Nuno Melo, é para mim um grande prazer poder contar com esta entrevista no meu blogue. Já nos conhecemos há uns quatro anos, fazes parte desta minha estadia em terras de Santa Maria da Feira, onde és um dos melhores mediadores de seguros (não sou eu que digo, diz o tio Google, que é mais isento do que eu). De seguros, desta terra, e do mais que calhar, há espaço para tudo nesta entrevista.
HIGH ON THE MOUNTAIN:
Vamos começar com uma questão fácil. Como chegaste à mediação de seguros?
Nuno Melo:
Esta é uma longa história... Em 2005 a minha vida deu uma grande volta, a volta que mudou toda a minha vida. A minha namorada colocou-me uma questão importante e fundamental: "Vais continuar a estudar ou vais trabalhar?!". Na altura estava no segundo ano de Engenharia Electrotécnica, no ISEP, na quarta ou quinta matrícula. E trabalhava em part-time no E.Leclerc. Na verdade tirei os cadeirões à primeira, análises matemática e físicas... já as práticas e a aberração de programação era um terror. Aproveitei o empurrão e desisti. A minha namorada era divorciada e tinha um filho de 5 anos, abriu-se a hipótese de emigração. Para mim nunca foi uma hipótese, só mesmo no limite. Para a minha namorada sim. Fui falar com a minha chefe da altura e foi-me oferecido o estágio para sub-chefe. Trabalhar das 6h às 14h na reposição, das 15h às 20h na formação, e depois trabalho mesmo como sub-chefe. Este belo horário deu em esgotamento ao fim de 8 meses. Férias forçadas e baixa médica. Em Setembro fui falar com a chefe para desistir e foi-me sugerido por ela ir uma entrevista na Mapfre de Gaia, para um projecto que estavam a lançar para gestores de seguros. O marido dela trabalhava lá. Fui seleccionado. No dia 16 de Outubro estava a apanhar o comboio para Lisboa, para uma formação de 3 semanas. E agora passaram quase 20 anos de actividade.
HOTM:
Se não morasses em Santa Maria da Feira, onde gostarias de viver?
NM:
Eu moro em S. João de Ver. Não gostaria de morar na Feira. Ou em Cortegaça, para estar mais perto do mar, ou em alguma aldeia da Serra da Freita, para caminhar na natureza.
HOTM:
Porque tanta gente continua a falar na "Vila da Feira" quando é cidade há mais de 40 anos [14/08/1985]?
NM:
Acho que são os mais velhos... mas mesmo a minha mãe, que acaba de fazer 70, já vive há mais anos com a Feira como Santa do que como Vila; é daquelas coisas difíceis de perceber.
HOTM:
És um aficionado da cultura, e felizmente está cidade tem vários eventos interessantes ao longo do ano (Viagem Medieval e Imaginarius, por exemplo). Queres destacar algum? E porquê?
NM:
Esqueceste-te do Perlim e da Festa das Fogaceiras. Eu gosto um pouco de todos. Irrita-me os Feirenses não gostarem, e muito mais alguns que nunca foram a nenhum. Ainda para mais o Imaginarius, que é de borla. Os de fora vêm cá de propósito, mais do que nós Feirenses. Sei que pode ser incómodo, mas traz dinheiro. Mas já sabemos que o tuga é mestre a reclamar de tudo.
HOTM:
Quanto às reclamações nunca me tinha apercebido... Vamos lá de novo: porque tanta gente chama "Feira Medieval" à Viagem Medieval? Será pela associação à "Vila da Feira"?
NM:
Porque começou como Feira Medieval. Malta de hábitos.
HOTM:
Sei que também gostas de literatura. O que estás a ler neste momento?
NM:
Estou a ler "Terra Sonâmbula", de Mia Couto, e "Fahrenheit 451", de Ray Bradbury.
HOTM:
Há algum autor ou estilo literário que queiras destacar?
NM:
Mia Couto é neste momento o meu escritor favorito. A forma como escreve, a mistura de contos africanos com a vida actual é bastante apaixonante. Acho que vou ler tudo dele.
HOTM:
Além de consumidor de cultura, já estás a preparar a próxima geração, tendo uma filha a estudar artes. Foste tu a influência?
NM:
Nada disso. Foi a minha mulher. Sé percebo de arte na óptica do consumidor. Se me pedires para desenhar desenho uma pessoa ao estilo do boneco do enforcado.
HOTM:
Por falar em enforcados, a arte é um parente pobre da sociedade, é não só na nossa: vês com preocupação um futuro profissional difícil nesta área para ela? Ou tens sucessão nos seguros?
NM:
Não vou ter nenhuma sucessão. Ela vai conseguir singrar no que faz. É muito focada e dotada. Pode custar no início mas tenho a certeza de que irá viver só disso.
HOTM:
És utilizador da IA na tua vida? Achas que a vida vai mudar muito com a inteligência artificial?
NM:
Sou cada vez mais utilizador. Olho com 90% de optismo e 10% de receio. A internet também foi uma preocupação e agora não vivemos sem ela. A IA e a tecnologia simplifica, e muito, a nossa vida. Vai tirar emprego? Vai. Mas vai tirar emprego a quem não souber aprender a viver e conviver com ela. Os novos analfabetos não são os que não sabem ler, são os que não sabem se adaptar. Eu já era completamente digital antes do COVID, muita gente foi empurrada nessa altura, alguns ainda não aceitam e estão a "morrer". Eu tenho mais clientes do que nunca, e cada vez menos trabalho, esse é o caminho. Perguntei ao meu enteado o que ele achava, e ele que trabalha em ciber-segurança disse: "Abraça e aproveita. Não podes lutar contra isso.". Tenho grande esperança principalmente na saúde. O salto vai ser brutal!
HOTM:
Muito obrigado pela entrevista. Se quiseres deixar algum comentário final, está à vontade; no meu blogue não há limites editoriais!
NM:
De nada. Espero que tenha sido algo de jeito! 😂








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