domingo, 22 de julho de 2012

Uma dor lancinante no osso sacro

Diz o povo sábio, com tal indiferença,
assim: "cada cabeça sua sentença",
e tem razão, pois há senso no comum,
há tanto no vulgar que é, só, nenhum.

Inebriado já pela bem-querença,
a inédita droga, na tua presença,
esfuma-se, bela, no ar oxidante,
artefactual estado dilacerante.

A paixão repete-se a todo o instante
como uma faca aguçada, penetrante,
como um relógio que não se regula,
adiantado, desde a pele até à medula.

Uma dor lancinante no osso sacro
com que, orgasmicamente, me massacro;
venho-me em ti com igual satisfação
à que encarno no papel de realização.

Filmado quem o suporia original?,
tal o conteúdo surreal, marginal,
eventualmente presente no teu peito
úbere, com que o povo é satisfeito.

Quem é detentor de tanto conhecimento?
Quem é o ocaso? O ócio? O esquecimento?
Um momento só de verdadeira paz,
um monumento só onde a verdade jaz.

Desliga-o, já, recolhe-lhe todos os cacos
e atesta-lhe de remédio os buracos
pois há quem tenha tido muitas doenças
apesar de este contexto recusar avenças.

Porcelana, cambraia, enfim, um brocado
pungido freneticamente, não depurado,
uma beleza incontestada mas gasta,
por que é que alvo algodão não te basta?!

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