terça-feira, 14 de julho de 2009

As Corridas da Boavista já não são o que eram!

Sou um adepto do desporto automóvel. Não sou um daqueles fanáticos que, por exemplo, não perdem um minuto das corridas de Fórmula Um! Sou aquilo a que se pode chamar um adepto ocasional.

Quando as corridas vêm ter comigo então não lhes viro as costas (mas tentaram)! E nestes últimos dias fui ver os bólides a passar no Circuito da Boavista.

O MAU PROGRAMA

Comparando com a última edição, dois anos antes, achei esta menos interessante e muito mais fechada sobre si mesmo. O programa era menos completo, e o horário de algumas provas pouco consentâneo, a divulgação da prova foi menor, houve menos público e o que compareceu teve menos locais para ver a prova num circuito muito mais tapado por publicidade! As bancadas existentes (a maioria em óptimos sítios, é verdade, mas algumas delas nem de graça!) estavam muitas vezes vazias, e para tal muito contribuiu o elevado preço dos bilhetes, que iam dos 5 aos 350 euros!

ONDE VER

Muito mais emocionante que passar uma manhã, uma tarde ou até um dia sentado numa cadeira de bancada é mesmo procurar o melhor local ao longo do circuito (e também é mais barato!). Alguns destes sítios incluem a igreja de Aldoar, as varandas das casas mais privilegiadas do circuito (ou menos privilegiadas? é que este evento também traz bastantes transtornos aos Portuenses!), os muros do Parque da Cidade e onde quer que se consiga uma boa vista para a pista da Boavista!

O QUE VER

Todas as tardes do programa foram por mim visitadas deambulando por muitos destes locais da bela cidade do Porto! E tanto foi o que por lá vi: o Tiago Monteiro, que correu em casa, a ser o mais aplaudido do WTCC (World Touring Car Championship), magníficas máquinas que já tiveram o seu apogeu (Troféu Português de Clássicos, Formula Um Históricos), que estão no seu auge (Supercopa Seat Leon, 500 Abarth Europe Trophy), o singular Desafio Único (que contou, este ano, com os Fiat Punto além dos Fiat Uno) e muito mais!

No primeiro fim-de-semana, de 3 a 5 de Julho, correram os carros do WTCC, a novidade 500 Abarth, entre outros. As atenções estiveram centradas, obviamente, no Campeonato do Mundo de Carros de Turismo e no Tiago Monteiro, que não desiludiu, embora não chegasse ao pódio como todos ambicionavam.
Soube a pouco. A prova foi muito menos espectacular que em 2007! Talvez por terem voado menos espelhos... E assim as minhas esperanças foram para o que ainda estava para vir!

De 10 a 12 de Julho foram os clássicos! Troféu Português de Clássicos, os Formula Um Históricos, o Desafio Único e mais algumas belezas do antigamente!

O QUE NÃO QUERIAM DEIXAR VER

Acho estas corridas, no geral, muito mais espectaculares e não me desiludiram! Mas outros eventos desse fim-de-semana, e que relato de seguida, prenderam muito mais a minha atenção... pela negativa!

Escolhi ver estas provas nos muros do Parque da Cidade, aqueles que vemos da Circunvalação. Quando cheguei perto dos mesmos deparei-me com um contingente de agentes de autoridades que me deixou perplexo! Alguém estaria a sabotar os carros e procuravam o criminoso? Haveria combates de morte no local para arranjar o melhor lugar? Estariam a montar uma mesa de apostas no local e a dedicarem-se ao jogo ilegal? Quase tudo me passou pela cabeça naquele momento... mas não era nada disso! Quatro agentes da autoridade estavam ali para garantir que os adeptos do desporto automóvel não usassem os muros como bancada!

ADEPTOS DO DESPORTO AUTOMÓVEL, ESSE GRUPO DE TERRORISTAS!

Abordei um dos senhores agentes da autoridade para me inteirar do que era ou não permitido fazer e descobri que não se podia estar de pé nos muros, apenas sentados, de costas para a pista! E foi-me ainda explicado que tudo isto era por razões de segurança! De facto é muito mais seguro levar nas costas com um estilhaço do qual não me pude desviar porque não o vi do que ver o mal a vir de frente e escapulir-me deste! Achei a medida algo exagerada visto que ainda uma semana antes era possível ver ali uma prova internacional sem quaisquer restrições! Fiquei, no entanto, muito contente por ver tanto rigor e tanta preocupação com a segurança do público nas provas nacionais! Apesar de tudo foi possível ver, de pé e atrás do muro, as sessões de treinos, daquele dia 10 de Julho, naquele local.

No dia seguinte havia já competição "a valer". Corridas e não apenas treinos. Por curiosidade voltei a ir para o mesmo sítio. Gostava de saber que medidas de segurança inventariam naquele sábado. Esta minha atitude provou ser a correcta quando não vi ninguém nos muros! Aí tive a certeza que já estavam, de facto, a inventar! Se no dia anterior não se podia estar em pé no muro, ou sentado virado para a pista, neste dia nem no muro se podia tocar! "Segurança" - diziam os agentes da autoridade, de novo quatro, na ingrata missão de controlar a horda de impacientes adeptos que procuravam a todo o custo apoderar-se dos muros do Parque da cidade (leia-se pouco mais de uma dúzia de pessoas que por ali passou para ver as corridas; este fim de semana teve uma fraca adesão de público)! Uns morros de terra a cerca de um metro do muro foram também interditados à presença de adeptos da velocidade! Naquele momento senti-me um criminoso na minha própria cidade por ter tentado ver o evento que esta acolhia! "Ordens da organização da prova" - completavam os agentes, alguns dos quais confessaram ainda não perceber o sentido de tais ordens. O exercício que aqui vou fazer é mesmo este: perceber o que leva a organização de um evento desportivo a impedir o público de o ver!

E QUASE VIERAM AS LÁGRIMAS AOS OLHOS

Fiquei, tenho de o dizer, extremamente comovido quando um dos agentes da autoridade disse que estava ali a trabalhar sem receber (voluntariado?) e que sem eles (Polícia) o evento não poderia ocorrer! Tal gosto pela profissão, pela segurança do público, tal altruísmo de se trabalhar pro bono merece o meu reconhecimento! Fiquei, no entanto, e também tenho de o dizer, extremamente preocupado quando vi que alguns agentes da autoridade, tanto neste sábado como no dia que lhe antecedeu, não seguiram as suas próprias ordens e estavam a olhar para o circuito (mas não a ver as corridas, com certeza que o seu profissionalismo não o permitia) em cima dos muros! Tive bastante receio que um Fiat Uno, um Fiat Punto, um Mini, um Porsche 911 ou qualquer outro carro voasse cerca de três metros e lhes acertasse! Pois os polícias também são pessoas e também precisam de segurança! Mas felizmente que tal não aconteceu...

No dia seguinte, domingo, estas restrições não se verificaram e tudo correu bem e a felicidade estava bem patente na cara de todos! De qualquer modo os agentes da autoridade apenas passaram por lá uns breves minutos... Não nos esqueçamos que domingo é dia da família e se é para trabalharem de graça então fizeram bem agraciarem os seus com a sua presença!

EXTREMA SEGURANÇA

Então... por que raio se lembraram de dificultar a vida aos adeptos desta vez?

Aquele local é bastante bom para ver as corridas. Pode-se estar sentado no muro, e pouco diferente é da bancada, excepto que nesta última paga-se e tem uma maior lotação! E por coincidência (eu não acredito em coincidências mas que as há...) ao lado do muro está uma bancada! Que passou o fim-de-semana praticamente vazia! Será que esta medida era para obrigar os adeptos a irem para as bancadas rentabilizar o investimento feito na organização deste evento? Se foi esta a ideia foi um fracasso! Quem não viu dali as corridas procurou outros lugares ao longo do circuito, não foi para as bancadas. Ou simplesmente foi para casa!

Não nos esqueçamos que ter as rotundas do Castelo do Queijo e da Anémona, parte da Avenida da Boavista, da Rua da Vilarinha e da Circunvalação fechadas ao trânsito durante seis dias causa um transtorno imenso a uma cidade como o Porto! Nem que oferecessem bilhetes para todos os dias das corridas aos prejudicados estes ficariam a ganhar! E no fundo quem é que acaba por pagar estes eventos?

A segurança é importante, é indiscutível! Mas é importante para todos e todos os dias e naquele local as hipóteses de alguém ficar ferido em caso de acidente durante as corridas são praticamente nulas! Para que o Mundo visse um Porto cheio de gente entusiasta do desporto automóvel, durante as transmissões televisivas do WTCC, não havia falta de segurança naquele local! Quando há provas que só passam nos canais portugueses, e naqueles com menores audiências, a moldura humana deixa de ser relevante, quer-me parecer.

Quando estão quatro agentes da Polícia de Segurança Pública, de graça ou não, a controlar poucas dezenas de pessoas que se sentam num muro com certeza que muitos mais agentes seriam necessários pelo país em várias situações de efectiva falta de segurança! Quatro! Não chegavam dois? Um?

Quantos polícias estariam a garantir a segurança de vários bairros problemáticos da cidade, por exemplo, durante todas aquelas horas? Quatro por cada muro de cada bairro?

PARA TUDO HÁ SOLUÇÃO!

Se querem público nas bancadas porque não tentam baixar os preços?
Se a segurança é tão importante e querem público nas bancadas porque não constroem um autódromo no Porto?
Se dá prejuízo vale a pena continuar com as corridas na Boavista?
Se os portuenses têm de pagar para ver as corridas da Boavista porque terão de se sujeitar aos transtornos que a organização deste evento causa? Não chega pagar impostos?

Eu tenho a solução! Subam a esta montanha de ideias pois cá não se paga por ter opinião! We are high on the mountain, not just another brick in the wall!

1 comentário:

  1. Este Mundo já não é o mesmo que nos viu nascer!
    Há quem queira ir prá ilha mas eu vou é prá montanha.

    El Capitan

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