segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Veneno

O sabor das ideias é algo que não posso saber,
o valor das ideias não posso materializar,
o que me dizes eu não quero perceber;
o filme é teu e não serei eu a o realizar.

Neste jogo do ter e do haver
não sou eu que fico a perder;
o mais cego é o que não quer ver,
o mais fraco acha-se com  mais poder!
E não tem força nem para gritar
quando suavemente levanto a voz,
não é possível em alguém acreditar
quando se ata nos seus próprios nós!

O prazer que me dás não posso quantificar,
as palavras que escrevo não as percebes,
a corda está tensa e se a tentas esticar
rebenta-se como essas águas em que bebes!

Neste fosso entre vida e morte
não és tu que estás a respirar,
o que tem azar acha-se com sorte
e as marés acabam sempre por virar!
E não tem força nem para falar
quando suavemente eis que argumento,
cai no ridículo quem não se sabe calar,
quer eternidade e terá o esquecimento!

Dá-me um pouco do teu veneno
mas aos poucos para me habituar!
Atinge-me pois continuo sereno
a ver esse teu decrépito actuar!

Continua a tua intoxicação
agora que lhe sou imune!
A justiça poética é a reacção
que não te deixará impune!

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