As flores do meu jardim
São histórias duma vida
Que ainda não teve um fim;
Está na Primavera florida
E desabrocham só para mim
Que quanto mais é tingida
A cor que cega, se me atinge,
Mais dela preciso e procuro,
Mais canta o poeta e finge
Que há luz entre o escuro,
Mais a alma se restringe
A um passado com futuro...
O pólen que o céu já invade
É a poluição, o nevoeiro,
É a vida e a fecundidade,
É o meu jardim que inteiro
Se dividiu e não se degrade
Embriagado em ímpio cheiro,
Invisível e logo perigoso,
Pois o que não é palpável
É sempre o que dá mais gozo
E a bela pétala impalatável
Que capta o meu humor aquoso
É o meu estado instável...
Há sempre as ervas daninhas,
As pedras macias do caminho,
Lembranças tão boas as minhas
Que nunca me deixam sozinho.
Escrevo-as por ti nestas linhas
Que o Verão se faz vizinho
E estas belezas evanescentes,
Que pelo tempo são ressequidas,
São fealdades, são descontentes,
São das que tenho as preferidas
Porque restarão sempre sementes
E se perpetuarão noutras vidas...
21/03/2008
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Gostei muito :D
ResponderEliminarEstá bonito!