domingo, 22 de agosto de 2010

POEMA 94

ÓPIO

Já passei nas trompas de Falópio
Já fui um espermatozóide e um ovo
Já vivi e passei muito logo não sou novo
Já cheguei a ser visível só ao microscópio

Agora olho-me por um telescópio
Estou acima de todo este povo
Sou um astro que não causa estorvo
Pois podem inibir-me pelo ópio

Duma célula tornei-me um asteróide
Uma grandeza que não tinha esperado
Ajudem-me, dêem-me um ópio alcalóide

A minha dimensão deixou-me mesmo tolo
Só sobrevivo se o tiver inalado
Sobre mim só o ópio tem controlo

(13/4/2005)

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