmão". Que cromo. Eu vi que estava mesmo a sentir o que dizia mas eu continuei a minha performance! Que lata, confundir-me com alguém! E estás a dizer-me que não o devia ter feito?! Então vou eu na minha vida e um sujeito desconhecido aborda-me a perguntar pelo meu irmão. E eu inventei logo que tinha morrido, para ver se me deixava em paz, mas não, que azar!, teve o efeito contrário! Sem dúvida, devia ter dito toda a verdade, tens toda a razão, para ver se aquele cromo me desamparava a loja mais rapidamente. Tu és doente, é o que é, então agora a culpa é minha que as pessoas vejam mal!? Sim, devia ver mal, eu sei lá quem era o tipo! Não interessa, lá continuou a falar sobre a pessoa fantástica que é o meu irmão que tinha acabado de saber que existe, e eu já a fartar-me daquilo, e eu, com a minha simpatia, vê lá que ainda tive essa consideração, disse-lhe simplesmente que o meu irmão me tinha dito que o detestava e que escusava de estar com aquelas hipocrisias! Mudou logo a fronha! Parece que ficou chateado e desapareceu logo! Assunto encerrado! Um dia ainda me corre mal? Como assim? Então mas estás contra mim ou quê? Levava logo dois socos no focinho se me tentasse tocar! Compre uns óculos ou que deixe de beber. Que me deixe é a mim em paz. Irmão agora...

Contei ao sócio do meu primo umas verdades sobre o meu primo porque só não as vê quem não quer. Olha, ficou chateado! Achas isto normal!? Então ainda estava a avisá-lo para ter cuidado e fica contra mim?! Eu tenho uma sorte... Que se matem um ao outro, eu lá estarei no funeral a assobiar para o lado para tentar não me rir! Acabava-se já o problema. Eu sou radical? Radical é ele! Devia ouvir e calar! E tu cala-te, estás sempre contra mim! Cala-te, já disse! Cala-te!

Rush in the rain

Please shut up!
...

God said so,
be the one that I'll never know.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Estava com vontade de rezar um tercinho mas vi um livro aberto que por acaso nem era a bíblia e deu-me para as ironias mas eu sei que isto passa pois é demasiado mau para ser verdade e acredito num Mundo melhor, ou algo assim parecido...

A reviver a decadência,
num canto do jornal
onde as notícias são sempre iguais,
tão iguais que nada se aprende,
só se desaprende...

Ali onde o lápis é negro
mas podia ser azul como outrora
porque, por agora,
a cor não interessa,
nem o conteúdo, só a forma,
de forma a termos um formato
sempre igual e que se repete
com ligeiras variações que entretêm os mais distraídos....

Algures alguém pensa por nós,
alguém supostamente, suponho, iluminado,
pela luz da Lua e das estrelas
agora que o bom tempo voltou
e o céu estrelado governa os céus
onde um dia ascenderemos e nos sentaremos
ao pé do pai
e tudo será bom, amen!

Na cruz, quieto,
é onde estás bem,
de modo a que se apoderem de ti.
Chorem todos que a dor
fica contigo
e não passa de um momento.
O amanhã é melhor,
não faças por mudar já hoje
pois pode ser pecado e queres o céu!

Cumpre, as ordens,
cala a boca e atenta
na palavra dos designados
para te ajudar
nesta demanda,
não vale pensar
quando não és tu quem manda
neste reino de aqui-dor,
ouve as ordens do teu senhor,
não saias do caminho para te portar mal,
vives num tempo como o feudal,
como o ante-cristo, como o medieval,
beija-os na boca,
lava-lhes os pés,
tem medo dos trovões
e condena o pensamento
pois tu não sabes pensar,
não tens de te cansar,
olha o Sol lá fora, como brilha para ti,
que queres mais do que bom tempo?!

Na cruz és um mártir
prestes a ser beatificado
enquanto o futuro é hipotecado
em nome da salvação
de quem?
De quem?!

Novidades embrulhadas em papel machê

E no fim do caminho encontras uma pedra!
E chuta-la para longe.
E a pedra vai para longe mas o pé fica magoado.
Assim sabes que devias ter ficado quieto.
Ou não?

sexta-feira, 1 de junho de 2012

I wish I was Lucky

I wish I was Lucky
I wish I was licky
"and now I wanna be your dog"
it would be living high on the hog

If I was afraid of the thunder
You know I'd like to stay under,
under your belly, next to your chest,
I wish I was there just to have a rest...

I wish I was Lucky again
I wish I was a better dog or man
I wish I was out of the rain
I wish I was under you and out of pain

"and now I wanna be your dog"
"and now I wanna be your dog"

I wish I was Lucky
I wish you were licky
be my mother, I'll be your child,
it would be so funny to become wild

You know that some dogs bark
maybe they're afraid of the dark,
I would behave since you could take care
of my other fears, my every night nightmare...

I wish I was Lucky again
I wish I was a better dog or a man
I wish I was out of the street
I wish I was under you and it would fit

"and now I wanna be your dog"
"and now I wanna be your dog"

So hear me barking in this king-size bed
I feel king size and I no longer feel bad
Help me I'm hungry and the fear of anything
Keep us licking each other lighted by lightning

I wish I was Lucky enough to fear the storm...



Pulverulento como o que não bebo nem como

Fogos, a arder,
vais ver
e cheirar
o cheiro
a carne assada...
Dói!
E ninguém quer saber...

Árvores, a cair,
vais ver
e sentir
a sensação
de morte vegetal...
Dói!
E ninguém vai ouvir...

Lixo, à porta, do quarto,
onde me deito,
ocasionalmente,
onde durmo,
raramente,
e onde me esqueço
de esvaziar,
devagar,
a caixa de areia
do meu gato...

Coitado, não sei cuidar dele...
Como posso eu cuidar de mim?
Não sei cuidar dele,
como posso cuidar de mim?
Nem sei cuidar de mim,
como posso cuidar dele?

Esqueci-me de comer
os restos que havera guardado
no frigorífico
que está ferrugento
e cheio de podridão:
o que fazer com a comida que me dão?
Eu não gosto de tudo.
Eu não gosto de tudo.
Eu não gosto de tudo.
Nem tenho fome...

A garrafa está a olhar para mim,
a garrafa olha por mim,
a garrafa não está bem assim,
vou ter de a abrir e despejar
o conteúdo da minha mente
num copo alto em balão.

É branco, mas não é leite,
é espesso, mas não é isso,
é pulverulento...
Pulverulento...
Pulverulento...

Não sei o que dizer mas tento...

"Eu tenho um país que é um cancro" - Lisete Ornelas

"Eu tenho um país que é um cancro.
Eu tenho um país que é um cancro.
Eu tenho um país que é um cancro.
Eu tenho um país que nem cuidados paliativos me dá.
Eu tenho um país que me cobra impostos
Eu tenho um país que me cobra impostos
E em troca nada me dá
Eu tenho um país que me impõe regras
Eu tenho um país que me impõe regras
E que de bom nada me dá
Eu tenho um país que me diz oferecer boa sáude, educação e justiça pública e gratuitas
Eu tenho um país que me diz oferecer boa saúde, educação e justiça pública e gratuitas
Mas quando lá vou vejo que não
Eu tenho um país que é um cancro
Eu tenho um país que é um cancro
Eu tenho um país que fala em democracia, igualdade e liberdade
Eu tenho um país que me fala em democracia, igualdade e liberdade
E quando olho à volta
E quando olho à volta
Tenho um país que me prende, rouba e maltrata
Prende, rouba e maltrata
Eu tenho um país que é um cancro
Eu tenho um país que é um cancro
Eu tenho um país...
Eu tenho um...
Eu tenho...
Eu...
..."

Lisete Ornelas