quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Ilusão

Penso, num certo sentimento,
frio e duro como esta tempestade,
desconfortável como a chuva e o vento;
vem o sol e não me seca a saudade
quando descubro que uma grande ilusão
só pode acabar em uma grande desilusão.

Agacho-me, só no meu canto,
frio e duro como esta parede,
por que tive de passar por tanto
se nada há que me sacie esta sede
de vingança perante tanta injustiça?
Tenho esperança que ainda haja justiça?!

Deprimo, na minha mente,
fria e dura como eu não pensara,
serei menos gente do que a gente
que se ri enquanto a minha ferida sara?!
Pois a cicatriz que carrego será eterna,
rasgada por aquela que foi falsamente terna:
chamas-te ilusão,
venceste a razão
e tudo estaria certo
não fosse este deserto
que percorro após a tua tua transformação
em desilusão. Enfim, as pessoas são como são...

Escrevo, todo um testamento,
frio e duro; como a vida me altera ...,
dá-me um pouco de paz e alento
mas para sempre nunca se espera!
Quando sabes que tudo muda e não o controlas
só podes aprender com o como te descontrolas.

Regurgito, todo um passado,
frio e duro que nem o piloro passa,
ácido, básico, feio e ensanguentado
o meu corpo resiste à lança que trespassa:
qual cupido? Não! O meu coração dolente,
e tão empedernido, será que ainda algo sente?

Grito, e ouço a minha voz,
fria e dura a ecoar sem rumo,
quero atingir todos os que como nós
sobreviveram à chama e vêm entre o fumo
que tenta ofuscar o óbvio que todos pareciam prever,
e que nós também sabíamos mas não quisemos ver:
chamas-te ilusão,
venceste a razão
e tudo estaria certo
não fosse este deserto
que percorro após a tua tua transformação
em desilusão. Enfim, as pessoas são como são...

1 comentário:

  1. Mais parece uma reflexão minha...seremos assim tão parecidos? É certo que mais que o sangue que nos corre nas veias a vida nos uniu pelo sentimento de amigo-irmão! Abdiquemos das ilusões...basta de desilusões!

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