quinta-feira, 1 de março de 2012

Florbela Espanca vive numa Charneca em Flor e escreve-me um Livro de Mágoas...

Anda-me dar muitos abraços.
Quero sentir o teu corpo quente junto ao meu.
Não faças o meu coração em pedaços,
não sou a Julieta, não te quero para Romeu,
esses morreram cedo mas tu vives e és meu!
Meu! E só podes ser meu! Porque eu quero!
E sabes que, acredita em mim, não exagero
quando digo que és tudo para mim,
sim, és tudo para mim, meu querubim,
minhas asas de anjo, meu toque de seda,
não há maior desejo que me conceda
qualquer génio da lâmpada das arábias
do que as tuas lições tão sábias!
Oh meu professor! Meu mestre de tantas horas,
se soubesses como contigo as demoras
são o meu tempo predilecto! Oh e a vontade,
a vontade que se faz prazer de ansiedade,
na esperança que o tempo não mais passe
e que mais o meu amor, minha perdição, me abrace!
Abro a cama à tua agradável presença,
fecho os olhos e ouço a tua sentença,
castiga-me a teu belo prazer pois mereço
tudo o que tu me fazes com tanto apreço
e desapareço do mundo para viver contigo
e só a ti admito esse teu severo castigo
que me soa a liberdade e me soa a paraíso,
que me traz a felicidade, o prazer e o riso,
que me escancara as portas para a redenção:
captar mais um minuto da tua boa atenção!
E como eu sonho mais e mais e sonho a cores,
como é tão bom suportar estas fortes dores
que só tu me infliges, como vetusta tradição,
que sigo sem pensar como louca perdição
e me desgraço, oh sim, desgraço-me... por ti...
Porque não és meu e até isso sempre te consenti...

6 comentários:

  1. Um belo poema, k felizmente pude contribuir, para tal inspiração.
    Gostei muito.

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  2. onde está o botão "GOSTO"? xD

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  3. Tudo o que é escrito neste blogue é escrito por mim, expecto indicação em contrário. Neste poema em particular os dois primeiros versos são da Sofia: o mote para o que se segue.
    Quem gostar pode ir ao Facebook que há lá um botão "GOSTO" e ligação para este poema. Obrigado!

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  4. Sublime. Publica um livro para que almas belas possam ter o prazer de se deliciarem com os teus poemas.

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