terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dois camaleões aos linguados ou, por outras palavras, como morrer por amor deixando-se mutuamente pendurados

Era uma vez um camaleão.
Gostava de uma camaleoa.
Ele actuava à campeão,
ela como se fosse boa,
mas ambos eram asquerosos
e acima de tudo babosos.
E aquelas línguas viscosas?!
E compridas e venenosas!
Ah, e colam nos insectos,
os aperitivos predilectos!
Que horror! Vi, é esquisito,
agoniante e nada bonito,
distantes e tão colados:
dois camaleões aos linguados!
Ao longe, pois quem os suporta?
Mas para o amor quem se corta?!
E as línguas, desenroladas,
ficaram uma na outra coladas!
E eles bem que se debatiam
mas após umas horas desistiam
não sem luta, não sem dor;
não é assim mesmo o amor?!
Então que resta? Morte lenta?
Nem um coração reptiliano aguenta!
Disseram, pelo olhar, "como te amo",
e cada um do seu lado no ramo
atirou-se com força igual;
enrolaram-se na corda lingual
e só com uma chance, sem errar,
giraram até se poderem agarrar
e fundiram-se no mesmo vermelho
e nenhum deles morreu de velho,
só de fome e tão bem agarrados,
originalmente para sempre pendurados.

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