quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

QUERO!

Tudo! Eu quero tudo!
Tudo o que eu puder ter eu quero!
Quero tudo, não posso ser mais sincero!
Jóias, dinheiro, felicidade, loucura,
drogas, doenças, fama, fé e bravura!
Desgraça, graça, conteúdo, futilidade,
quero dizer a mentira, o nim e a verdade!
Quero ficar doente, estou sempre saudável;
para mim mais do mesmo é desagradável
e tem de se ver o lado positivo,
só está doente quem está vivo!
E eu estou! Vivo! Vivo! E vivo tudo!
Sexo, orgias, sado-maso e genitais,
homens, mulheres, animais e vegetais!
Quero pudor, quero dogma e devoção,
quero ser o mais casto desta nação
até descambar num samba de sensações,
noite e dia, até me embriagar das reacções
daqueles que exercem a censura!
Óptimo, quero sentir a ditadura!
Quero sentir a liberdade!
A imberbe angústia adolescente,
a meia-idade que produz gente
e a decadente terceira idade!
Quero recordar e sentir a saudade,
quero esquecer e ser um ser utópico,
Uma força natural, um ser ciclópico,
pequeno e raquítico, um badameco!
Ora oro, ora agora, ora, ora peco,
peco de virtude, de consciência,
peco de leviandade e persistência!
Quero ver o mundo acabar,
quero comer até rebentar:
ah mas que grande farra!
Quero muita uva e muita parra,
quero filhos, netos, bisnetos
e não ter de aturar esses irrequietos!
Quero um emprego, quero um salário,
quero ter tempo e outro calendário,
Ler, escrever, ouvir, calar, escutar,
quero sentir-me mal e quero bem-estar,
quero paz, quero amizade,
quero solidão e rivalidade!
Quero e tenho tudo, quero e tenho nada,
tenho e quero tudo, tenho e quero nada…
Quero, tenho, não quero e desespero
pois eu simplesmente não sei o que quero…

13-12-2012

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