sexta-feira, 15 de junho de 2012

É isso e nada mais!

Não detestas isto? Este silêncio... esta calma. Vejo no teu olhar que detestas, não me tentes enganar. Estás a enganar-me? Não o tentes sequer. Não me consegues enganar portanto nem vale a pena tentares. Pára, já disse!

Há dias vi um miúdo a pedir dinheiro na rua. Estava a chover. Ele estava de sandálias, com os pés molhados e eu disse que lhe daria uma moeda depois de ir jogar no Euromilhões. Que podia fazer, tinha uma nota, não lhe ia dar uma nota! Joguei 2 euros, recebi 8 de troco, uma nota de 5, uma moeda de 2 e uma moeda de 1 euro que lhe dei após talvez uns 3 minutos. E ele esteve na rua uns três minutos com os pés molhados à espera de 1 euro. Podia ter-lhe dado a nota mas se me sair o Euromilhões vou ajudar muitos miúdos porque agora não posso fazê-lo. Poderia até mas nunca se sabe o futuro, também tenho de acautelar o meu futuro. Dei-lhe um euro, é bastante! São 200 escudos na moeda antiga! Com 200 escudos comprava-se muitos mais do que agora se compra com 1 euro, é verdade, mas não deixa de ser 1 euro. Eu tive de trabalhar para ter aquele euro, não percebo por que me censuras! Se o miúdo não tem culpa eu muito menos ou achas que ando a promover a pobreza?! Eu sei lá se era pobre, era um miúdo magro com sandálias velhas a pedir dinheiro num dia de chuva; é garantia de que é pobre? De que necessita de dinheiro? Não! Pode ser pobre, pode não ser... Espero que seja pobre porque assim pode fazer bom uso do dinheiro. Espero... E se não fosse pobre para que precisaria de pedir dinheiro?! Se não lhe devia ter dado de comer? E os pais? Cala-te, aborreces-me com tanta censura! Queres lá ver que agora sou a Madre Teresa de Calcutá? Se não estás contente dedica-te ao missionarismo, deixa-me viver a minha vida como quero!

Pediram-me para lhes pintar uns quadros. Eu vi logo que iam abusar. Uma pessoa não pode dizer nada, não se pode dar um mínimo a saber, que querem logo algo de nós. Se eu dissesse que sabia cozinhar pediam-me que cozinhasse. Se eu dissesse que sabia isto e aquilo pediam isto e aquilo: não pode ser! E para mais, vê lá a lata, nem sequer falaram em dinheiro! Só me pediram para pintar um quadro. Se me pagavam o que lhes pedisse?! Nunca vou saber, disse logo que não. Tenho mais o que fazer. Querem quadros pintem-nos! Comprem-nos! Quero lá saber! Uma questão de valorização da minha pessoa?! Ah ah ah, deixa-me rir. Querem é aproveitar-se de mim! Que ingenuidade a tua. Eu nem sei por que continuo a falar contigo. E pára de olhar para mim dessa maneira. Sim, dessa maneira; estás a olhar?! Olha para outro lado. Baixa os olhos quando te falo, respeita-me!

Então estava eu a sair do cinema e vem um tipo qualquer ter comigo e pergunta-me pelo meu irmão. Eu nunca o tinha visto mais gordo e disse-lhe que o meu irmão tinha morrido há um mês! Ah ah ah! E nem desconfiou, nem perguntou nada, apressou-se a apresentar-me os seus sentimentos e a falar muito bem do meu "irmão". Que cromo. Eu vi que estava mesmo a sentir o que dizia mas eu continuei a minha performance! Que lata, confundir-me com alguém! E estás a dizer-me que não o devia ter feito?! Então vou eu na minha vida e um sujeito desconhecido aborda-me a perguntar pelo meu irmão. E eu inventei logo que tinha morrido, para ver se me deixava em paz, mas não, que azar!, teve o efeito contrário! Sem dúvida, devia ter dito toda a verdade, tens toda a razão, para ver se aquele cromo me desamparava a loja mais rapidamente. Tu és doente, é o que é, então agora a culpa é minha que as pessoas vejam mal!? Sim, devia ver mal, eu sei lá quem era o tipo! Não interessa, lá continuou a falar sobre a pessoa fantástica que é o meu irmão que tinha acabado de saber que existe, e eu já a fartar-me daquilo, e eu, com a minha simpatia, vê lá que ainda tive essa consideração, disse-lhe simplesmente que o meu irmão me tinha dito que o detestava e que escusava de estar com aquelas hipocrisias! Mudou logo a fronha! Parece que ficou chateado e desapareceu logo! Assunto encerrado! Um dia ainda me corre mal? Como assim? Então mas estás contra mim ou quê? Levava logo dois socos no focinho se me tentasse tocar! Compre uns óculos ou que deixe de beber. Que me deixe é a mim em paz. Irmão agora...

Contei ao sócio do meu primo umas verdades sobre o meu primo porque só não as vê quem não quer. Olha, ficou chateado! Achas isto normal!? Então ainda estava a avisá-lo para ter cuidado e fica contra mim?! Eu tenho uma sorte... Que se matem um ao outro, eu lá estarei no funeral a assobiar para o lado para tentar não me rir! Acabava-se já o problema. Eu sou radical? Radical é ele! Devia ouvir e calar! E tu cala-te, estás sempre contra mim! Cala-te, já disse! Cala-te!

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