quinta-feira, 4 de novembro de 2010

"Governo aponta Ferreira Leite como deusa da sensatez" - um comentário

Quem clicar no título será remetido para a página do Diário Económico (onde hoje se pode ler a versão completa desta notícia) no Sapo, onde se pode ler ainda:

"Ex-líder do PSD marcou debate do Orçamento do Estado ao dizer que é aquilo que o país “precisa” e arrancou elogios ao próprio primeiro-ministro."

Vou deixar aqui o meu comentário. Não a esta notícia em particular, mas ao estado das coisas no geral. Esta é a minha visão do que se passa aqui, em Portugal, neste Outono de 2010. E para que daqui a uma década não tenha de escrever o mesmo, apenas mudando o nome dos intervenientes, deixo aqui uma possível solução para a crise! Não exactamente a económica, uma crise maior e que afecta Portugal desde que nasci; pelo menos desde que me lembro de existir e ter atenção a estas "coisas" (esta "coisa" que mais tarde vim a saber que era a política) que ouço falar em crise, "apertar o cinto", "isto-e-aquilo-que-todos-sentem-mas-ninguém-sabe-bem-o-que-é", ... Será um problema do povo Português? Uma certa propensão para a tristeza, a melancolia? Pessimismo!? Se ouvirmos o actual primeiro-ministro a discursar creio que ficamos com essa impressão.

Por que havemos de ser pessimistas? Não somos o Norte da Europa onde as horas de Sol são poucas, comparando com a nossa praia lusitana; podemos passear nesta bela nação, esticar-nos ao Sol como um qualquer pacato lagarto, sarar as nossas "nódoas negras sentimentais", como diz o poeta, banhando-nos à luz do astro-rei. Temos comida à mesa (bom, pelo menos costumávamos ter...) ao contrário de povos africanos, por exemplo. Mais do que comida, temos boa comida, temos gastronomia, a boa Gastronomia Portuguesa, a Dieta Mediterrânica, saudável e apreciada. Temos, talvez, o melhor jogador de futebol do Mundo! Mas nada chega! Somos pessimistas... Por que será?

Talvez porque não temos dinheiro... Temos tudo o que precisamos para viver, sem dúvida; então pela Fórmula do Cardeal Cerejeira (dizia que chegava pão e vinho...) até temos demais!

Há dias, (bem, já passou mais de um mês, o tempo voa...), ou melhor, há mais de um mês, regressava da Polónia, via Bruxelas, e vi um Eurodeputado Português na mesma porta de embarque e de imediato pensei: "De certeza que vai viajar em primeira classe!". Acho que qualquer pessoa adivinharia... Mas porquê em primeira classe? Chegou ao Porto ao mesmo tempo do que eu! Por que razão uns têm de "apertar o cinto" e outros têm de encher a pança? Não fica tudo na mesma?!

Continuo a achar o mesmo: sem uma revolução, daquelas a sério onde o vermelho é do sangue e não das flores, isto não muda! Claro que me parece que esse " povão mamão e preguiçoso que vive à custa de prestações sociais... e empregos do Estado", como ouvi alguém dizer recentemente, mais depressa engoliria um revolucionário que se dispusesse a mudar isto do que a apoiá-lo... Sócrates, Coelhos, Leites, Barrosos, Guterress, ..., é tudo igual, está tudo compremetido com este sistema político, daí não me surpreender o que foi dito por Ferreira Leite; afinal quando o PS sair de lá entra o PSD e vice-versa. Talvez se devesse pensar que não há PS e PSD, há partidos que governam, alternadamente, e eternos partidos da oposição que eventualmente, pontualmente, ajudarão estes a governar e a ter as maiorias necessárias para aprovar o que for preciso (leia-se o que lhes convier). Então, admitindo isso, se veria que não há alternativa ao que temos. Poder-se-ia arriscar num dos partidos da oposição, claro, mas é bastante provável que também estes tivessem os seus "boys" cheios de gula. E se não os tivessem então os outros "boys" converter-se-iam! E imbuídos dessa nova fé partidária teríamos mais do mesmo, apenas com outra cor. Resta saber o que de facto foi negociado, nos bastidores, acerca deste Orçamento de Estado; terá sido a taxa do IVA e afins ou a manutenção/promoção dos lugares para os "boys" dos partidos da oposição quando, inevitavelmente (e está necessariamente para breve), o PSD chegar ao poder? Até lá vamos continuar com estes teatros de parlamento... E quando lá chegarmos continuarão, mas então a maioria do povo aplaudirá e sorrirá quando Passos Coelho ganhar, pelo menos durante algum tempo, assim como se congratulou com Sócrates, e tudo continuará na mesma... Porque, como li no fantástico livro que aconselho, "O Leopardo", "é preciso que tudo mude para que tudo fique como está"!

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