sexta-feira, 21 de outubro de 2011

"Olá." - dissemos.

"Olá." - disse ela.
"Olá." - respondi.
Disse-o com voz trémula.
Disse-o e não sorri.
Disse-o como nunca me dissera.
Disse-o como o senti.
Disse-o e soou-me sincera.
Disse-o e logo parti.
Mas... fiquei a pensar.
Por que mo disse?!
Já me viu a passar
e fez como se não visse...
Terá sido um reflexo?
Comigo não contaria...
Fiquei perplexo:
era isto que queria?
Foi isto que tive,
foi isto que ouvi,
foi a esperança que, quiçá, mantive,
foi a beleza que, de novo, vi.
Foi a simplicidade,
foi a desconfiança,
não foi novidade
nem perseverança;
foi só um momento
que me fez reflectir:
mudou o sentimento
e o modo de sentir
e aquela voz fina
soou-me tão distante,
há mais de dois anos
que não ouvia semelhante...
E revivi, revivo!,
três anos de história,
sinto-me feliz e vivo
por ter tão boa memória!,
e me lembrar de tudo
com tanto pormenor,
como sou sortudo,
como me sinto maior
por o ter vivido!
Por te ter escutado,
por te ter percebido,
por me teres enganado
e por te ver tão púdica
pois tenho a certeza
que não foste a única.
Deste-me tristeza
e as chaves do Mundo
que usei com saber
para não te ser segundo
e falaste-me hoje
e não há que entender
pois foi já tão longe
que não se pode retroceder...
E na verdade nem quero,
foi um dia e não é mais;
o destino é fero,
guarda os teus sinais
bem junto ao peito
pois tudo o que sobra
é o valor do respeito,
é essa mítica obra,
é tudo o que sonhámos,
é tudo o que quisemos,
aqueles que amámos
e este "olá" que dissemos.

21-10-2011

Sem comentários:

Enviar um comentário