sexta-feira, 1 de junho de 2012

Pulverulento como o que não bebo nem como

Fogos, a arder,
vais ver
e cheirar
o cheiro
a carne assada...
Dói!
E ninguém quer saber...

Árvores, a cair,
vais ver
e sentir
a sensação
de morte vegetal...
Dói!
E ninguém vai ouvir...

Lixo, à porta, do quarto,
onde me deito,
ocasionalmente,
onde durmo,
raramente,
e onde me esqueço
de esvaziar,
devagar,
a caixa de areia
do meu gato...

Coitado, não sei cuidar dele...
Como posso eu cuidar de mim?
Não sei cuidar dele,
como posso cuidar de mim?
Nem sei cuidar de mim,
como posso cuidar dele?

Esqueci-me de comer
os restos que havera guardado
no frigorífico
que está ferrugento
e cheio de podridão:
o que fazer com a comida que me dão?
Eu não gosto de tudo.
Eu não gosto de tudo.
Eu não gosto de tudo.
Nem tenho fome...

A garrafa está a olhar para mim,
a garrafa olha por mim,
a garrafa não está bem assim,
vou ter de a abrir e despejar
o conteúdo da minha mente
num copo alto em balão.

É branco, mas não é leite,
é espesso, mas não é isso,
é pulverulento...
Pulverulento...
Pulverulento...

Não sei o que dizer mas tento...

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