sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O isqueiro branco...

Nem sempre o conforto do lar nos deixa menos tristes;
se não te posso abraçar, para quê saber que existes?
Acende uma vela e reza para que não se repita;
a melhor religião é aquela em que se acredita...
Toma, guarda este isqueiro que tiro do bolso, branco,
já não me faz falta e usa quando estiveres de banco,
não se sabe quando precisamos de atear o fogo
assim como não se mudam as regras a meio do jogo
e como não se sabe quando temos de ir em viagem
para um destino distante e com pouca bagagem...

Por mais que tentes, as lentes amplificam a luz,
que emana dos corpos que deixam o peso da cruz
que sempre carregaram desde o sagrado baptismo,
turvam a visão, que ironia, e o meu cepticismo...
Foi verdade, foi mentira, parece fantasia,
uns dias erva, outros quatro paredes, outros maresia,
todos eles uma companhia e momentos de paz,
o que uma cara bonita, jovem e imatura faz,
há cheiro, há cor, rosa e baunilha e coco em perfume,
pega nesses voláteis, no isqueiro e chega-lhes lume!

Arde... Arde... Arde... E faz-se tarde para o resto da nossa vida...
Siga! Em frente! Contente cantando no meio da gente!
Falso, tudo falso, siga em frente, amanhã futuro!
Dei-te o meu isqueiro branco e agora estou no escuro...
Não preciso mais dele porque tu é que me escapaste,
não há luz acesa pois a tua hoje mesmo a apagaste,
há esperança... Num raio de Sol... Mas nem há Lua...
Há a realidade e essa é descolorida, crua,
estéril... e contigo chegou a ser tão bela...
Guarda o meu isqueiro para um dia me acenderes uma vela...

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