quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Cago e mijo e azio e vomito

Quando me dá vontade de cagar
também sou capaz de largar urina,
e tendo tempo faço-o devagar
pois gosto de meditar na latrina,
e fumar, abstrair-me e divagar,
bater uma a pensar numa menina,
limpar, tanto a mim como este lugar,
e reflectir no que a mente ensina...

Merda e mijo, tanto e tão belo,
castanho escuro/ácido amarelo,
o mundo tão podre caiu-me no goto
e só me livro dele... a cagalhoto!

Fico enfartado de tanta hipocrisia,
lágrimas de crocodilo, astúcia, manha,
o ácido sobe e não aguento a azia,
quero vomitar o que o corpo estranha,
meto dois dedos como o povo bem dizia,
na boca aberta que a taxa arreganha,
o vómito surge e o estômago esvazia,
fora de mim quem mal me acompanha!

Azia e vómito, tanto e tão belo,
cinzento, castanho, verde, amarelo,
o mundo tão podre caiu-me no goto
e até o regurgitar renovava o arroto!

Cago e mijo e azio e vomito
e dizem que não é bonito?
Querem que fique comigo
o excremento dito amigo?
Devo fortalecer amizade
com quem de me foder há-de?
A idiossincrasia é o que me resta,
livrar-me de tudo o que não presta!

Pessoas, pessoas e... pessoas,
tanto muitas más como poucas boas:
mentira, farsa, rancor e traição,
os alimentos da minha excreção...





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